10 carros que já saíram de linha, mas deixam saudade
Extintos das fábricas brasileiras, alguns modelos viraram verdadeira paixão de colecionadores de carros antigos. Confira alguns deles
Da Redação
Publicado em 29 de novembro de 2012 às 15h10.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h24.
São Paulo – Além do futebol e o carnaval, os automóveis são uma grande paixão do brasileiro. Quem afirma é o restaurador de carros antigos e membro da Federação Brasileira de Veículos Antigos Ricardo Oppi. Grande conhecedor do assunto, ele conta que alguns modelos que não fizeram muito sucesso na época em que foram lançados são, hoje, alvo de cobiça por parte de colecionadores brasileiros, como o Dodge Dart e o Escort conversível. Em conversa com EXAME.com, ele cita esses e outros exemplos de carros que já foram fabricados no país, saíram de linha e, agora, são lembrados (e comprados) com muito carinho.
“Paixão maior do que a pelo fusca não existe. Entre as pessoas mais velhas, quase todo mundo algum dia teve um fusca ou pelo menos tirou carteira de motorista em um”, diz Oppi. Para ele, esse amor não vem das qualidades técnicas do carro da Volkswagen, já que era um automóvel com um desempenho ruim, nem do conforto, já que seu tamanho é reduzido, o barulho é alto e o calor é intenso em dias de sol. Fabricado no Brasil de 1959 a 1996, o principal mérito do Fusca era o preço baixo. Mas, depois de sair de linha mundialmente (o último foi produzido no México em 2003), tornou-se raridade e deixou muitos fãs. Atualmente, um modelo dos anos 60 totalmente restaurado custa cerca de 22.000 reais.
Outro ícone que ainda deixa saudade e tem muitos fãs é o modelo Karmann Ghia, da Volkswagen. O primeiro carro desse tipo foi produzido no Brasil em 1962 e o último, em 1971. O interesse por ele existe devido a o seu design esportivo, com dois lugares, mecânica de qualidade e a raridade desse carro no mercado. “Para se ter uma ideia, foram fabricadas só 177 unidades do Karmann Ghia conversível”, afirma Oppi. O restaurador afirma que, por isso, o automóvel é muito procurado por colecionadores e tem um lugar cativo nos corações dos apaixonados por carros. Um modelo da década de 60 totalmente reformado custa na faixa de 80.000 a 90.000 reais, segundo o ele. Já o conversível, com cerca de 50 a 60 unidades no mercado, tem valor médio de 150.000 reais.
O primeiro carro nacional completamente projetado e comercializado no Brasil também caiu nas graças dos fanáticos por automóveis. O SP2, fabricado pela Volkswagen entre os anos de 1972 e 1976, foi lançado para concorrer com o Puma, na categoria de carros esportivos, e deu certo. Seu destaque na época foi devido ao belo design, a mecânica de boa qualidade e o custo-benefício. Ao todo, foram produzidas 10.205 unidades e, atualmente, os raros modelos 100% conservados podem chegar a custar entre 90.000 e 100.000 reais, segundo o restaurador Ricardo Oppi.
A produção do Passat no Brasil foi de 1974 a 1988 e o mérito desse modelo está em sua mecânica inovadora. Isso porque ele foi o primeiro automóvel produzido pela Volkswagen no país que tinha um motor refrigerado a água – até então, os demais carros tinham sistema de ar. “Como o brasileiro já tinha embarcado na Volks, foi uma grande novidade colocar um automóvel um pouco mais arredondado e ainda refrigerado a água”, diz Oppi. Na época, seu concorrente na categoria era O Corcel, da Ford, mas que não conseguiu despertar o mesmo sentimento do público.
“Uma grande paixão é o pelo Galaxie Landau. Ele chegou a ser o carro mais caro do país, com seu conforto, desempenho, altíssimo consumo. Uma verdadeira banheira”, afirma o restaurador. Ele já foi o carro oficial usado pela presidência da república, tendo sido usado pelos governos de João Figueiredo, José Sarney e Fernando Collor. Produzido pela Ford, essa versão de luxo do Ford Galaxie saiu das fábricas brasileiras entre os anos 70 e inicio dos 80 e também transportou o Papa João Paulo II, em sua visita ao país em 1980. Um modelo totalmente conservado e reformado custa em torno de 45.000 a 50.000 reais.
Fabricado no Brasil a partir de 1969 até 1981, o Dodge Dart era um grande concorrente do Ford Galaxie Landau e, hoje, deixa saudades entre os colecionadores. Um modelo reformado pode custar cerca de 90.000 reais, segundo Oppi. Assim como seu concorrente, o carro fabricado pela Chrysler era uma “banheira”, grande no tamanho e no consumo de combustível, mas com um bom desempenho, podendo alcançar até 180 quilômetros por hora. No entanto, a época em que o modelo nasceu não foi muito favorável, já que, na década de 70, o mundo passava pela crise do petróleo, prejudicando a produção e as vendas.
O Escort, da Ford, foi lançado no Brasil em 1983, mas o primeiro conversível foi feito em 1985. Ao longo dos anos, a companhia fez várias modificações no automóvel, tanto na parte estética quanto na mecânica, mas não conseguiu ter grande popularidade entre os brasileiros até sair de linha. “O brasileiro não compra normalmente um carro conversível, mas quando ele sai de linha, fica louco para ter um”, afirma Oppi. Segundo ele, apesar do preconceito que a maioria dos brasileiros tem com automóveis desse tipo, o Escort conversível também é lembrado com carinho e é alvo do desejo de muitos colecionadores.
O primeiro automóvel de passeio feito pela General Motors no Brasil foi fabricado de 1968 até 1992. Segundo o restaurador Ricardo Oppi, o modelo conseguiu sobreviver à crise do petróleo, nos anos 70, porque também foi fabricado em motor quatro cilindros (enquanto os demais tinham seis cilindros), o que deu mais suavidade à direção. A opção de álcool como combustível também favoreceu o Opala, que se sustentou por mais tempo, diferentemente do Dodge Dart. Durante o tempo em que foi fabricado, o carro atualmente muito cobiçado teve versões de duas e quatro portas e camioneta.
Aposentado no ano 2000, o modelo Gol GTI é hoje item de colecionador. Isso porque ele foi o primeiro automóvel fabricado no Brasil com injeção eletrônica. A inovação fez com que o carro não falhasse na hora de ligar, dispensando o carburador e, assim, diminuindo as emissões de gases poluentes. O automóvel começou a ser fabricado em 1989 e, desde então, foi seguido por todos os outros. Depois de vários anos, sem ser mais novidade, ele saiu de cena para dar lugar a nostalgia.
Em 1982 começou a fabricação do Monza no Brasil, um dos últimos carros que, segundo Ricardo Oppi, merecem o título de “paixões”. Enquanto os faróis dos demais eram quadrados, o design desse modelo começou a inclinar e arredondar formas, como nos faróis e na dianteira. Fabricado pela General Motors, o Monza foi o carro mais vendido no país em 1984, 1985 e 1986. Seus concorrentes eram o Santana, Tempra e Versailles, que tiveram menos expressão entre os mais amados. Em 1996, ele parou de ser fabricado e deixou para trás muitos fãs.