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20 anos sem o gênio Stanley Kubrick; relembre obras do diretor

Perfeccionista, Kubrick nunca estava completamente satisfeito com seu trabalho e dirigiu filmes como "Laranja Mecânica" e "Lolita"

Stanley Kubrick (Sunset Boulevard/Corbis/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de março de 2019 às 18h41.

São Paulo — Completam-se nesta quinta-feira (7) 20 anos da morte de Stanley Kubrick. A data será lembrada pelo canal Cinemax, que programou, senão uma retrospectiva completa, a revisão de uma parte significativa da obra do grande diretor.

A programação começou às 6h25 com Lolita, que Kubrick adaptou do romance de Vladimir Nabokov, e deve apresentar todos os filmes que ele fez depois — menos Laranja Mecânica, outra adaptação, de Anthony Burgess. Os filmes restantes são seis, alguns ainda dá tempo de conferir - Dr. Fantástico, às 9 h; 2001 - Uma Odisseia no Espaço, às 10h40; Barry Lindon, às 13h10; O Iluminado, às 16h20; Nascido para Matar, às 18h20; e De Olhos bem Fechados, às 20h20.

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Fotógrafo — por orientação paterna —, aos 17 anos Kubrick já era profissional, na revista Look. Em 1953, estreou na direção com Fear and Desire. Seguiram-se A Morte Passou por Perto, O Grande Golpe, Glória Feita de Sangue, Spartacus, Lolita e todos os demais que passam no MAX. Moralista e pessimista, adorava experimentar. Seu sonho - frequentar todos os gêneros, deixando sua marca, uma obra-prima, em cada um deles. Assalto, noir, guerra, superespetáculo histórico, sátira política, ficção científica, terror. Ficou devendo o western. Por pouco. Contratado para dirigir A Face Oculta, foi despedido pelo astro Marlon Brando.

Existem temas que atravessam a obra — o olho que tudo vê, a palavra enguiçada, enlouquecida, etc. Perfeccionista, nunca estava completamente satisfeito com seu trabalho. Embora dominasse a técnica, e tenha tentado atingir os limites do impossível - em 2001 -, sua crença era de que o cinema é montagem. A arte de organizar imagens no inconsciente do público. Sergei M. Eisenstein também acreditava nisso, mas cada tinha seu estilo, sua visão de mundo.Um passeio pelos filmes.

Lolita

Da obra-prima erótica e escandalosa de Nabokov, Kubrick tirou um filme cerebral sobre o desejo de James Mason pela enteada sexy, Sue Lyon.

Dr. Fantástico

A Guerra Fria, a ameaça atômica e o telefone vermelho que estabelecia a linha direta entre a Casa Branca e o Kremlin. Diversos papeis para Peter Sellers, a glacial exposição do fim do mundo pelas dissolução do único elo que poderia unir os homens - a palavra. Kubrick foi sempre obcecado pelo fracasso da palavra, e isso que ele não viveu na era das redes sociais e das fake news.

2001 - Uma Odisseia no Espaço

A aurora do mundo, o macaco descobre o osso como ferramenta e um corte faz a história avançar milhões de anos, até a nave que dança no espaço (Danúbio Azul). O mistério do monolito negro, o olho de Hal-9000, que tudo vê, a relação entre o macro e o microuniverso, o túnel de luz e o velho que renasce como bebê, que contempla a Terra ao longe. Ma-ra-vi-lho-so.

Barry Lindon

O romance de Tackeray, a filmagem à luz de velas, o exagerado desejo de Ryan O'Neal por prestígio. A beleza visual, segundo Jean Tulard no Dicionário de Cinemas, não compensa o aborrecimento da história.

O Iluminado

https://www.youtube.com/watch?v=lnsFOmv8Yjk

Stephen King, o escritor Jack Nicholson quase isola num hotel deserto para produzir um livro. Mas o texto não deslancha, ocorrem coisas nos imensos corredores e o pai vai tentar matar o próprio filho. O horror, o horror.

Nascido para Matar

O treinamento militar, o esvaziamento das mentes dos recrutas por meio de palavras de ordem alienantes. Na segunda parte, a Guerras do Vietnã - que Kubrick filmou num hangar abandonado. O atirador solitário, na verdade, a atiradora. Em 1987, o cineasta já antecipava o empoderamento, muito forte.

De Olhos Bem Fechados

Stefan Zweig, a Traumnovelle, a novela do sonho. Tom Cruise, que se sente traído por Nicole Kidman, viaja no que não deixa de ser um coito interrompido. Kubrick, cada vez mais, cria relatos hipnóticos, mas busca, o que não deixa de ser um paradoxo, um espectador consciente, alerta contra o caráter massificante/totalitário das imagens e sons do cinema. Essa reflexão passa pelos olhos de Alex, que não conseguem fechar-se durante o Tratamento regenerador (Ludovioco) em Laranja Mecânica, mas nós, o público, torcemos para que ele permaneça selvagem.

 

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