Comunidade brasileira na Colômbia fará torcida pelo Brasil na casa do adversário (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 4 de julho de 2014 às 13h12.
Bogotá - A comunidade brasileira na Colômbia enfrenta hoje (4) a difícil situação de torcer pelo Brasil na casa do adversário. O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia tem 1.880 brasileiros registrados como residentes no país. A embaixada brasileira em Bogotá acredita que o número possa ser maior, porque o último levantamento é de setembro do ano passado, e há muitos brasileiros chegando ao país. Mesmo assim, são poucos se comparados aos 45 milhões de colombianos.
A partida será um momento tenso para os brasileiros que vivem o cotidiano de famílias colombianas, como a fótografa brasileira, Kennia Ferreira, 32 anos. Ela é casada com o colombiano Miguel Castellanos, 35 anos, engenheiro de sistemas, que a conheceu no Brasil depois de viver três anos no Rio de Janeiro e em Goiânia. Em Bogotá há três anos, a fotógrafa diz que sempre torce pela Colômbia, mas que agora não dá. "Agora é Brasil! Não tem jeito", disse à Agência Brasil.
Miguel está confiante no resultado, e avalia que a seleção colombiana chegou bem longe, com uma equipe estruturada. "Não temos obrigação de ganhar. Não temos pressão sobre nós como a seleção brasileira", analisa. Ao lado do esposo confiante, e inserida em um país fascinado pelo desempenho inédito da seleção em Copas do Mundo, Kennia diz que está com medo. "Imagina se a Colômbia ganha? Vão pegar no meu pé nos próximos quatro anos", diz.
Do mesmo modo que a esposa, Miguel diz que sempre torceu pelo Brasil e que a seleção brasileira é como um segundo time para ele. "Mas não é a mesma coisa. A gente torce, gosta, mas não sofre como sofremos pelo time da gente. Não é um sentimento de pátria", explica. O casal têm um acordo de não criticar o país do outro e não fazer piadas. Com medo de que o Brasil perca, a fotógrafa diz para o esposo: "Você vai me defender das piadas, não é? Não vai curtir com minha cara, não é?"
Situação semelhante vive a gaúcha Daiane Sachett, 33 anos, professora de português em uma universidade. Casada com o publicitário colombiano Mauricio Obregón, 30 anos, Daiane mora em Bogotá. Conta que nunca ficou tão nervosa para um jogo como para este. "Nunca dei bola para o futebol, mas estou muito ligada nesta Copa do Mundo. Acho que por vários aspectos: porque sou brasileira, porque estou no exterior e porque estou em um país que está respirando futebol, depois de 16 anos fora da Copa", disse.
A euforia da classificação para as oitavas de final mudou a rotina da população. A lei seca - adotada em outras partidas - voltou a ser decretada em pelo menos oito cidades. Além disso, os colombianos foram liberados do trabalho na tarde de hoje.
Com a restrição de venda de bebidas, muita gente "enforcou a manhã", e Bogotá registrou grandes congestionamentos de trânsito, com pessoas que resolveram deixar a capital para assistir ao jogo em fazendas, povoados no interior ou clubes fora da cidade. O professor de matemática Carlos Ramirez vai com a família para Girardot, uma cidade balneário de clima mais quente do que a capital - localizada a quatro horas de Bogotá. "Eu vou sair da cidade e veja como está isso, deste jeito vou chegar lá umas três da tarde", disse à Agência Brasil, no começo da manhã de hoje, enquanto estava parado em um congestionamento.
A prefeitura de Bogotá proibiu a venda de farinha de trigo. A população tem o costume de celebrar as partidas jogando espuma e farinha sobre outras pessoas, até em quem não está participando da festa. Em algumas partidas, torcedores bloquearam avenidas para jogar farinha nas pessoas. Foram registradas mais de 3,3 mil brigas e 17 mortes depois dos quatro jogos disputados pela seleção colombiana.