“Uma das marcas que quero deixar é a nossa brasilidade”, afirma CEO do Grupo L’Oréal Brasil
No ano em que completa 65 anos no Brasil, a multinacional francesa aposta em parcerias globais para atração de talentos - e o presidente em uma grande meta de carreira
Repórter
Publicado em 28 de setembro de 2024 às 10h01.
Última atualização em 22 de outubro de 2024 às 02h06.
“A minha maior missão é ter uma empresa que represente o Brasil, seja por meio dos nossos funcionários, produtos ou impacto social positivo. Se eu tivesse que destacar uma das marcas que eu quero deixar como CEO é essa “brasilidade”, afirma Marcelo Zimet, CEO doGrupo L’Oréal Brasil.
Para se tornar uma companhia multinacional reconhecida como uma das mais diversas e inclusivas, o Grupo L’Oréal no Brasil assinou nesta semana um compromisso com o “Movimento Educa 2030”, iniciativa liderada pelo Pacto Global da ONU, em parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego e a Unicef. Ao aderir ao movimento, a empresa se compromete ematingir a cota legal de aprendiz e oferecer o desenvolvimento profissional para mulheres nas áreas de exatas.
A companhia também anunciou a parceria com a Rede Empresarial de Inclusão Social (REIS) parapromover a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho- a meta da REIS é de atingir 500 mil novas contratações por meio de empresas associadas até 2030.
“Sabemos que não há crescimento econômico sem responsabilidade social e ambiental, fatores centrais para a nossa estratégia e que orientam as nossas tomadas de decisão. A assinatura do Movimento Educa 2030 é um reflexo disso.”
O desafio dos jovens no mercado de trabalho
No Brasil, mais de 1,8 milhão de pessoas estão desempregadas há dois anos ou mais, segundo o IBGE. Desse total, a empregabilidade jovem é um dos principais desafios que o país enfrenta, de acordo com o CEO do Grupo L’Oréal Brasil. Hoje, cerca de 4,6 milhões de jovens não estudam nem trabalham no Brasil. Quando o recorte é gênero e raça, mulheres e pessoas negras seguem com índices de desemprego acima da média nacional.
“Nós, como setor privado, temos um importante papel de contribuir com a educação e a inclusão produtiva no país”, afirma Zimet. ‘
Para o CEO, o objetivo desses acordos globais é claro e possível: se resume em garantir que todas as pessoas, principalmente de grupos sub representados, tenham as ferramentas e oportunidades necessárias para desenvolverem suas carreiras e se destacarem no mercado de trabalho.
“A parceria com instituições estratégicas é fundamental para avançarmos ainda mais nesta agenda”, diz Zimet.
As metas para a diversidade
Para atrair profissionais diversos, o Grupo L’Oréal apostou em programas de diversidade, equidade e inclusão no Brasil.
Um dos movimentos é o “L’Oréal Para Jovens”, programa global que criou mais de 25 mil oportunidades profissionais para pessoas abaixo de 30 anos. Com a assinatura do acordo, a companhia se compromete em atingir, até 2030, a cota legal de aprendizes na companhia - o que equivale entre 5% e 15% do total de funcionários.
"A nossa ambição é que o programa de aprendiz seja a principal fonte de recrutamento para as vagas de estágio”, afirma o presidente.
Quando o recorte é gênero, há 19 edições no Brasil o Grupo promove o programa “Para Mulheres na Ciência”, premiando anualmente sete jovens cientistas com uma bolsa-auxílio de 50 mil reais para desenvolverem suas pesquisas. Outra medida é o “Fundo L’Oréal Para Mulheres”, que recebeu 80 milhões de euros para apoiar organizações que ajudam mulheres em situações de vulnerabilidade social e que lutam contra a violência.
"Como resultado, 56% dos nossos cargos de liderança são ocupados por mulheres, dentre as quais 27% são mulheres negras”, afirma o CEO.
A agenda de inclusão racial também é importante para a companhia que se tornou cofundadora e signatária do Mover (Movimento Pela Equidade Racial). Considerando que 56% da população brasileira se autodeclara preta ou parda, o CEO reforça que tem um grande foco em contribuir para perfis de jovens negros, por meio da empregabilidade e de cursos e mentorias com líderes do Grupo L’Oréal.
“Como uma das medidas, hoje atuamos com o compromisso de dedicar 50% das nossas vagas de entrada, formada por programas de jovem-aprendiz, estágio e trainee, para pessoas negras.”
Outro foco de diversidade da companhia é com profissionais que possuem algum tipo de deficiência. O Grupo L’Oréal possui programas de capacitação e contratação afirmativos, como o “Diversifica”, com foco em profissionalização, e o “L’Oréal Recruta Pessoas Com Deficiência”.
“Globalmente, o Grupo L’Oréal foi um dos primeiros signatários da Carta da Rede Global de Negócios e Deficiência, em 2015”, diz Zimet. “Nosso objetivo é acelerar e inspirar outras empresas para que também contribuam como parte da solução”.
Os 65 anos da L’Oréal no Brasil
A companhia completa neste ano 65 anos no Brasil, país considerado um laboratório a céu aberto. Segundo o CEO, dos 66 tons de pele mapeados ao redor do mundo, 55 estão no Brasil, além de todos os 8 tipos de cabelo que estão por aqui - o que nos torna o Brasil muito estratégico para o ramo dos negócios.
“Em termos de desenvolvimento de produto, o Brasil é como um termômetro: o que dá certo por aqui, muito provavelmente funcionará para os outros países também”, afirma o CEO do Grupo no Brasil.
Por atender diferentes pessoas,o Grupo L’Oréal no Brasil cresceu cerca de 18% em 2023 e, segundo Zimet, segue crescendo a duplo dígito no primeiro semestre de 2024, com forte destaque na Zona América Latina.
Essa diversidade dos consumidores brasileiros fez com que o Brasil atraísse um dos 7 hubs de Pesquisa & Inovação que o grupo possui globalmente.
“Com o Centro de Inovação, nos tornamos referência não só nacionalmente, mas no mundo todo. Por meio dele desenvolvemos, por exemplo, fórmulas capazes de reduzir o impacto ambiental”, afirma Zimet.
O desafio do CEO brasileiro
Ser o primeiro presidente brasileiro do Grupo no Brasil é para o Zimet motivo de orgulho e um enorme desafio.
“Meu grande desafio, desde o primeiro dia, é fazer com que a nossa empresa represente o Brasil em sua mais infinita diversidade”, afirma.Para o executivo, o papel do CEO está relacionado a um propósito, e no caso do Grupo L’Oréal é o de criar a beleza que move o mundo.
“Como dizia o nosso fundador, Eugène Schueller, ‘Uma empresa não é sobre paredes e máquinas, mas sobre pessoas, pessoas e pessoas’. Assim, precisamos trazer pessoas diversas para juntos, pensarmos no futuro das nossas marcas e inovações. Essa é a minha grande missão por aqui.”