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Artistas de rua fazem música no barulhento metrô de Paris

Por conta do aumento de músicos amadores, a empresa pública que administra o metrô de Paris (RATP) decidiu há 25 anos conceder licenças para 300 candidatos, no máximo

A cantora francesa Eli Jadot, artista de rua, nos corredores do metrô de Paris (AFP/AFP)

A cantora francesa Eli Jadot, artista de rua, nos corredores do metrô de Paris (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 3 de janeiro de 2023 às 11h27.

Última atualização em 3 de janeiro de 2023 às 11h48.

De manhã, Eli Jadelot trabalha como vendedora em uma padaria parisiense. Pela tarde, ela tira o avental e se veste de noiva e canta para os apressados passageiros do metrô.

Jadelot faz parte do "seleto" grupo de 300 músicos itinerantes com permissão oficial para cantar nos corredores do metrô de Paris.

"Não vejo isso como um trampolim, mas como outra forma de fazer música, em um ambiente diferente", explica a mulher de 39 anos.

A artista se mudou há 16 anos para Paris na esperança de ganhar a vida como atriz.

"Quero ver como me saio em um lugar onde as pessoas estão apenas de passagem. Elas vão me notar ou não?", explica, enquanto se prepara para cantar suas próprias composições na estação Saint-Lazare, uma das mais movimentadas de toda a Europa.

Por conta do aumento de músicos amadores, a empresa pública que administra o metrô de Paris (RATP) decidiu há 25 anos conceder licenças para 300 candidatos, no máximo.

A cada seis meses, um júri formado por trabalhadores da RATP escuta mil candidatos e seleciona cerca de um terço.

Eles podem tocar nos corredores, mas não nas plataformas ou a bordo dos vagões, embora esta última regra seja violada muitas vezes por outros músicos sem permissão.

"Ela é maravilhosa"

Jadelot fez a audição da RATP no ano passado e suas composições lhe renderam rapidamente uma licença.

A artista veste um vestido de noiva branco que uma amiga lhe emprestou, detalhe que certamente contribui para o seu sucesso.

"Ela é maravilhosa, com o seu vestido de noiva e sorriso encantador", confessa Cherif Medouni, um professor que costuma passar tempo com estes músicos itinerantes.

O júri da RATP não descarta nenhum instrumento, diz a responsável por atribuir o precioso título de "Músico do Metrô", Stella Sainson.

"Embora alguns sejam complicados, como o djembê, que ecoa forte" nos corredores da estação, reconhece.

Arnaud Moyencourt conquistou o direito de tocar realejo no metrô em 1992. "Ele representa a Paris atemporal", diz Sofia Tondinelli, membro do júri, "eu pararia sem hesitar para ouvi-lo".

Riana Rabe inscreveu-se pela segunda vez na audição, com uma versão da música do filme Mulan, da Disney, e outra do grupo Radiohead, equipada com um cavaquinho elétrico.

"As pessoas sempre me intimidaram, mas agora descobri que podem ser extremamente amigáveis", explica ela.

Futuras estrelas

A violinista ucraniana Anna Leonid Byulaj conseguiu autorização com uma atuação que inclui saltos. Já Hugo Vaxelaire encantou o júri com a sua nyckelharpa, instrumento nacional da Suécia, semelhante a uma viela.

Alguns não tiveram tanta sorte, como outro tocador de ukulele ou o violinista chinês de 28 anos com óculos grandes e muita timidez.

"Cantar no metrô é muito bonito, mas às vezes também é complicado porque as pessoas estão imersas em suas preocupações. É preciso saber prender a atenção dos viajantes”, explica Tondinelli.

Alguns músicos itinerantes alcançaram a fama, como a cantora folk Zaz, o acordeonista Claudio Capeo e o grupo pop Arcadian, que passou pela versão francesa da competição musical The Voice.

Mas essas são as exceções de uma atividade que não é bem paga.

"Se você estiver em um dia bom, pode ganhar € 25 [US$ 27]", revela Jadelot.

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