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Com 130 galerias, edição online da SP-Arte começa dia 24

Por causa da pandemia do covid-19, a feira, que deveria ter sido aberta em abril, foi cancelada

SP-Arte: feira realiza, a partir de segunda-feira, dia 24, sua primeira edição virtual em 16 anos de existência (SP-ARTE/Divulgação)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de agosto de 2020 às 21h54.

Última atualização em 21 de agosto de 2020 às 21h55.

Seguindo o exemplo de grandes feiras de arte internacionais, como a Art Basel e Frieze, a SP-Arte realiza, a partir de segunda-feira, dia 24, sua primeira edição virtual em 16 anos de existência. Criada pela empresária Fernanda Feitosa, ela continua sob sua direção, abrigando agora em ambiente virtual 136 galerias, número ligeiramente menor que o registrado na edição física do ano passado (164 expositores). A feira poderá ser visitada no site www.sp-arte.com.

Por causa da pandemia do covid-19, a feira, que deveria ter sido aberta em abril, foi cancelada, provocando uma discussão entre associações que representam as galerias e a direção da SP-Arte pela devolução do dinheiro pago pelo aluguel dos espaços no pavilhão da Bienal. Segundo Fernanda Feitosa, um acordo foi firmado com algumas galerias e o valor será revertido para a feira de 2021.

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Se há menos galerias na edição virtual, que vai até o dia 30, a perda de alguns participantes foi compensada pela entrada de novos parceiros - aliás novíssimos, caso da HOA, galeria de arte paulistana fundada este ano pela artista Igi Lola Ayedun, dedicada à arte contemporânea latino-americana, que já usa a internet como ponto operacional.

Igualmente criada por artistas e tendo como curadores brasileiros e africanos, a 01.01 Platform promove artistas emergentes com o apoio de instituições do Reino Unido, Portugal e Gana. Tentando uma nova abordagem do mercado, ela propõe uma forma alternativa de colecionismo, que leve em conta a cultura produzida nos países da antiga rota comercial da escravidão.

Nessa sua incursão pelo que foi denominado "SP-Arte Viewing Room", a 01.01 Platform vai, por exemplo, colocar um jovem artista, o paulistano Moisés Patrício, de 36 anos, ao lado do veterano norte-americano Melvin Edwards, de 83 anos. Patrício, que combina fotografia, vídeo e performance em suas instalações, usa elementos da cultura afro em suas obras, assim como Edwards. Estreiam ainda na SP-Arte o coletivo de artistas Levante Nacional Trovoa e o recém-criado escritório de arte Projeto Vênus, do curador Ricardo Sardenberg.

"O momento, claro, é marcado por mudanças profundas no mercado, não só por causa da pandemia, e a SP-Arte quer participar ativamente do processo dessas mudanças, incentivando uma nova forma de ver a arte", diz Fernanda Feitosa, justificando a presença na programação da feira de aulas para democratizar o acesso à arte ao público fora desse circuito - uma delas vai ser uma "master class" sobre como formar uma coleção sem traços colonialistas.

Isso significa uma mudança de rota radical, longe da arte dos grandes mestres antigos, modernos e contemporâneos? Não exatamente. As galerias participantes são as mesmas e seus perfis continuam os mesmos. A diferença, segundo Fernanda Feitosa, é que a SP-Arte assume o papel de uma plataforma de fomento cultural num momento em que a cultura do país passa por uma grave crise de apoio institucional e governamental. Haverá debates online, palestras de artistas e obras na feira que fazem referência à situação dos negros e das mulheres no País, à violência e aos desastres ecológicos (em fotos de Araquém Alcântara e João Farkas, para ficar só em dois nomes).

Ao contrário do procedimento adotado em outras feiras internacionais, que tentam simular o modelo físico da exposição, a SP-Arte optou criar, por meio do Viewing Room, uma plataforma imersiva que contemple os mais variados tipos de visitantes - e não só colecionadores tradicionais. Assim, na página de cada galeria, o visitante poderá ver até 30 obras de um ou mais artistas, tanto emergentes como consagrados, algumas acompanhadas de descrições e contando com outros recursos (zoom vídeos etc.).

A tendência é que as obras com preços inferiores a R$ 50 mil tenham maior procura (no ano passado, apenas 3% das peças vendidas ultrapassaram R$ 1 milhão). "Não que nomes consagrados como Antonio Dias ou Mira Schendel tenham menor chances na versão online", adverte Fernanda. Como a edição virtual chega a colecionadores internacionais, num momento de dólar alto, a venda de mestres modernos e contemporâneos não deve ser afetada" acredita Fernanda Feitosa.

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