6 documentários na Netflix para entender melhor o tráfico
Filmes falam principalmente sobre a estratégia falida da guerra às drogas que consumiu mais de US$ 1 trilhão do governo americano
Da Redação
Publicado em 25 de julho de 2016 às 20h32.
A revista The Economist, conhecida por seu viés liberal, já cravou. Em matéria de capa de fevereiro deste ano, a publicação diz que é hora de caminhar rumo à descriminalização ou legalização da maconha .
Diz a revista também que o mercado de drogas consideradas ilícitas pode gerar até US$ 300 bilhões. É muito dinheiro. E os governos não veem nada dele. Só assistem aos corpos aos montes e às vidas despedaçadas. E gastam outros bilhões com a guerra às drogas e seus reflexos.
O Colorado, um dos estados americanos que legalizou o consumo medicinal e recreativo da maconha, já colhe os dividendos de sua decisão arriscada: lojas licenciadas e regulamentadas do estado registraram venda de maconha da ordem de US$ 996 milhões somente em 2015.
Ou seja: R$ 3,9 bilhões em 12 meses. A melhor parte é o fato de os cofres acabarem inflados em US$ 135 milhões (R$ 530 milhões).
O pequenino e valente Uruguai chocou o planeta em 2014 quando seu secretário nacional de drogas do país, Julio Heriberto Calzada, disse com todas as letras que não registrava mortes ligadas à venda de maconha desde que o governo local regulamentou o cultivo, o comércio e o uso da droga.
Esses são os novos números sobre a maconha.
Resta ainda uma infinidade de outras substâncias que as pessoas fazem uso diariamente. Portugal, por exemplo, decidiu tomar para si o cuidado com os usuários de todo tipo de droga, com resultados igualmente surpreendentes.
É sobre isso que falamos nos filmes abaixo. Mas, principalmente, sobre o outro lado da moeda: a estratégia falida da guerra às drogas que consumiu mais de US$ 1 trilhão do governo americano, mas nunca foi capaz de fazer nada além de vítimas e construir megatraficantes como Pablo Escobar.
Então, boa sessão. Ainda que a pipoca possa não descer tão saborosa.
1. Quebrando o Tabu (2011)
Direção: Fernando Grostein Andrade e Cosmo Feilding-Melle
Políticos (Bill Clinton, Fernando Henrique Cardoso, Jimmy Carter), estudiosos (Ethan Nadelmann, Gro Brundtland, Drauzio Varella), mas também usuários, incluindo alguns famosos, como o escritor Paulo Coelho.
O filme costura diversas opiniões e experiências positivas que tentaram romper com os paradigmas atrasados e sem sucesso de criminalizar, demonizar e fazer do combate às substâncias ilícitas um campo de batalha tenebroso.
2. Cocaine Cowboys (2006)
Direção: Billy Corben
Se você assistiu a Narcos ou Scarface, já sabe bem do que esse documentário trata: os imperadores da cocaína na Colômbia - os cartéis de Cali e Medellin - fizeram de Miami a cidade americana mais sangrenta nas décadas de 1970 e 1980.
Tudo porque o pó mostrou-se altamente mais lucrativo do que a maconha, num país em que o consumo de drogas é imenso. É possível que ninguém quisesse escapar de qualquer mazela brasileira empacotando tudo e indo para a Flórida.
Jornalistas, policiais, agentes antidrogas, membros de gangues e traficantes falam do período mais escabroso desde a Chicago de Al Capone e a proibição do álcool.
3. A Vida Privada dos Hipopótamos (2014)
Direção: Maíra Bühler e Matias Mariani
Este vale falar pouco ou quase nada. Trata-se da fascinante e tortuosa jornada individual de Chris Kirk, um técnico de informática americano que acaba preso numa penitenciária de São Paulo.
Os hipopótamos do título? Uma teórica paixão de Kirk pela história de Pablo Escobar, especialmente o trecho onde o chefão traz os animais da África. O documentário é um quebra-cabeça da realidade, que parece não se completar nunca.
4. Rubble Kings (2010)
Direção: Shan Nicholson
Bronx, Nova York, década de 1970. Esqueça tudo de positivo que Alicia Keys falou sobre a cidade que não dorme. No distrito mais perigoso da maior cidade americana, não dormir tinha sentidos completamente opostos, sendo tentar não morrer esfaqueado ou espancado o mais comum deles.
O documentário narra a disputa de gangues, ouve seus líderes, colhe imagens brutais de arquivo e destrincha uma Nova York que não interessava para ninguém: negros, latinos e pobres viciados em heroína e crack.
Acontece que foi justamente no meio de uma das guerras mais sangrentas daquela região que o hip hop tomou corpo de vez.
5. Cartel Land (2015)
Direção: Matthew Heineman
Vencedor dos prêmios de Melhor Documentário e Melhor Diretor de não-ficção em Sundance, Cartel Land esmiúça o tráfico e seu potencial de guerra.
O filme mostra os cozinheiros reais de metanfetaminas e explora o levante popular de Michoacán iniciado por José Mireles, um autodenominado vigilante armado.
Do outro lado da fronteira, o americano Tim "Nailer" Foley junta o que resta num grupo paramilitar para evitar que traficantes pulem para o Arizona. Retrato crítico do abandono e da distância entre ações governamentais e o cotidiano.
6. Super High Me (2007)
Direção: Michael Blieden
Qual é a melhor maneira de debater os efeitos da maconha no organismo e no cérebro do que ouvir um comediante e usuário confesso? Doug Benson decidiu colocar o corpo (ele sofre mudanças drásticas) ao bem do cinema.
Foram 30 dias sem consumir maconha, para, no mês seguinte, passar o tempo todo chapado. Apesar do tom irônico, o tema aqui é acompanhamento médico e estudo de como os usuários reagem a uma espécie de terapia de choque canábico.