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Chineses gastam em bens de luxo, mas ainda evitam restaurantes

Entediados após meses de distanciamento social e sem poder passar férias no exterior, consumidores chineses ricos buscam conforto na terapia de varejo

Área comercial em Pequim (Bloomberg/Bloomberg)
DS

Daniel Salles

Publicado em 2 de setembro de 2020 às 16h50.

Última atualização em 2 de setembro de 2020 às 20h03.

Consumidores chineses voltaram a comprar bolsas de luxo, cosméticos e carros. Mas esse entusiasmo pelas compras não se estende ao consumo de massa de artigos esportivos, cerveja e restaurantes.

A retomada econômica da China é desigual. Embora o maior mercado consumidor do mundo seja o primeiro a se recuperar, a pandemia de coronavírus continua a devastar a economia global.

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Entediados após meses de medidas rígidas de distanciamento social e sem poder passar férias no exterior, consumidores chineses ricos buscam conforto na terapia de varejo. É um bom presságio para dezenas de fabricantes de bens de luxo, cuja expansão foi impulsionada pela crescente riqueza da China na última década.

A Bloomberg analisou a receita no trimestre encerrado em junho de mais de duas dúzias de empresas que são líderes de mercado na China nas principais categorias de bens de consumo. Três tendências emergiram com a pandemia, impulsionadas principalmente pelo desejo reprimido de gastar, foco em estilos de vida saudáveis ou cautela com espaços públicos.

Produtos premium x produtos de massa
Fabricantes de bens de luxo registraram crescimento da receita de dois dígitos no último trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado, destacando a tendência de recuperação mais forte. A impossibilidade de viajar para o exterior tem favorecido empresas em centros de turismo doméstico e lojas duty free.

“A demanda reprimida de quase dois meses de bloqueio entre fevereiro e março provavelmente levou os consumidores locais a comprarem mais marcas aspiracionais do que marcas de massa”, disse Catherine Lim, analista da Bloomberg Intelligence em Cingapura. “Os consumidores estão definitivamente procurando cuidar de si mesmos após o susto do surto.”

As vendas da LVMH na China subiram 65% no último trimestre em relação ao ano anterior, enquanto a receita geral do grupo caiu 38%. O grupo de luxo registrou “uma compensação muito boa na China para o resto do negócio”, que está sendo afetado, disse Jean-Jacques Guiony, diretor financeiro da LVMH, em teleconferência sobre o balanço no final de julho.

Mas esses gastos de luxo não são compartilhados por produtos de consumo de massa. Outras empresas, como a Anta Sports Products e a fabricante de eletrodomésticos Midea Group, registram pouco ou nenhum crescimento nas vendas entre abril e junho. As vendas totais no varejo ainda mostraram desaceleração em julho, destacando a contínua crise econômica causada pelo coronavírus.

Dados do governo, bem como pesquisas de mercado, mostram que a pandemia “causa um golpe maior para consumidores de baixa renda que precisam apertar ainda mais o cinto”, disse Luo Yixin, analista de consumo da Huatai Financial Holdings.

O Ministério do Comércio planeja lançar o “mês da promoção do consumo” deste ano a partir de 9 de setembro, com atividades que incluem festivais gastronômicos e campanhas de compras online para liberar ainda mais a demanda reprimida e acelerar a recuperação.

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