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Cópia do testamento de Napoleão vai a leilão

Exilado em Santa Helena, Napoleão Bonaparte projetou uma estratégia para enganar os ingleses e mandar à França o seu testamento, do qual uma cópia será leiloada

Documento com assinatura de Napoleão Bonaparte: preço estimado dos documentos é de entre 80 mil e 120 mil euros (R$ 223 mil e 357 mil) (Getty Images)

Documento com assinatura de Napoleão Bonaparte: preço estimado dos documentos é de entre 80 mil e 120 mil euros (R$ 223 mil e 357 mil) (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2013 às 08h47.

Paris - Exilado em Santa Helena, Napoleão Bonaparte viu a morte se aproximar e projetou uma estratégia para enganar os ingleses e mandar à França o seu testamento, do qual uma cópia será leiloada ainda este ano em Paris.

Suspeitando que os ingleses pudessem roubar o texto onde contava quais eram suas últimas vontades, o imperador pediu para um de seus fiéis tenentes, o conde de Montholon, fazer uma cópia do mesmo. Por não ser escrito pelo próprio Napoleão, o texto passou despercebido pelos guardas.

A casa de leilões Drouot colocará à venda no dia 6 de novembro dois dos documentos redigidos por Montholon, ditados por Napoleão, considerados como "corpo testamentário" do imperador e que são os únicos que não estão em posse dos Arquivos Nacionais franceses. O preço estimado dos documentos é de entre 80 mil e 120 mil euros (R$ 223 mil e 357 mil).

"O testamento de Napoleão é grande: o escreveu e foi aumentando a lista ao longo de seus últimos meses de vida. Estes dois documentos fazem parte do mesmo e são importantes para entender como a última vontade de Napoleão chegou à França depois de sua morte", explicou à Agência Efe o responsável pela venda, Christophe Castandet.

Como suspeitava Napoleão, os ingleses apreenderam o testamento original, guardado nos arquivos britânicos.

Mas na França se tomou conhecimento rapidamente do seu conteúdo graças às cópias efetuadas pelo braço direito do imperador. Em particular, sua vontade de ser enterrado em solo francês.

"Desejo que minhas cinzas repousem nas margens do Sena, no meio desse povo francês a quem tanto amei", redigiu o imperador poucos dias antes de seu falecimento no dia 5 de maio de 1821.

Repartiu os bens que tinha em Santa Helena entre seus fiéis, para evitar que fossem confiscados pelos ingleses, e deixou suas posses nas mãos de sua família, de seu filho e de sua "muito querida e boa mãe", segundo a expressão empregada pelo imperador.


A Fundação Napoleão, dedicada ao cuidado da memória do imperador, considera que o documento é "excepcional", embora "não seja seu testamento".

"É uma cópia de trabalho de um documento original", afirmou à Agência Efe a porta-voz do organismo, Chantal Prévot, que considera, no entanto, "que pode contribuir para conhecer antes as últimas vontades do imperador".

A Fundação acredita que o testamento de Napoleão "está bem conservado nos Arquivos Nacionais". Trata-se de um original, escrito com a letra do imperador e assinado pelo próprio.

É o único documento com base jurídica que contêm as últimas vontades de Napoleão, segundo a Fundação. "O resto são cópias", disse, assegurando que há outra cópia escrita por Montholon e assinada pelo imperador.

Napoleão começou a pensar na redação de seu testamento no Bellérophon, o barco que o levava a Santa Helena, depois de ter sido derrotado em 1815 na batalha de Waterloo pelos ingleses.

Os historiadores consideram que em 1819 escreveu uma primeira cópia de seu testamento, que não foi encontrada, por isso o único original existente é o que foi enviado a Londres.

A França teve que esperar até meados do século 19 para recuperar esse texto. Conseguiu-o pela insistência do filho ilegítimo do imperador, Alexandre Colonna Walewski, então embaixador da França em Londres e que intercedeu para que Napoleão III pedisse o texto à rainha Victoria.

O documento chegou a Paris no dia 16 de março de 1853, 13 anos depois que Luis Felipe de Orleans ordenou o enterro das cinzas de Napoleão na Capela dos Inválidos, a dois passos do Sena, em pleno centro da capital do país que governou.

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