Piscina de ondas na Califórnia. (Tony Heff/World Surf League/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 14 de dezembro de 2022 às 11h43.
Última atualização em 14 de dezembro de 2022 às 13h48.
Além de se desfazer do Banco Alfa, as herdeiras de Aloysio Faria ex-dono do Banco Real, venderam a um fundo do BTG Pactual o enorme terreno na zona sul de São Paulo onde funcionava o Hotel Transamérica, que fechou as portas no início da pandemia de covid-19. Os planos agora são ambiciosos: o local vai receber um novo clube, que terá a primeira piscina com ondas da cidade, um sucesso nos empreendimentos de superluxo no País. O investimento previsto é de R$ 1,1 bilhão, com a projeção de, no futuro, faturar R$ 2 bilhões ao ano.
Batizado de Beyond The Club São Paulo, o projeto é capitaneado pela KSM, empresa de Oscar Segall, um dos fundadores da construtora Klabin Segall, vendida em 2009. Ele tem transformado a construção de praias artificiais em condomínios de luxo em um grande negócio - o primeiro projeto foi a Praia da Grama, em Itupeva, a 70 quilômetros de São Paulo.
"Há 80 anos não se lança um clube em São Paulo. E isso tinha de ocorrer em uma área bem localizada, com alto poder aquisitivo", afirmou Segall ao Estadão.
Os primeiros títulos começaram a ser vendidos há duas semanas e a procura tem superado as expectativas. Até agora, foram 450 títulos, 200 para os chamados fundadores e outros 250 para o público em geral. A unidade saiu por R$ 630 mil. No total serão 3 mil títulos, com o preço subindo para quem deixar para depois.
Um dos desafios foi encontrar um local em São Paulo para abrigar a obra, mas um dos sócios da KSM, Raul Amorim de Souza, conhecia a família Faria. "Após a morte de Aloysio Faria, a família está passando por um processo de separação dos ativos e de reorganização patrimonial. Ter o hotel não fazia mais sentido", afirmou Segall.
Como apenas o espaço do Transamérica não seria suficiente para abrigar o clube, também foi adquirido um terreno ao lado, totalizando 120 mil m². Já o Teatro Alfa, que também era da família Faria, foi vendido à gestora do BTG e fará parte do complexo do clube, com a diferença de que ele continuará aberto ao público em geral.
Em razão das reformas, o teatro fechará temporariamente as portas no fim deste ano, mas reabrirá "o mais rápido possível", disse Segall. A ideia, afirmou ele, é de que o teatro também funcione como uma fonte de receitas extras para a associação do clube.
Além da praia artificial, a grande aposta para dar tração às vendas, o clube quer trazer outros diferenciais em relação aos concorrentes em São Paulo. Além das quadras e do popular beach tennis, o empreendimento vai ter um espaço para e-sports e simuladores incluindo de esqui e Fórmula 1, além de coworking. Em parte do antigo Hotel Transamérica funcionará uma área para a estadia dos sócios do clube, que poderão se hospedar no local e trazer convidados.
Com a procura, a KSM quer levar o conceito do Beyond The Club para outras regiões, inclusive fora do Brasil. No plano estratégico já estão Miami (EUA), Madri (Espanha), Dubai (Emirados Árabes Unidos) e Uruguai.
Conforme Segall, construir uma praia artificial ainda é bastante caro, mas, à medida que os projetos vão saindo do papel, a tendência é de que haja uma redução dos custos. "O processo de democratização já está acontecendo."
A tecnologia da piscina com ondas ficará sob a responsabilidade da espanhola Wavegarden, que tem quatro parques abertos ao público. Eles estão em Melbourne, na Austrália; em Bristol, na Inglaterra; na Coreia do Sul; e em Sion, nos Alpes Suíços. No Brasil, Praia da Grama foi o primeiro em um complexo residencial.