Álcool moderado aumenta a vida de quem teve ataque cardíaco
Duas doses de bebida alcoólica ao dia reduz risco de morte em até 42%
Da Redação
Publicado em 28 de março de 2012 às 10h41.
De acordo com uma pesquisa publicada nesta quarta-feira no periódico European Heart Journal, consumir bebida alcoólica moderadamente pode diminuir o risco de morte por qualquer causa em homens que sobreviveram a um ataque cardíaco. Esse estudo faz parte do Health Professionals Follow-up Study, uma série levantamentos sobre a saúde masculina feita na Faculdade de Saúde Pública de Harvard .
Embora outros trabalhos já tenham relacionado a ingestão moderada de bebida alcoólica à diminuição de doenças do coração e de mortes por esse problema, ainda não estava claro se o hábito poderia beneficiar os indivíduos que já sofreram ataques cardíacos. De acordo com a coordenadora do estudo, a professora Jennifer Pai, as conclusões dessa pesquisa mostram que o consumo moderado de álcool a longo prazo entre homens não só os protege de um ataque cardíaco mas também aumenta a sobrevida daqueles que sobreviveram a um.
A pesquisa — Entre todos os 51.529 homens que participaram do estudo da Faculdade de Saúde Pública de Harvard, a equipe desse trabalho selecionou e acompanhou os 1.818 indivíduos que haviam sobrevivido ao primeiro ataque cardíaco entre 1986 e 2006. A cada quatro anos, os participantes foram questionados sobre consumo de álcool, hábitos alimentares e outros fatores de estilo de vida, como se fumavam, ou qual era o peso de cada um. Nesse período de 20 anos da pesquisa, foram registradas 468 mortes.
Os homens foram divididos em quatro grupos de acordo com a quantidade de bebida alcoólica que consumiam por dia: abstêmios; até 10 gramas de álcool (ou cerca de uma taça de vinho); de 10 a 30 gramas de álcool (cerca de até três taças de vinho, até duas latas e meia de cerveja ou até duas doses de destilados); e mais de 30 gramas de álcool. Os participantes que ingeriam entre 10 e 30 gramas de álcool foram considerados consumidores moderados.
Os pesquisadores descobriram que esses consumidores moderados, que, de maneira geral, bebiam até duas doses de bebida alcoólica ao dia, apresentaram um menor risco de morrer após sofrer um ataque cardíaco pela primeira vez do que os abstêmios e do que os que ingeriam mais do que 30 gramas de álcool ao dia. Comparados aos abstêmios, o risco de morte dos consumidores moderados em decorrência de problemas cardiovasculares entre foi 42% menor e 14% menor devido a qualquer outra causa. Segundo o estudo, o tipo ingerido de bebida não alterou os resultados.
Quantidade determinada — Os resultados dessa pesquisa vão ao encontro de outros trabalhos sobre benefícios do álcool, que relacionam vantagens à saúde apenas com o consumo moderado. Quem é abstêmio não é beneficiado por esses efeitos positivos e quem bebe excessivamente, além de não se beneficiar, é extremamente prejudicado. "Nossos resultados mostram que o maior benefício atingiu quem bebeu quantidades moderadas. Os efeitos adversos à saúde do consumo excessivo são bem conhecidos, e incluem pressão arterial elevada e função cardíaca reduzida, por exemplo", afirma Jennifer.
De acordo com a equipe de pesquisadores, as conclusões também corroboram as recomendações da Sociedade Europeia de Cardiologia sobre ingestão de bebida alcoólica. O órgão indica o consumo de 10 a 30 gramas de álcool ao dia para homens que sofreram de problemas cardíacos, mas alerta que a ingestão excessiva da bebida é nociva e que, mesmo em quantidades moderadas, esse hábito deve ser acompanhado por um médico.
Não é para você
Apesar de a bebida alcoólica, com moderação, proporcionar benefícios para a saúde, ela não é indicada para todos. Existem pessoas que não devem ingerir quantidade alguma de álcool, já que os prejuízos são muito maiores do que as vantagens. Sinal vermelho para quem tem os seguintes problemas:
Doença hepática alcoólica: é a inflamação no fígado causada pelo uso crônico do álcool. Principal metabolizador do álcool no organismo, o fígado é lesionado com a ingestão de bebidas alcoólicas.
Cirrose hepática: o álcool destrói as células do fígado e é o responsável por causar cirrose, quadro de destruição avançada do órgão. Pessoas com esse problema já têm o fígado prejudicado e a ingestão só induziria a piora dele.
Triglicérides aumentado: o triglicérides é uma gordura tão prejudicial quanto o colesterol, já que forma placas que entopem as artérias, podendo causar infarto e derrame cerebral. O álcool aumenta essa taxa. Portanto, quem já tiver a condição deve manter-se longe das bebidas alcoólicas.
