Central Park em NY ganha primeira estátua de "mulheres reais"
Ao longo de 167 anos de história, foram instaladas cerca de 30 estátuas no icônico parque de Nova York, nenhuma com uma mulher da vida real
Guilherme Dearo
Publicado em 27 de agosto de 2020 às 10h42.
O Central Park inaugurou nesta quarta-feira (26) a primeira estátua que homenageia "mulheres reais", três pioneiras na luta pelos direitos das mulheres , duas brancas e uma negra, em contraste com a paisagem que possui monumentos dedicados a homens brancos.
Ao longo de 167 anos de história, foram instaladas cerca de 30 estátuas no icônico parque de Nova York. No entanto, as obras homenageiam apenas homens brancos ou personagens femininas fictícias, como Alice no País das Maravilhas ou a Julieta de Shakespeare, junto a seu Romeu.
Porém, nesta quarta-feira essa premissa foi destruída, afirmou a ex-secretária de Estado, Hillary Clinton, presente na cerimônia de inauguração do monumento.
A estátua de bronze representa Sojourner Truth (1797-1883), Susan Anthony (1820-1906) e Elizabeth Stanton (1815-1902), três ativistas pelos direitos das mulheres e contra a escravidão, reunidos em torno de uma mesa, aparentemente durante um diálogo.
A sua inauguração quase coincide com o centenário da ratificação da 19ª emenda à Constituição americana, que deu às mulheres o direito ao voto.
Feita pela escultora Meredith Bergmann, a estátua foi instalada em um das áreas mais frequentadas do parque, o "passeio literário" (Literary Walk), não muito longe das estátuas de Shakespeare, do poeta Robert Burns e de Sir Walter Scott.
É o fim de sete anos de tentativas, segundo Pam Elam, presidente do conselho da Associação Monumental Women (Mulheres Monumentais), que luta pelo reconhecimento do papel da mulher na história.
"O que estamos pedindo é uma história completa e justa (...) que reflita sobre a contribuição de mulheres e pessoas negras, e não vamos parar até conseguirmos", disse Elam.
O debate efervescente sobre o monumento ressurgiu no país com as manifestações em massa contra a desigualdade racial após a morte de George Floyd, no final de maio, que incluíram a demolição ou retirada de estátuas de personagens considerados símbolos de opressão às minorias, como a de Cristóbal Colón.
Um dos primeiros rascunhos apresentava apenas Susan Anthony e Elizabeth Stanton, duas mulheres brancas. Mas então acrescentou-se Sojourner Truth para não negligenciar a militância das mulheres negras.
No final de 2018, a prefeitura de Nova York se comprometeu a dedicar mais monumentos às mulheres.
Shirley Chisholm (1924-2005), a primeira mulher negra eleita como representante no Congresso, seria a próxima homenageada.
Sua estátua, que será concluída neste ano, será instalada na entrada do Prospect Park, um grande parque localizado no Brooklyn.