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Copa do Mundo: Médico da seleção russa admite uso de amônia por jogadores

Substância gera benefícios físicos, pois estimula a respiração e melhora o fluxo de oxigênio no sangue, mas não está na lista do comitê antidoping da Fifa

Jogador Denis Cheryshev: médico explicou que a substância não é utilizada apenas no esporte (Carl Recine/Reuters)

Jogador Denis Cheryshev: médico explicou que a substância não é utilizada apenas no esporte (Carl Recine/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de julho de 2018 às 18h21.

Moscou - O médico da seleção da Rússia, Eduard Bezuglov, confirmou nesta segunda-feira (09) que os jogadores da equipe inalaram amônia antes das partidas contra Espanha, nas oitavas de final da Copa do Mundo, e Croácia, nas quartas. A substância gera benefícios físicos, pois estimula a respiração e melhora o fluxo de oxigênio no sangue, mas não está na lista do comitê antidoping da Fifa.

"Trata-se, simplesmente, de um amoníaco que você impregna em pedaço de algodão e depois inala. Milhares de atletas fazem isso para ganharem ânimo. Usa-se isso há décadas", afirmou Eduard Bezuglov à imprensa russa. O médico explicou que a substância não é utilizada apenas no esporte, mas também no dia a dia das pessoas. Por exemplo, quando alguém perde consciência ou se sente frágil.

O jornal alemão Suddeutsche Zeitung foi um dos primeiros a apontar o uso da amônia pelos atletas da equipe anfitriã do Mundial, que alcançou a sua melhor colocação na história da competição ao disputar as quartas de final e terminar na oitava posição, à frente de gigantes como Espanha (10.ª), Portugal (13.ª), Argentina (16.ª) e Alemanha (22.ª).

Segundo a publicação, a Federação Russa de Futebol admitiu o uso do produto pelos jogadores na partida diante dos espanhóis, mas "agiu como se isso fosse tão normal quanto usar xampu durante o banho".

Já o Bild, outro jornal alemão, flagrou alguns russos esfregando o nariz durante o jogo contra a Croácia, o que indicaria o uso habitual da substância pelos atletas.

A situação é mais uma polêmica que envolve a Rússia no quesito doping. Em outros esportes, como a natação e o atletismo, já foi comprovada a utilização sistêmica de substâncias proibidas para aumentar o rendimento dos competidores, inclusive com anuência do governo russo.

Recentemente, Richard Pound, ex-presidente da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), vice-presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI) e decano do movimento olímpico, afirmou que não havia garantias de que a seleção da Rússia que disputou a Copa do Mundo estivesse "limpo", principalmente pelo comportamento das autoridades do país diante dos escândalos de doping.

No dia 29 de junho, logo após o encerramento da primeira fase do Mundial, a Fifa divulgou que havia sido feitos 2,7 mil testes de doping na competição e nenhum caso positivo foi detectado. Todos os atletas passaram por exames ao menos uma vez, informara a entidade.

Dias antes, o jornal inglês The Mail on Sunday revelou que a Fifa sabia e abafou casos de doping na elite do futebol russo, anteriores ao período do torneio. As revelações tiveram como base investigações realizadas pela Wada.

Entre os implicados no episódio estaria o zagueiro Ruslan Kambolov, que foi convocado em algumas partidas antes da Copa do Mundo, mas foi preterido no último momento por conta de uma lesão muscular, segundo justificativa oficial da federação russa.

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