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Bob Burnquist: "Minha cabeça insiste que eu continue firme, testando meu limite"

O bicampeão mundial de skate vertical (2001 e 2008) que ganhou 21 medalhas nos X-Games de Los Angeles é um dos Homens do Ano

Burnquist: "Entro em conflito: 'Vou me quebrar e ficar meses sem andar de skate? Ou vou fazer acontecer?'" (Getty Images/Getty Images)

Burnquist: "Entro em conflito: 'Vou me quebrar e ficar meses sem andar de skate? Ou vou fazer acontecer?'" (Getty Images/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 14 de novembro de 2011 às 14h52.

São Paulo - Meio-dia em Los Angeles, verão californiano. Na tenda de atletas dos X-Games, maior evento de esportes de ação do mundo, surge mais um cara de estilão despojado, iPod no ouvido e sorriso na cara.

Segue até a megarrampa de 60 m de altura, um lugar que conhece muito bem — em uma rampa um pouco menor, que tem no quintal de sua casa em San Diego, perpetrou pela primeira vez a quase impossível manobra de 900 graus. Mais um? Aos 34 anos, este filho de pai norte– americano, nascido no Rio e criado em São Paulo é um fenômeno na história do skate.

Um cara capaz de improvisar as manobras mais técnicas com estilo fluido, inconfundível, fruto de uma habilidade natural moldada no incontável tempo vivido sobre os carrinhos. “Aqueles poucos minutos vistos no vídeo são horas e horas tentando uma manobra”, diz.

Bob Burnquist foi o Skatista do Ano nas revistas Thrasher (1997) e Transworld Skateboarding (2000, 2001, 2002 e 2007), bicampeão mundial de skate vertical (2001 e 2008) e ganhou 21 medalhas nos X-Games. A mais recente, de ouro, foi conquistada poucas horas após esta conversa com ALFA — que rolou ali mesmo, no topo da megarrampa.

ALFA: Você é um dos skatistas mais técnicos de todos os tempos, andando sempre de switch stance [invertendo a posição dos pés sobre o skate]. Tem a ver com sua dupla nacionalidade?

Bob Burnquist:
 Andar de switch stance tem a ver com reinventar manobras, abrir horizontes. Isso se tornou uma identificação para mim… Me sinto cidadão do mundo, mas o Brasil me deu uma grande cultura, essa personalidade de chegar abraçando as pessoas… O lado americano, do meu pai, é direto e administrativo. Com ele, aprendi inglês e tive contato com a literatura daqui, muito rica. Em relação ao coração, sou totalmente Brasil, onde aprendi a falar, fiz amigos e cresci.


Você também é piloto de avião, surfa e salta de paraquedas. Como suportar tanto risco físico?

Bob Burnquist: Já fraturei ossos 27 vezes — e confesso que prefiro isso a romper ligamentos! Nos últimos dois meses, machuquei pé, joelho e ombro, foi duro… Mas segui correndo todos os eventos passando pela dor. Minha cabeça insiste que eu continue firme, testando meu limite. Entro em conflito: “Vou me quebrar e ficar meses sem andar de skate? Ou vou fazer acontecer?” Passar essa linha é difícil. Uma hora você liga o “foda-se” e manda a manobra. É o botão do “foda-se” que diferencia os homens dos meninos [risos].

Como é sua preparação física?

Bob Burnquist: Pratico uma hora e meia de exercícios na parte da manhã, variando entre fortalecimento e alongamento. Ando de mountain bike e faço 350 abdominais por dia, quatro vezes por semana. Tinha muita dor na lombar por andar de skate, mas, com esse treino, já não tenho mais, apesar de andar até mais que antes. Surfo às vezes e ando de skate à tarde. Ioga também entra no cronograma: como é um trabalho muito intenso nas pernas, por ficar pulando, caindo e botando o pé no chão pra amortecer o impacto, precisei me fortalecer para andar na megarrampa e aguentar o tranco na volta das manobras.

E a alimentação?

Bob Burnquist: Olha, eu como bem, mas nada de carne vermelha ou massa branca. De manhã, uma salada de frutas com açaí ou um sanduíche de banana com mel. Depois dos exercícios, água de coco batida com Whey Protein. No almoço, metade de um filé de frango, salada de folhas verdes e massa integral ou quinoa. No jantar, massa de quinoa com atum e molho de tomate (rico em licopeno, um antioxidante). Depois das 22h, uma barra de chocolate amargo. E tomo chá verde o dia todo!

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