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Casa de Nelson Mandela é transformada em hotel-butique

Os clientes podem experimentar os pratos preferidos do primeiro presidente negro da África do Sul, preparados por aquela que foi sua cozinheira

Hotelaria: Mandela se mudou para a casa pouco depois de sair da prisão, em 1990. (GUILLEM SARTORIO/AFP)

Hotelaria: Mandela se mudou para a casa pouco depois de sair da prisão, em 1990. (GUILLEM SARTORIO/AFP)

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AFP

Publicado em 24 de novembro de 2021 às 13h03.

Na tranquila casa de Nelson Mandela em Johanesburgo, transformada em um elegante hotel, os clientes podem degustar os pratos preferidos do primeiro presidente negro da África do Sul, preparados por aquela que foi sua cozinheira.

Localizado em um bairro nobre de Joanesburgo, o antigo imóvel manteve apenas sua fachada branca. O interior, inundado pela luz natural que entra por suas inúmeras janelas, foi totalmente reformado.

Mandela se mudou para lá pouco depois de sair da prisão, em 1990. Passou oito anos nesta casa, antes de se mudar para outro imóvel, a uma rua de distância, com sua última esposa, Graça Michel.

"Quando ele chegou, foi bater na porta de todos os vizinhos para se apresentar e convidá-los para o chá", lembra o diretor Dimitri Maritz.

"Um vizinho chinês não o reconheceu e mandou-o embora. Quando se deu conta de havia fechado a porta para Mandela, se mudou!", acrescenta, entre risos, sem descartar que a história pode ser uma lenda urbana.

Mandela é conhecido no mundo todo por sua luta contra o Apartheid, o sistema de segregação racial formalmente instaurado no país.

A suíte presidencial do hotel era o quarto do ex-presidente. Nela, vê-se gravuras de seu neto, sua inscrição como detento na Robben Island, de número 466/64, e a palavra "Madiba", um de seus carinhosos apelidos.

O "Santuário Mandela" abriu as portas em setembro passado. No nome, está sua proposta de que os hóspedes possam se inspirar na calma e na energia positiva do falecido líder.

Libertado aos 71 anos, o ex-inimigo público número um queria aproveitar as coisas mais belas das quais havia sido privado durante seus 27 anos de prisão, como ele mesmo conta em sua autobiografia.

A alegria dos netos, a beleza de uma rosa, um gole do doce vinho do Cabo.

Nem museu, nem mausoléu

"Era um chefe simples e direto", lembra, com emoção, a cozinheira Xoliswa Ndoyiya.

Foi ela que, por cerca de 20 anos, preparou suas refeições e hoje é responsável pelo restaurante. O cardápio é inspirado em seus pratos favoritos.

"Ele era fácil de agradar. Não gostava de comer muita gordura. Nem mesmo açúcar. Mas gostava de frutas, em abundância, em todas as refeições", conta Xoliswa, que pertence à etnia xhosa, assim como seu ex-chefe, "quem era muito mais do que um pai".

Se Ndoyiya tentasse agradar a seus convidados com um prato de que Mandela não gostasse, ele perguntava: "Por que você não está me alimentando bem?".

E ela "se sentia culpada", conta a cozinheira, sorrindo, enquanto se lembra de Mandela comendo um prato de frango. "Ele gostava de comer até o osso", relata.

Também sabia "confiar nas pessoas, tratar a gente como se fôssemos da família", garante Xoliswa, antes de soltar uma lágrima.

A direção quer conservar "um clima de casa", longe de um museu, ou de um mausoléu. Fotos e gravuras mostram Mandela fazendo brincadeiras para divertir um bebê, ou em pé, de braços abertos, lendo um jornal.

"Temos mil histórias de Madiba e referências por toda casa, mas nós as contamos aos hóspedes, apenas se nos fizerem perguntas", explica Maritz.

O gerente quer que os clientes cheguem à por Mandela e que, depois, voltem pelo lugar. O objetivo é refletir duas qualidades essenciais do ex-presidente sul-africano: "humildade e elegância".

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