Casual

Além do Malbec: enóloga de Mendoza elege duas uvas da Argentina que você precisa provar

Diana Fornasero é a gerente de produção da vinícola Viña Cobos, criada pelo enólogo americano Paul Hobbs

Diana Fornasero: primeira enóloga e gerente de produção da Viña Cobos. (Divulgação/Divulgação)

Diana Fornasero: primeira enóloga e gerente de produção da Viña Cobos. (Divulgação/Divulgação)

Gilson Garrett Jr.
Gilson Garrett Jr.

Repórter de Lifestyle

Publicado em 21 de agosto de 2024 às 09h04.

Última atualização em 21 de agosto de 2024 às 09h04.

Tudo sobreVinhos
Saiba mais

A argentina Diana Fornasero não gostava muito de vinho quando era mais jovem. O fato curioso e contraditório é que ela nasceu justamente em Mendoza, a principal região produtora de vinhos da Argentina e uma das mais importantes do mundo.

Tudo mudou quando ela provou um rótulo célebre da Viña Cobos, uma das vinícolas mais renomadas do país. "Foi nesse momento que percebi que queria me dedicar a fazer vinhos como aqueles, que tivessem o poder de encantar as pessoas", lembra Diana.

Como no universo nada é por acaso, pouco tempo depois ela começou a trabalhar justamente na Viña Cobos, aos 23 anos. Durante anos, desempenhou diversas funções, desde assistente até gerente da área de enologia, acumulando também as responsabilidades de gerente de produção e primeira enóloga da vinícola.

Tudo sob a orientação de ninguém menos que Paul Hobbs, um dos maiores nomes da viticultura mundial. No final da década de 1980, o enólogo americano viajou à Argentina e percebeu o potencial das uvas Malbec. Decidiu, então, investir US$ 7 mil na produção de vinhos no país e, anos mais tarde, inaugurou a vinícola Viña Cobos em Mendoza, hoje uma das mais importantes produtoras de vinhos do mundo. Por conta desse feito, Hobbs é carinhosamente apelidado de "Steve Jobs dos vinhos", pela sua genialidade.

Em entrevista exclusiva à EXAME Casual, Diana Fornasero fala sobre como é a experiência de trabalhar ao lado de Hobbs, como é o processo de elaboração dos vinhos na Argentina e o que devemos esperar nas gôndolas nos próximos anos, vindos dos parreirais argentinos. A entrevista foi realizada em uma loja da importadora Grand Cru, em São Paulo, que traz os vinhos da Viña Cobos ao Brasil.

A viagem de Diana marcou a apresentação da nova identidade visual da linha Bramare no país. Os novos rótulos estão disponíveis no Brasil desde julho, em suas diferentes variedades de acordo com a denominação: Luján de Cuyo (Malbec e Cabernet Sauvignon) e Valle de Uco (Malbec e Chardonnay), com preços a partir de R$ 519,90. Veja os principais trechos da entrevista.

A Viña Cobos é uma vinícola relativamente jovem, mas já reconhecida pela qualidade de seus vinhos. A que você atribui esse sucesso?

Acredito que o sucesso da Viña Cobos, apesar de sua juventude, se deve à constância no trabalho e a quatro valores fundamentais que Paul Hobbs nos ensinou: atenção aos detalhes, autenticidade, sustentabilidade e trabalho em equipe. Desde o início, cuidar de cada detalhe foi essencial. Hoje, fazemos tudo internamente, desde o design dos rótulos até a venda dos vinhos em 35 países. A qualidade consistente que entregamos é fruto de 26 anos de dedicação e respeito aos nossos princípios.

Como é trabalhar com Paul Hobbs? Qual foi a lição mais valiosa que você aprendeu com ele?

É uma experiência única. Ele valoriza muito a atenção aos detalhes e dá liberdade para que cada enólogo possa explorar suas ideias. Ele entende que estamos diariamente na vinícola e no vinhedo, e nos incentiva a interpretar o terroir e as condições das uvas. A lição mais importante que aprendi com ele é que o enólogo precisa sair das quatro paredes da vinícola para entender todo o contexto, conhecer o vinhedo, o solo, o clima. Só assim é possível interpretar corretamente o que acontece na vinícola e fazer vinhos que expressem sua origem de forma autêntica.

Além do Malbec, que outras uvas você acredita que têm potencial na Argentina e que o consumidor deveria conhecer?

Acreditamos muito no potencial do Chardonnay e do Cabernet Sauvignon na Argentina. Esses vinhos têm uma qualidade excepcional e podem competir com os melhores do mundo. Na Viña Cobos, estamos focados nessas três variedades porque acreditamos que elas podem representar a Argentina de maneira grandiosa no cenário internacional. Embora frequentemente nos perguntem sobre a possibilidade de produzir outras variedades, preferimos nos concentrar em fazer vinhos de classe mundial com essas uvas.

Estamos vendo uma tendência de usar menos barricas de madeira na produção de vinhos. Qual a sua opinião sobre isso?

A barrica é um recurso valioso quando usada corretamente. Se a primeira coisa que você sente ao provar um vinho é a madeira, então a barrica não foi bem utilizada. Ela deve dar equilíbrio e potencial de envelhecimento, mas nunca ser a protagonista. Na Viña Cobos, realizamos testes cegos para entender quais tostados se adaptam melhor a cada vinho, permitindo que a madeira esteja presente sem roubar a cena. Acredito que o equilíbrio entre barricas novas e usadas é essencial para manter a elegância dos vinhos.

Quais são as tendências que você observa no comportamento dos consumidores de vinho?

Os consumidores estão cada vez mais interessados em vinhos frescos e fáceis de beber, mas também valorizam vinhos de guarda para ocasiões especiais. Além disso, há uma crescente demanda por informações sobre a origem dos vinhos e práticas sustentáveis nos vinhedos. Na Viña Cobos, estamos focados em vinhedos sustentáveis e certificados, e acreditamos que essa transparência é o futuro. Queremos que os consumidores saibam exatamente o que estão bebendo e confiem na qualidade e integridade dos nossos vinhos.

Leia mais

Acompanhe tudo sobre:VinhosBebidas

Mais de Casual

Galeria Lafayette inaugura brechó de joias e relógios em Paris

Beyoncé lança marca de uísque em parceria com a Moët Hennessy

Capital da Estônia tem uma 'prefeita' para a vida noturna; entenda

O próximo Nobu? Conheça o grupo mexicano que promete revolucionar a gastronomia mundial

Mais na Exame