Bolt apresenta documentário sobre sua vida concluído na Rio-2016
"Queria contar a verdade, competir neste nível e ganhar medalhas não é fácil. As pessoas imaginam que é simples, que não tenho estresse nem pressão"
EFE
Publicado em 28 de novembro de 2016 às 17h30.
Última atualização em 28 de novembro de 2016 às 17h46.
Londres - O jamaicano Usain Bolt , o maior velocista de todos os tempos, apresentou nesta segunda-feira em Londres "I am Bolt" ("Eu sou Bolt"), o documentário sobre sua vida, que narra o árduo caminho rumo à histórica conquista do triplo-triplo concluída nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
Sorridente e visivelmente relaxado, Bolt explicou em um luxuoso hotel da capital britânica, onde há quatro anos conquistou três das nove medalhas de ouro olímpicas da carreira, as razões que o levaram a contar em um filme autobiográfico as "complicadas experiências" que viveu até a última edição do megaevento.
"Queria contar a verdade, competir neste nível e ganhar medalhas não é fácil. As pessoas imaginam que, para mim, é simples, que não tenho estresse nem pressão. Eu queria era que as pessoas vissem tudo o que tive que passar para estar onde estou agora: a dor, o esforço e as recompensas. Mostrar a todos o caminho até as vitórias", confessou.
Vestido com uma calça jeans surrada e uma camiseta preta da patrocinadora, a figura mais carismática do atletismo, hoje com 30 anos, compareceu à entrevista coletiva de apresentação junto aos irmãos Benjamin e Gabe Turner, diretores e produtores do filme.
"I am Bolt", que narra o caminho de Bolt de jovem a profissional e detalha os obstáculos que teve que superar para estar nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, estreia nesta segunda-feira no mundo todo de forma simultânea em cinemas, DVD e Blu-Ray.
"Foi uma filmagem muito divertida, embora também bastante difícil. Ele está acostumado à pressão, mas nós não, e a sentimos muito nessas últimas corridas. Se ele não tivesse vencido, o filme não teria sido tão especial. Usain é uma pessoa muito autêntica, que nos ensina a sermos nós mesmos", relatou Benjamin Turner.
"Queríamos contar sua história, contar algo que inspirasse futuras gerações. Sabíamos que faríamos algo que o fizesse contente e ele nos deixou filmar em situações nas quais, normalmente, não há câmeras", expressou Gabe.
O documentário, que demorou dois anos para ser feito, gira em torno da saga de Bolt ao tão desejado triplo-triplo, a conquista de três medalhas de ouro nos 100 metros, nos 200 metros e no revezamento 4x100 metros em três Jogos Olímpicos consecutivos, o que nenhum outro velocista na história tinha conseguido.
O documentário, de uma hora e 47 minutos de duração, também foca em aspectos da vida do jamaicano, como a infância no colégio de Trelawny, a cidade natal, os vínculos com os pais e amigos e a relação com a equipe: o treinador, Glenn Mills; o melhor amigo e representante, Nugent Walker, e o agente, Ricky Simms.
"Quando vi o filme, senti de novo todas essas emoções, me ajudou a reviver o que passei. Benjamin e Gabe capturaram os momentos como eu queria. O filme ajuda a mostrar que sou uma pessoa transparente, que age como é", analisou Bolt.
No filme, o jamaicano relata o tortuoso caminho até a recuperação da lesão no tornozelo que sofreu em uma noite de festa no início do ano, a perda da paixão pela competição, sua relação com o rival Justin Gatlin e as dúvidas antes do Mundial de Pequim em 2015.
O documentário conta com algumas participações de destaque, como Neymar e Pelé, a tenista Serena Williams, o ex-atleta Sebastian Coe, os velocistas Yohan Blake e Asafa Powell, além dos cantores jamaicanos Ziggy Marley e Chronixx.
Desde sua primeira grande vitória, com 15 anos, no Mundial Sub-20 de Kingston em 2002, considerado por ele o "triunfo mais importante", até as três medalhas de ouro no Rio, passando pelas noites de festa desenfreada na Jamaica e as recorrentes lesões, Bolt se abre diante das câmeras e mostra uma vida normal, "como a de qualquer pessoa".
"Se continuar a competir é pelos torcedores, pelas pessoas que nunca me viram correr, e quero dar a oportunidade de para que elas façam isso. Agora concorro sem pressão, estou muito mais relaxado. Mas vou continuar trabalhando duro, estarei preparado para ganhar", afirmou o velocista, que ressaltou a vontade de se aposentar depois do Mundial de Londres em 2017.
"Estou feliz e emocionado de estar aqui, em uma cidade tão especial. Conheço a energia de Londres e quero disputar o Mundial aqui. Acho que é um bom lugar para me aposentar", concluiu.