Ação e dólar reduzem número de indicados ao Oscar
Embora a Academia de Hollywood possa indicar até dez filmes na disputa pelo prêmio principal, os indicados têm ficado em nove
Da Redação
Publicado em 15 de janeiro de 2016 às 09h04.
São Paulo - Embora a Academia de Hollywood possa indicar até dez filmes na disputa pelo prêmio principal, os indicados têm ficado em nove.
A Academia este ano diminuiu o número e indicou na quinta, 14, oito títulos para o Oscar de melhor filme. O campeão de indicações é O Regresso, de Alejandro González Iñárritu.
O mexicano já venceu no ano passado com Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância). O Regresso é melhor e ainda tem Leonardo DiCaprio, eterno perdedor pelos filmes de Martin Scorsese, numa interpretação poderosa como o homem que é deixado para morrer por quem já matou seu filho na inóspita paisagem da América pré-independência no século 18.
Como história de vingança, como relato de cinema, O Regresso mostra Iñárritu em plena posse de seus meios.
É a obra-prima do diretor, melhor também que Amores Perros, que marcou sua explosão. Mas a história é clássica. Passa-se há 200 anos, não tem a urgência das denúncias de outros indicados - Spotlight - Segredos Revelados, de Tom McCarthy, que tem seis indicações e aborda o abuso de crianças por padres católicos, e A Grande Aposta, de Adam McKay, cinco indicações, que investe contra o sistema financeiro. E Iñárritu venceu no ano passado. Bisar os prêmios de filme e direção em anos seguidos é coisa que não acontece desde os tempos dos lendários Frank Capra e John Ford.
É um pouco o problema de toda essa disputa - mesmo sob o risco de parecer querer causar, o melhor filme da 88.ª edição do Oscar é Mad Max - Estrada da Fúria, mas o diretor George Miller pode se considerar feliz por haver obtido dez indicações, inclusive nas categorias principais de filme e direção.
Star Wars - O Despertar da Força, de J.J. Abrams, que se encaminha para ser a maior bilheteria da história, teve de se contentar com indicações técnicas. E Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros, de Colin Trevorrow, segundo estouro do ano, nem isso - e olhem que se trata de uma aventura eletrizante.
O Oscar tem dessas coisas. Filmes de ação tendem a ser desqualificados como se fossem meros divertimentos.
É preciso que um filme do gênero, como o de Iñárritu, sacuda o público com a brutalidade de cenas como a do ataque do urso - prepare-se! -, para que até o intelectual desarme suas defesas e seja arrastado no ímpeto da narrativa e perceba que, afinal, tudo aquilo tem a ver com um certo estado do homem no mundo.
O choque cultural, a violência, os interesses mercantilistas naquela América têm a ver, sim, com o mundo atual. No limite, estamos assistindo a algo muito interessante, mesmo nesse reconhecimento (parcial ou total? Aguardemos) da ação e da aventura.
Quentin Tarantino, o poeta (ou açougueiro?) pop da violência, dessa vez não seduziu os críticos nem o público e Os Oito Odiados pode até levar o prêmio de trilha que já ganhou no Globo de Ouro, mas será um reconhecimento ao compositor de Sergio Leone.
É um momento crucial. Iñárritu e Miller são homens do cinemão, por mais ambição intelectual que tenha o primeiro. Adam McKay veio do humor à Will Ferrell e agora assina uma comédia séria (A Grande Aposta). Quanto aos independentes... Tod Haynes confessou ao repórter que buscava um retorno a Longe do Paraíso, também melhor. Carol cravou cinco indicações, mas não está na lista do Producers Guild Award, portanto, está fora. Sempre sobra um prêmio de atriz - para Rooney Mara? Kate Winslet (Steve Jobs) é melhor.
Não faltam bons - ótimos - filmes na 88.ª edição, mas o Oscar parece estar na encruzilhada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
São Paulo - Embora a Academia de Hollywood possa indicar até dez filmes na disputa pelo prêmio principal, os indicados têm ficado em nove.
A Academia este ano diminuiu o número e indicou na quinta, 14, oito títulos para o Oscar de melhor filme. O campeão de indicações é O Regresso, de Alejandro González Iñárritu.
O mexicano já venceu no ano passado com Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância). O Regresso é melhor e ainda tem Leonardo DiCaprio, eterno perdedor pelos filmes de Martin Scorsese, numa interpretação poderosa como o homem que é deixado para morrer por quem já matou seu filho na inóspita paisagem da América pré-independência no século 18.
Como história de vingança, como relato de cinema, O Regresso mostra Iñárritu em plena posse de seus meios.
É a obra-prima do diretor, melhor também que Amores Perros, que marcou sua explosão. Mas a história é clássica. Passa-se há 200 anos, não tem a urgência das denúncias de outros indicados - Spotlight - Segredos Revelados, de Tom McCarthy, que tem seis indicações e aborda o abuso de crianças por padres católicos, e A Grande Aposta, de Adam McKay, cinco indicações, que investe contra o sistema financeiro. E Iñárritu venceu no ano passado. Bisar os prêmios de filme e direção em anos seguidos é coisa que não acontece desde os tempos dos lendários Frank Capra e John Ford.
É um pouco o problema de toda essa disputa - mesmo sob o risco de parecer querer causar, o melhor filme da 88.ª edição do Oscar é Mad Max - Estrada da Fúria, mas o diretor George Miller pode se considerar feliz por haver obtido dez indicações, inclusive nas categorias principais de filme e direção.
Star Wars - O Despertar da Força, de J.J. Abrams, que se encaminha para ser a maior bilheteria da história, teve de se contentar com indicações técnicas. E Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros, de Colin Trevorrow, segundo estouro do ano, nem isso - e olhem que se trata de uma aventura eletrizante.
O Oscar tem dessas coisas. Filmes de ação tendem a ser desqualificados como se fossem meros divertimentos.
É preciso que um filme do gênero, como o de Iñárritu, sacuda o público com a brutalidade de cenas como a do ataque do urso - prepare-se! -, para que até o intelectual desarme suas defesas e seja arrastado no ímpeto da narrativa e perceba que, afinal, tudo aquilo tem a ver com um certo estado do homem no mundo.
O choque cultural, a violência, os interesses mercantilistas naquela América têm a ver, sim, com o mundo atual. No limite, estamos assistindo a algo muito interessante, mesmo nesse reconhecimento (parcial ou total? Aguardemos) da ação e da aventura.
Quentin Tarantino, o poeta (ou açougueiro?) pop da violência, dessa vez não seduziu os críticos nem o público e Os Oito Odiados pode até levar o prêmio de trilha que já ganhou no Globo de Ouro, mas será um reconhecimento ao compositor de Sergio Leone.
É um momento crucial. Iñárritu e Miller são homens do cinemão, por mais ambição intelectual que tenha o primeiro. Adam McKay veio do humor à Will Ferrell e agora assina uma comédia séria (A Grande Aposta). Quanto aos independentes... Tod Haynes confessou ao repórter que buscava um retorno a Longe do Paraíso, também melhor. Carol cravou cinco indicações, mas não está na lista do Producers Guild Award, portanto, está fora. Sempre sobra um prêmio de atriz - para Rooney Mara? Kate Winslet (Steve Jobs) é melhor.
Não faltam bons - ótimos - filmes na 88.ª edição, mas o Oscar parece estar na encruzilhada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.