Pancreatite: a doença é um processo inflamatório do pâncreas, que é o órgão responsável por produzir insulina e também enzimas necessárias para a digestão. O consumo exagerado de álcool é uma das causas dessa doença, e sua ingestão pode provocar muita dor, danificar o processo de digestão e os níveis de insulina, principal problema do diabetes.
Úlcera: é uma ferida no estômago. Portanto, qualquer irritante gástrico, como o álcool, irá piorar o problema e aumentar a dor.
Insuficiência cardíaca: por ser tóxico, o álcool piora a atividade do músculo cardíaco. Quem já sofre desse problema deve evitar bebidas alcoólicas para que a atividade de circulação do sangue não piore.
Arritmia cardíaca: de modo geral, ele afeta o ritmo dos batimentos cardíacos. A bebida alcoólica induz e piora a arritmia.
Redobre a atenção
Há também aqueles que devem ter muito cuidado ao beber, mesmo que pouco.Tudo depende do grau da doença, do tipo de remédio e do organismo de cada um.
Problemas psiquiátricos: o álcool muda o comportamento das pessoas e pode alterar o efeito da medicação. É arriscada, portanto, a ingestão de bebida alcoólica por aqueles que já têm esse tipo de problema.
Gastrite: é uma fase anterior à úlcera e quem sofre desse problema deve tomar cuidado com a quantidade de bebida alcoólica ingerida. Como pode ser curada e controlada, é permitido o consumo álcool moderado, mas sempre com autorização de um médico.
Diabetes: Todos os diabéticos devem ficar atentos ao consumo de álcool. A quantidade permitida dessa ingestão depende do grau do problema, dos remédios e do organismo da pessoa. Recomenda-se, se for beber, optar por fazê-lo antes ou durante as refeições para evitar a hipoglicemia.
Saiba mais
Álcool e saúde
A relação entre consumo de álcool e doenças cardiovasculares em seres humanos pode ser representada por uma 'curva em J', segundo análise estatística: quem bebe pequenas quantidades de álcool por dia (duas doses para homens e uma para mulheres) costuma ter riscos menores de ter um infarto do coração ou um derrame cerebral do que abstêmios; mas quem bebe muito aumenta as chances de ter esses problemas. O 'J' representa essa curva graficamente. A perna menor da letra representa o risco dos abstêmios. Sua queda na curva da letra representa o risco dos bebedores moderados, e sua ascensão acentuada na perna grande da letra o risco dos que bebem muito.
De acordo com uma pesquisa publicada nesta quarta-feira no periódico European Heart Journal, consumir bebida alcoólica moderadamente pode diminuir o risco de morte por qualquer causa em homens que sobreviveram a um ataque cardíaco. Esse estudo faz parte do Health Professionals Follow-up Study, uma série levantamentos sobre a saúde masculina feita na Faculdade de Saúde Pública de Harvard .
Embora outros trabalhos já tenham relacionado a ingestão moderada de bebida alcoólica à diminuição de doenças do coração e de mortes por esse problema, ainda não estava claro se o hábito poderia beneficiar os indivíduos que já sofreram ataques cardíacos. De acordo com a coordenadora do estudo, a professora Jennifer Pai, as conclusões dessa pesquisa mostram que o consumo moderado de álcool a longo prazo entre homens não só os protege de um ataque cardíaco mas também aumenta a sobrevida daqueles que sobreviveram a um.
A pesquisa — Entre todos os 51.529 homens que participaram do estudo da Faculdade de Saúde Pública de Harvard, a equipe desse trabalho selecionou e acompanhou os 1.818 indivíduos que haviam sobrevivido ao primeiro ataque cardíaco entre 1986 e 2006. A cada quatro anos, os participantes foram questionados sobre consumo de álcool, hábitos alimentares e outros fatores de estilo de vida, como se fumavam, ou qual era o peso de cada um. Nesse período de 20 anos da pesquisa, foram registradas 468 mortes.
Os homens foram divididos em quatro grupos de acordo com a quantidade de bebida alcoólica que consumiam por dia: abstêmios; até 10 gramas de álcool (ou cerca de uma taça de vinho); de 10 a 30 gramas de álcool (cerca de até três taças de vinho, até duas latas e meia de cerveja ou até duas doses de destilados); e mais de 30 gramas de álcool. Os participantes que ingeriam entre 10 e 30 gramas de álcool foram considerados consumidores moderados.
Os pesquisadores descobriram que esses consumidores moderados, que, de maneira geral, bebiam até duas doses de bebida alcoólica ao dia, apresentaram um menor risco de morrer após sofrer um ataque cardíaco pela primeira vez do que os abstêmios e do que os que ingeriam mais do que 30 gramas de álcool ao dia. Comparados aos abstêmios, o risco de morte dos consumidores moderados em decorrência de problemas cardiovasculares entre foi 42% menor e 14% menor devido a qualquer outra causa. Segundo o estudo, o tipo ingerido de bebida não alterou os resultados.
