Jogador da Nigéria, Tyronne Ebuehi, no centro, aplaude após amistoso contra a Inglaterra na Copa do Mundo 2018, em 2 de junho (Catherine Ivill/Getty Images)
AFP
Publicado em 16 de junho de 2018 às 14h43.
Talvez a Nigéria não vença a Copa do Mundo, apesar do desejo do presidente de sua federação, mas se existisse um troféu para a seleção com a camisa mais bonita da Rússia, ninguém duvida que sua coleção primavera-verão 2018 teria ficado com o prêmio.
A partir de sua entrada na partida contra a Croácia, no sábado em Kaliningrado, a estrela das "Super Águias" não será seu capitão, John Obi Mikel, nem o craque do CSKA Moscou, Ahmed Musa, mas sua camisa branca e verde-limão, misturada com preto e branco nas mangas.
De Lagos a Paris, passando por Londres e Moscou, ponto principal da Copa de 2018, o uniforme nigeriano se tornou um fenômeno da moda que abarca muito mais do que os fãs do futebol do mundo inteiro.
O cartaz de "Esgotado" era visto somente algumas horas depois de seu lançamento. A camisa também não é mais encontrada no site da Nike, gigante da indumentária esportiva que veste a Nigéria e desenhou seu uniforme.
Inclusive em seu ponto de venda moscovita, inaugurado na segunda-feira no coração do Parque Gorki, os consumidores tiveram que se conformar em adquirir as camisas de Brasil ou França quando perguntavam pela nigeriana.
"É fantástico!", comemora em declarações à AFP Bert Hoyt, vice-presidente da Nike a cargo da área de futebol, que explica esse sucesso pela "capacidade de combinar 'desenho' e inovação, e, ao mesmo tempo, conectá-lo com a cultura dos jovens".
Mas quantas camisas nigerianas foram vendidas? Antes de sua venda oficial no fim de maio, três milhões de solicitações foram feitas, segundo a emissora esportiva americana ESPN, que cita o vice-presidente da Federação Nigeriana, Shehu Dikko.
"Não sabemos de onde vêm essas cifras", afirma Hoyt. "Sabemos somente que as vendas foram um verdadeiro fenômeno, excepcionais. Mas ainda é muito cedo para dar cifras", acrescentou o responsável da gigante americana.
Além de seu desenho "estiloso", quais seriam as razões mais profundas para tal sucesso, quando a maioria das pessoas não é torcedora das Super Águias?
"Sei que foi um sucesso enorme na Internet. Mas isso não tem a ver somente com a Nigéria. Se a camisa estilosa tivesse sido a de Senegal, o sucesso teria sido deles", explica à AFP Jean-Baptiste, colecionador parisiense de camisas, de 27 anos.
"Hoje a camisa de futebol tende a ser usada no cotidiano, todos os dias, ou nos finais de semana, com um jeans. A Nike realmente conseguiu impô-la como uma roupa da moda", analisa, citando o grande sucesso que teve no verão passado em solo francês a camisa do campeonato tailandês.
Diante deste fenômeno, a Nike irá lançar uma nova produção para satisfazer a demanda? "Possivelmente", diz evasivo à AFP Bert Hoyt.
Na Nigéria, réplicas e imitações já estão disponíveis no mercado "secundário", no qual o preço é muito mais baixo do que os 85 euros de seu preço oficial em uma loja.
Um comerciante do mercado de Lagos afirmou que vendia camisetas chegadas da Tailândia por 40 euros, uma tarifa alta para muitos dos habitantes da cidade, onde o salário mínimo mensal ronda os 45 euros.
"As que vendo aqui são as com melhor qualidade em todo o mercado", assegura. Nesta sexta-feira à tarde "vou receber mais 1.000 peças, e daqui até o final de semana vou vender todas", acrescenta.
Para os que desejam um produto autêntico, terão que desembolsar ao menos 300 euros no mercado negro, ou nas plataformas de revenda. É que agora todos querem a camiseta da "campeã mundial da Moda", a Nigéria.