Para 2024: médico precisa ter mais tempo para o paciente. (Namthip Muanthongthae/Getty Images)
Médico
Publicado em 25 de dezembro de 2023 às 15h01.
Já são 35 anos desde a minha formação em medicina, e ao longo da minha carreira, nunca testemunhei tantas transformações na área da saúde como nos últimos tempos. Um dos principais catalisadores dessas mudanças foi a pandemia de coronavírus, que impulsionou a adoção da telemedicina (um avanço que acredito ter vindo para ficar) e a explosão de informações na área de saúde por meio das mídias sociais.
Isso teve seu lado positivo ao disseminar informações científicas corretas para pessoas que normalmente não teriam acesso a consultas médicas caras ou em locais distantes de suas residências. Porém, também trouxe consigo um lado negativo, como a epidemia de notícias falsas e a escolha de médicos pelos pacientes através do Instagram e outros meios, onde não há avaliação de currículo e especialidades não reconhecidas pelo CFM.
Este ano, discutimos bastante sobre o papel da inteligência artificial na área médica. Embora eu acredite que para resolver problemas mais simples ela possa ter utilidade, é importante frisar que a medicina não se resume a fórmulas matemáticas. Como endocrinologista e clínico geral, estou retornando às minhas raízes, priorizando consultas onde o raciocínio intuitivo desempenha um papel significativo e mantendo um contato emocional próximo com meus pacientes.
Até recentemente, eu me baseava em algoritmos das Sociedades Médicas Internacionais, negligenciando muitas vezes a importância da inteligência emocional. Prevejo que em 2024 as consultas médicas terão uma interação maior entre médico e paciente, adotando uma abordagem mais holística, investigando a relação entre a flora intestinal e a saúde, avaliando cada vez mais a genética e focando na prevenção, além de atuar de forma mais efetiva contra a inflamação em nossos corpos.
A inflamação tem sido estudada por diversas especialidades médicas, pois está diretamente associada a um amplo espectro de doenças, que vão desde o diabetes e doenças cardíacas até o Alzheimer e o câncer. Medidas simples, como evitar alimentos inflamatórios, regular o sono, praticar atividade física e, em alguns casos, o uso de medicações, têm demonstrado eficácia na redução dessa condição.
Em resumo, tanto pacientes quanto médicos estarão cada vez mais focados na prevenção de doenças e no aumento da longevidade de maneira ética e embasada cientificamente. O assunto é vasto, mas para que tenha uma ideia, um dos principais obstáculos para a longevidade, especialmente no aspecto cerebral, é a solidão na idade madura.
Então, minha recomendação para a sua saúde em 2024 é: mantenha ou cultive relações de amizade e amor saudáveis, pois não há remédio mais poderoso para a nossa saúde do que o amor.