Quantidade determinada — Os resultados dessa pesquisa vão ao encontro de outros trabalhos sobre benefícios do álcool, que relacionam vantagens à saúde apenas com o consumo moderado. Quem é abstêmio não é beneficiado por esses efeitos positivos e quem bebe excessivamente, além de não se beneficiar, é extremamente prejudicado. "Nossos resultados mostram que o maior benefício atingiu quem bebeu quantidades moderadas. Os efeitos adversos à saúde do consumo excessivo são bem conhecidos, e incluem pressão arterial elevada e função cardíaca reduzida, por exemplo", afirma Jennifer.
De acordo com a equipe de pesquisadores, as conclusões também corroboram as recomendações da Sociedade Europeia de Cardiologia sobre ingestão de bebida alcoólica. O órgão indica o consumo de 10 a 30 gramas de álcool ao dia para homens que sofreram de problemas cardíacos, mas alerta que a ingestão excessiva da bebida é nociva e que, mesmo em quantidades moderadas, esse hábito deve ser acompanhado por um médico.
Não é para você
Apesar de a bebida alcoólica, com moderação, proporcionar benefícios para a saúde, ela não é indicada para todos. Existem pessoas que não devem ingerir quantidade alguma de álcool, já que os prejuízos são muito maiores do que as vantagens. Sinal vermelho para quem tem os seguintes problemas:
Doença hepática alcoólica: é a inflamação no fígado causada pelo uso crônico do álcool. Principal metabolizador do álcool no organismo, o fígado é lesionado com a ingestão de bebidas alcoólicas.
Cirrose hepática: o álcool destrói as células do fígado e é o responsável por causar cirrose, quadro de destruição avançada do órgão. Pessoas com esse problema já têm o fígado prejudicado e a ingestão só induziria a piora dele.
Triglicérides aumentado: o triglicérides é uma gordura tão prejudicial quanto o colesterol, já que forma placas que entopem as artérias, podendo causar infarto e derrame cerebral. O álcool aumenta essa taxa. Portanto, quem já tiver a condição deve manter-se longe das bebidas alcoólicas.
Pancreatite: a doença é um processo inflamatório do pâncreas, que é o órgão responsável por produzir insulina e também enzimas necessárias para a digestão. O consumo exagerado de álcool é uma das causas dessa doença, e sua ingestão pode provocar muita dor, danificar o processo de digestão e os níveis de insulina, principal problema do diabetes.
Úlcera: é uma ferida no estômago. Portanto, qualquer irritante gástrico, como o álcool, irá piorar o problema e aumentar a dor.
Insuficiência cardíaca: por ser tóxico, o álcool piora a atividade do músculo cardíaco. Quem já sofre desse problema deve evitar bebidas alcoólicas para que a atividade de circulação do sangue não piore.
Arritmia cardíaca: de modo geral, ele afeta o ritmo dos batimentos cardíacos. A bebida alcoólica induz e piora a arritmia.
Redobre a atenção
Há também aqueles que devem ter muito cuidado ao beber, mesmo que pouco.Tudo depende do grau da doença, do tipo de remédio e do organismo de cada um.
Problemas psiquiátricos: o álcool muda o comportamento das pessoas e pode alterar o efeito da medicação. É arriscada, portanto, a ingestão de bebida alcoólica por aqueles que já têm esse tipo de problema.
Gastrite: é uma fase anterior à úlcera e quem sofre desse problema deve tomar cuidado com a quantidade de bebida alcoólica ingerida. Como pode ser curada e controlada, é permitido o consumo álcool moderado, mas sempre com autorização de um médico.
Diabetes: Todos os diabéticos devem ficar atentos ao consumo de álcool. A quantidade permitida dessa ingestão depende do grau do problema, dos remédios e do organismo da pessoa. Recomenda-se, se for beber, optar por fazê-lo antes ou durante as refeições para evitar a hipoglicemia.
Saiba mais
Álcool e saúde
A relação entre consumo de álcool e doenças cardiovasculares em seres humanos pode ser representada por uma 'curva em J', segundo análise estatística: quem bebe pequenas quantidades de álcool por dia (duas doses para homens e uma para mulheres) costuma ter riscos menores de ter um infarto do coração ou um derrame cerebral do que abstêmios; mas quem bebe muito aumenta as chances de ter esses problemas. O 'J' representa essa curva graficamente. A perna menor da letra representa o risco dos abstêmios. Sua queda na curva da letra representa o risco dos bebedores moderados, e sua ascensão acentuada na perna grande da letra o risco dos que bebem muito.