NEW YORK, NEW YORK - MAY 13: Roger Federer attends "Federer: Twelve Final Days" Prime Video Special Screening at The Whitby Hotel on May 13, 2024 in New York City. (Photo by Kevin Mazur/Getty Images for Prime Video) (Kevin Mazur/Getty Images for Prime Video/Getty Images)
Editor de Casual e Especiais
Publicado em 16 de junho de 2024 às 11h03.
Última atualização em 17 de junho de 2024 às 08h53.
O tenista suíço Roger Federer não poderia ter escolhido melhor lugar para anunciar sua aposentadoria. A despedida das quadras aconteceu na Laver Cup, um torneio de exibição itinerante, que em 2022 foi realizado em Londres, na Inglaterra.
Por lá, Federer venceu Wimbledon em oito ocasiões. É o maior vencedor de todos os tempos do torneio na categoria simples masculino. Se o espanhol Rafael Nadal é o rei do saibro de Roland Garros, Federer tem a supremacia sobre a grama do All England Lawn Tennis and Croquet Club.
O tenista suíço voltou para a capital inglesa para fazer de sua despedida uma grande celebração à era de ouro do tênis. Nas últimas duas décadas, os grandes torneios da categoria masculina foram divididos três tenistas, detentores de todos os recordes: Federer, Nadal e o sérvio Novak Djokovic.
Os momentos finais de Federer e quadra estão retratados no primoroso documentário “Federer: os Doze Últimos Dias”, da Prime Video, com estreia marcada para 20 de junho. O filme traz depoimentos tocantes de Federer e cenas de emoção em estado bruto
A Laver Cup e os eventos em torno ao campeonato foram uma comemoração entre grandes rivais nas quadras, que estão mais para fãs do que adversários. Eles estavam juntos para celebrar a despedida do maior deles – e de certa forma para antecipar as suas próprias e iminentes retiradas do cenário.
A sensação ao longo do filme é a de uma despedida coletiva, mesmo que na época Nadal e Djokovic ainda estivessem em plena forma. Ambos comentam sobre sua aposentadoria próxima, mas ainda como algo distante. O fato é que somente Federer seria capaz de reunir seus adversários históricos nessa grande homenagem.
Federer e Nadal são amigos fora das quadras. Vídeos na internet viralizaram com os dois rindo em gravações de campanhas. Recentemente eles gravaram um comercial da Louis Vuitton. Nos discursos de Federer que aparecem no documentário, o espanhol é o mais emocionado.
Com Djokovic, a relação é mais distante, mas de respeito. Federer fala no filme que sua primeira impressão, ao jogarem pela primeira vez, em 2006, é a de que “ele era ok”. Ainda não tinha os golpes que viria a apresentar depois e nem “a personalidade forte, a vontade de ganhar a qualquer custo”. Federer admite que não deu a ele o valor que merecia.
Entre Nadal e Djokovic, a relação é fria, uma rivalidade à moda antiga. Sem espaço para maiores elogios, demonstrações de afeto. Já Federer é apontado por todos como referência, ídolo, modelo.
Para John McEnroe, Roger Federer “é o tenista que joga mais bonito que eu já vi”. Muitos concordam. A esquerda com uma mão, algo raro hoje no circuito, parece feita em computador de tão perfeita.
McEnroe venceu três vezes Wimbledon. Na Laver Cup, ele foi o técnico da equipe Mundo. Do outro lado estava a equipe Europa, que reuniu Federer, Nadal e Djokovic, além do britânico Andy Murray, um exímio tenista que teve o azar de ser contemporâneo dos Big Three.
Todo ídolo tem um ídolo. O técnico da equipe Europa foi o sueco Bjorn Borg, esse sim o grande exemplo para Federer. Os dois têm estilo semelhante em quadra, com golpes limpos, muita versatilidade, elegância no trato com a bolinha e com as pessoas.
Federer conta no documentário que recebeu um telefonema de Borg ao vencer Pete Sampras nas oitavas de final de Wimbledon, em 2001. O suíço, então um desconhecido, impediu que o americano vencesse seis títulos do torneio inglês na sequência e desbancasse o recorde de Borg.
“Eu respondi a ele: ‘obrigado, mas eu fiz isso por mim, não por você. E ele me disse: ‘obrigado mesmo assim’”, lembra Federer no documentário.
O filme da Prime Video mostra muitas cenas de vitórias históricas de Federer. Mas curiosamente o ápice do documentário, o jogo de duplas com Federer e Nadal, termina em derrota para o time da Europa.
Federer é apontado como exemplo por todos os rivais e detém alguns recordes. Na carreira, venceu 1251 partidas e 103 títulos. Nadal tem 1075 vitórias e 92 títulos. E Djokovic tem 1105 vitórias e 98 títulos.
Mas, curiosamente, tem o pior retrospecto em confrontos diretos entre os Big Three. Federer venceu 16 partidas e perdeu 24 contra Nadal. Contra Djokovic, foram 23 vitórias e 27 derrotas. Como em todas as modalidades esportivas, no tênis existem os números e existem as histórias, as estatísticas e as crônicas, os recordes e as epopeias. Como Federer será lembrado no futuro ainda é uma incógnita. Por ora, é o maior de todos os tempos.