Cordão da Bola Preta atrai até dinamarqueses para o Rio
Pela primeira vez no Brasil, três amigos conhecem as delícias e as mazelas de se juntar aos 2,5 milhões de foliões do tradicional bloco
Da Redação
Publicado em 18 de fevereiro de 2012 às 16h50.
São Paulo - Pouco antes das 10h deste sábado, o Cordão da Bola Preta pedia licença ao som de Ô, Abre Alas para tomar a Avenida Rio Branco, no centro do Rio de Janeiro. O bloco mais tradicional do Carnaval carioca – são 94 anos de desfile – inverteu seu trajeto neste ano, partindo da Candelária rumo à Cinelândia no embalo das marchinhas mais famosas, além, é claro, da sua tradicional: "Quem não chora não mama / Segura, meu bem, a chupeta / Lugar quente é na cama / Ou então no Bola Preta." Cerca de três horas após a saída dos cinco carros de som, a organização do bloco estimava ter atraído mais de 2,5 milhões de pessoas.
Dentre essa multidão, três rapazes loiros, na faixa dos 20 anos, tomavam cerveja e sorriam, sem conseguir mexer o corpo no ritmo que se ouvia. Um deles vestia calça comprida sob um calor de mais de 30°C, denunciando de vez que não se tratavam de brasileiros. A camisa da seleção argentina até chegou a enganar, mas eles são dinamarqueses. Nikolaj Brammer, Nicolaj Grumsen e Michael Nim desembarcaram pela primeira vez no Brasil há três dias, direto para o Carnaval do Rio. Já tinham ouvido falar do Bola Preta e decidiram conhecer. "Não tem nada parecido com isso no meu país", diz Brammer, admirado.
Ainda na concentração, o trio arriscou uns poucos passos de samba – ao melhor estilo gringo, meio descoordenado. Quando o bloco começou a sair, eles se assustaram, ao perceber que eram praticamente carregados pela multidão. Pouco mais de meia hora depois do início da folia, um desencontro e uma surpresa nada agradável: "Perdi meu amigo (Grumsen). E roubaram minha carteira", conta Brammer. "Estava no meu bolso. Alguém puxou e foi embora."
Calor e garotas - Sem desfazer o sorriso, porém, Brammer segue ao lado de Nim, dessa vez acompanhando a passagem do bloco pelas ruas laterais, onde o movimento também é grande, mas bem mais tranquilo. De lá, admiram suas preferências brasileiras: o calor e as garotas. “As dinamarquesas também são bonitas, mas as brasileiras são diferentes. Principalmente na cor do cabelo e nos biquínis”, compara o mais falante dos rapazes, que fez sucesso entre turistas e cariocas que paravam só para pedir uma foto e arriscar uma comunicação que alternava entre poucas palavras em inglês e muitos gestos.
Nim quis saber, enfim, quantas pessoas formavam aquele mar de gente a se perder de vista. Ao ouvir que o número passou de 2 milhões no ano passado, exclamou: "É metade de população da Dinamarca (que tem, na verdade, 5,5 milhões de habitantes)". Instado a definir o significado daquela festa em uma única palavra, emendou de imediato: "Insano!" Depois, soltou uma gargalhada e seguiu, com Brammer, à procura do amigo perdido.
São Paulo - Pouco antes das 10h deste sábado, o Cordão da Bola Preta pedia licença ao som de Ô, Abre Alas para tomar a Avenida Rio Branco, no centro do Rio de Janeiro. O bloco mais tradicional do Carnaval carioca – são 94 anos de desfile – inverteu seu trajeto neste ano, partindo da Candelária rumo à Cinelândia no embalo das marchinhas mais famosas, além, é claro, da sua tradicional: "Quem não chora não mama / Segura, meu bem, a chupeta / Lugar quente é na cama / Ou então no Bola Preta." Cerca de três horas após a saída dos cinco carros de som, a organização do bloco estimava ter atraído mais de 2,5 milhões de pessoas.
Dentre essa multidão, três rapazes loiros, na faixa dos 20 anos, tomavam cerveja e sorriam, sem conseguir mexer o corpo no ritmo que se ouvia. Um deles vestia calça comprida sob um calor de mais de 30°C, denunciando de vez que não se tratavam de brasileiros. A camisa da seleção argentina até chegou a enganar, mas eles são dinamarqueses. Nikolaj Brammer, Nicolaj Grumsen e Michael Nim desembarcaram pela primeira vez no Brasil há três dias, direto para o Carnaval do Rio. Já tinham ouvido falar do Bola Preta e decidiram conhecer. "Não tem nada parecido com isso no meu país", diz Brammer, admirado.
Ainda na concentração, o trio arriscou uns poucos passos de samba – ao melhor estilo gringo, meio descoordenado. Quando o bloco começou a sair, eles se assustaram, ao perceber que eram praticamente carregados pela multidão. Pouco mais de meia hora depois do início da folia, um desencontro e uma surpresa nada agradável: "Perdi meu amigo (Grumsen). E roubaram minha carteira", conta Brammer. "Estava no meu bolso. Alguém puxou e foi embora."
Calor e garotas - Sem desfazer o sorriso, porém, Brammer segue ao lado de Nim, dessa vez acompanhando a passagem do bloco pelas ruas laterais, onde o movimento também é grande, mas bem mais tranquilo. De lá, admiram suas preferências brasileiras: o calor e as garotas. “As dinamarquesas também são bonitas, mas as brasileiras são diferentes. Principalmente na cor do cabelo e nos biquínis”, compara o mais falante dos rapazes, que fez sucesso entre turistas e cariocas que paravam só para pedir uma foto e arriscar uma comunicação que alternava entre poucas palavras em inglês e muitos gestos.
Nim quis saber, enfim, quantas pessoas formavam aquele mar de gente a se perder de vista. Ao ouvir que o número passou de 2 milhões no ano passado, exclamou: "É metade de população da Dinamarca (que tem, na verdade, 5,5 milhões de habitantes)". Instado a definir o significado daquela festa em uma única palavra, emendou de imediato: "Insano!" Depois, soltou uma gargalhada e seguiu, com Brammer, à procura do amigo perdido.