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Como mudanças simples no rótulo dos alimentos podem combater a obesidade

Todos os países deveriam considerar a exigência de rótulos claros na parte frontal da embalagem de alimentos

 (alexskopje/Thinkstock)

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Daniela Barbosa

Daniela Barbosa

Publicado em 17 de julho de 2018 às 14h54.

Nenhum país, rico ou pobre, é imune ao rápido aumento do excesso de peso e da obesidade entre adultos e crianças. Mas alguns deles estão descobrindo que podem combater essa tendência perigosa garantindo que seus cidadãos obtenham informações claras sobre os mantimentos que compram.

Os alimentos que as pessoas decidem consumir fazem a diferença na quantidade de peso que elas ganham - o que, por sua vez, pode influenciar a saúde a longo prazo. E suas escolhas são influenciadas pelos chamados ambientes alimentares onde os mantimentos são vendidos. As pessoas são facilmente atraídas pela embalagem efusiva de alimentos excessivamente processados que contêm um alto teor de açúcar, sal ou gordura. Mas, da mesma forma, elas podem ser direcionadas para opções mais saudáveis por meio de rótulos exigidos pelo governo que lhes informem claramente quais perigos podem estar escondidos dentro do pacote.

Para serem eficazes, esses rótulos precisam ser chamativos e instantaneamente legíveis. Nos EUA, os rótulos de conteúdo nutricional são obrigatórios nos alimentos embalados, mas apenas na parte de trás. E é necessário contar com certo grau de conhecimento sobre nutrição para compreender as gramas e porcentagens das quantidades diárias recomendadas que eles expõem.

Muito mais úteis são os proeminentes sinais de pare em preto e branco que o Chile estipulou recentemente para a parte frontal do pacote de alimentos embalados que contenham grandes quantidades de calorias, açúcar, sal ou gordura. O Chile também restringe a publicidade e a venda desses produtos nas escolas e na TV.

A França é o primeiro país da UE a exigir rótulos na parte frontal da embalagem, e não apenas para os alimentos que não são saudáveis. O país usa rótulos com um código de cores que caracteriza cinco níveis de qualidade nutricional, variando de verde (grau A) a vermelho (grau E).

Além de orientar os consumidores na hora de escolher os alimentos, esses rótulos também incentivam os fabricantes a elaborar produtos mais saudáveis. Evidências preliminares indicam que os rótulos com as cores do semáforo exigidos pelo Equador na parte frontal da embalagem, por exemplo, estimularam essa mudança. Mais de 20% das empresas de alimentos de grande e médio porte do Equador anunciaram a reformulação de pelo menos um produto que havia recebido o sinal vermelho.

Até mesmo o programa de rotulagem voluntária da Austrália, no qual os alimentos recebem de uma a cinco estrelas para indicar seu valor nutricional relativo, incentivou algumas empresas de alimentos e bebidas a melhorar suas ofertas.

Estudos verificaram que os rótulos codificados por cores são mais eficazes que os rótulos só com texto para orientar os consumidores na direção de alimentos saudáveis. E rótulos bem projetados afetam todos os compradores, independentemente de serem ricos ou pobres, altamente escolarizados ou não, mostram outras pesquisas.

Ainda são necessários indicadores mais abrangentes do grau em que os sistemas de rotulagem influenciam o comportamento da indústria alimentícia e em que medida levam a uma melhoria na saúde pública geral. Mas as evidências já sugerem que todos os países deveriam considerar a exigência de rótulos claros na parte frontal da embalagem de alimentos. Entre os muitos que já seguem por este caminho estão Suécia, Bélgica, Finlândia, Cingapura, Tailândia, Fiji e Ilhas Salomão.

Esta não é uma medida severa nem um uso excessivo da autoridade governamental. Fornecer aos consumidores as informações de que eles precisam para fazer escolhas alimentares que cuidam de sua saúde é um esforço que vale a pena.

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