9 grandes - e inusitadas - consequências do fim de Avenida Brasil
Faturamento bilionário, interferência na agenda da presidente e consumo expressivo de energia - veja o que, na prática, representou o fim na novela global
Da Redação
Publicado em 26 de outubro de 2012 às 10h56.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h16.
Foram 179 capítulos recheados de (salgadas) inserções publicitárias. Pelo preço de tabela, cada anúncio de 30 segundos com veiculação nacional rendeu 535.500 reais à Globo. Não por acaso, a revista Forbes calcula que a maior emissora do país tenha embolsado até 2 cerca de bilhões de reais com a novela - maior valor já alcançado por uma produção televisiva em toda a América Latina. O custo de "Avenida Brasil", por outro lado, foi bem menor: 80,5 milhões de reais.
Nada menos que 500 anunciantes apareceram no último capítulo de "Avenida Brasil". A Central Globo de Comunicação informou que os espaços foram ocupados com dois meses de antecedência. Ainda de acordo com a CGCOM, ver novela seria a terceira atividade mais exercida pelos brasileiros, atrás apenas de comer e dormir - o que justificaria o interesse das grandes empresas em aparecer nos intervalos das atrações. A P&G, que tem Gisele Bündchen como garota propaganda, apostou em 10 inserções comerciais no último capítulo da novela.
Não foi apenas durante as propagandas que a "Avenida Brasil" deu espaço para anunciantes. Diversas marcas apostaram em ações de merchandising que fizeram parte do enredo da trama. A Lupo, por exemplo, patrocinava o time de futebol do Divino. Os volantes dos carros da Kia também passearam nas mãos do elenco. O SUV Sorento, o Optima e o Sportage estiveram entre os veículos que ganharam as pistas na novela. Natura, P&G, Itaú, Grendene e Embelleze também integraram o robusto time das marcas que faziam parte do dia-a-dia dos personagens.
Ruas vazias e calmaria em grandes centros: muita gente parecia estar assistindo à novela na noite de ontem. E os números do Ibope não deixaram margem para dúvidas. O fim da trama de João Emanuel Carneiro durou uma hora e 43 minutos - o suficiente para cravar uma média de 51 pontos na Grande São Paulo. Durante o período de exibição, Record e SBT somaram apenas 5 pontos. Com isso, Avenida Brasil teve a maior audiência da TV aberta no ano. Apesar de ter batido a antecessora "Fina Estampa", a novela não superou o feito de "A Favorita", escrita pelo mesmo autor, cujo capítulo final alcançou a marca de 55 pontos, em 2009.
Lugares inóspitos do planeta, denúncias sociais, curiosidades sobre o mundo animal... Os temas são recorrentes no Globo Repórter, exibido nas noites de sexta-feira. Mas eles cederam lugar à "Avenida Brasil" na noite de ontem. Explorando a onipresença do tema, a Globo filmou os atores da produção assistindo ao último capítulo. Entrevistado, o autor da novela afirmou que as pessoas teriam capacidade de perdoar umas às outras outras - uma referência ao duradouro embate entre as personagens Nina e Carminha.
No Twitter, "Avenida" Brasil chegou ao topo dos assuntos mais comentados no mundo com a hashtag #OiOiOiFinal, evocando o tema de abertura da novela. Na manhã deste sábado, o assunto permanecia entre os os dez mais populares do Brasil.
Dilma Rousseff participaria de um comício na capital paulista marcado para sexta-feita, data do capítulo final da novela. Temendo que pouca gente marcasse presença, a organização transferiu o evento para hoje à noite. Ontem, a presidente apresentou-se em Salvador junto com Nelson Pelegrino, que concorre ao segundo turno das eleições municipais com ACM Neto. Mas "Avenida Brasil" outra vez deu o tom na dinâmica do evento: o comício, no bairro de Cajazeiras, terminou pouco antes das 21h - horário em que começou o folhetim da Globo.
O sucesso da novela também alavancou a exposição - e apelo publicitário - de seus principais personagens. Apesar de interpretar um vilão, José de Abreu, o Nilo, raspou sua icônica barba e levou um cheque no valor de 200.000 reais que será revertido para o Instituto Ayrton Senna, no Rio de Janeiro. A ação faz parte do projeto "Barba do Bem", da Gillette.
Até o Operador de Energia Elétrica (ONS) voltou os olhos para o derradeiro capítulo de "Avenida Brasil": nos primeiros oito minutos após o fim da novela, era esperado um consumo de energia equivalente ao do estado do Paraná. Isso porque a ONS costuma observar um fenômeno chamado rampa de carga após eventos televisivos de grande porte, como a Copa do Mundo. Na prática, uma boa quantidade de pessoas se dedica a atividades corriqueiras logo após o término dessas atrações. Mas se ver TV demanda pouca energia, o mesmo não pode ser dito sobre tomar banho e lavar roupa. O resultado? Um pico de consumo que, segundo a ONS, é alto mas não chega a ameaçar o sistema de distribuição.