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Dia Nacional da Consciência Negra: o que fazer para melhorar a inclusão nas empresas brasileiras

Uma data criada há décadas e que carrega até hoje um propósito e vários desafios no Brasil

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Dia Nacional da Consciência Negra: o que fazer para melhorar a inclusão nas empresas brasileiras

Uma data criada há décadas e que carrega até hoje um propósito e vários desafios no Brasil

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Por Layane Serrano

Publicado em 20/11/2023, às 08:00.

Última atualização em 20/11/2023, às 11:41.

A origem da data que não é feriado nacional

No dia 20 de novembro é celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra. A data foi criada nos anos 70 com a intenção de contrapor o discurso do dia 13 de maio, que marca o dia da Lei Áurea, que determinou a abolição da escravidão no Brasil em 1888, afirma Paulo César Ramos, doutor em sociologia pela USP e coordenador de projetos do grupo Afro-Cebrap.

“Nos anos 70, para criticar o processo de abolição inacabado, um grupo chamado Grupo Palmares, de Porto Alegre, criou a Dia Nacional da Consciência Negra para reforçar a luta contra o racismo e as injustiças sociais com os negros,” diz o sociólogo que reforça que a data foi escolhida em homenagem a um grande líder quilombola no Brasil. “O dia 20 de novembro foi o dia em que morreu Zumbi dos Palmares. Não se sabia exatamente o dia de seu nascimento, então, elegeram o dia da sua morte.”

Zumbi liderava o Quilombo dos Palmares, que era um dos lugares onde escravos fugitivos e até alforriados viviam. “Ele acabou morrendo depois de uma longa guerra contra a Coroa Portuguesa e o governo da Capitania de Pernambuco”, diz Ramos.

Somente em 2011, a lei federal 12.519 reconheceu o dia 20 como o Dia Nacional da Consciência Negra, mas não a decretou como um feriado nacional. Em paralelo, alguns estados adotaram a data como um feriado estadual como Alagoas, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Rio de Janeiro e São Paulo – sendo este último a celebrar essa data pela primeira vez neste ano.

Apesar de a sociedade brasileira ter a marca da escravidão desde os seus primórdios, alguns avanços foram realizados após a abolição da escravidão, mesmo que de forma lenta:

  • 1988 - criação da Constituição que considera até hoje a prática de racismo como crime inafiançável;
  • 2003 - criação da lei que incluiu no Código Penal o crime de injúria racial;
  • 2010 - aprovado o Estatuto da Igualdade Racial;
  • 2012 - aprovada a Lei de Cotas de Ingresso nas Universidades;
  • 2014 - aprovada a Lei de Cotas Raciais no Serviço Público;
  • 2020 – aprovada cota para negros nas eleições.

“O dia 20 de novembro é uma data que proporciona a oportunidade de o movimento negro brasileiro desenvolver uma agenda propositiva de direitos. Não é só denunciar as violações, mas propor também políticas públicas eficazes. Neste cenário, não só a população, mais as empresas também são provocadas a combaterem o racismo,” afirma Ramos.

Além das políticas públicas que buscam retratar a violência histórica contra a população negra, empresas buscam atrair e reter talentos em seus times por meio de cotas em processos seletivos. Para ser uma ação social além de uma estratégia de negócio, como empresas estão atuando na diversidade de seus funcionários? Em quais áreas e iniciativas precisam avançar nos próximos anos?

Entre diversas fontes ouvidas e pesquisas consultadas, o avanço está na contratação dos cargos de entrada, como estagiários e analistas júniores, e os principais desafios estão na retenção desses talentos e na formação de líderes.

No dia 20 de novembro é celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra. A data foi criada para criticar o processo de abolição inacabado. Foto: Prostock-Studio/Getty Images

Quais são os avanços e desafios das empresas com a diversidade?

Nos últimos anos está cada vez mais comum ver anúncio de programas de estágios e trainees com cotas para estudantes e profissionais negros no Brasil. Mas com essa medida estamos conseguindo diminuir o racismo no país?  Negros estão conseguindo entrar, ficar e crescer no mercado de trabalho?

A diversidade, equidade e inclusão ganharam holofote nos últimos anos, mas um problema estrutural ainda existe em muitas empresas: o desenvolvimento deste profissional até chegar a cargos de liderança.

Os desafios começam desde o primeiro emprego até os cargos de alta liderança. Já é possível ver mudanças, com as cotas em universidades e empresas que ajudam na empregabilidade do profissional negro, mas os desafios de desigualdade, equidade e inclusão ainda continuam.

Começando pelos estágios. De acordo com números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), sete em cada dez jovens que não estudam ou não concluíram a faculdade são negros. O IBGE também mostra que a taxa de desocupação profissional é maior entre os negros:

  • 11% se autodeclaram negros,
  • 10% pardos,
  • 7% brancos.

E, quando empregados, os negros crescem menos dentro das organizações, segundo o estudo. Embora mais da metade (54%) dos trabalhadores do país sejam pretos ou pardos, apenas 30% dos cargos gerenciais nas empresas são ocupados por eles.

“Para reverter esse cenário é preciso que as empresas continuem provendo a empregabilidade dos jovens negros no Brasil. Fazer isso através de programas de entrada, como programa aprendiz, de estágio e trainee é um excelente caminho porque promove a empregabilidade para o público que menos têm acesso as vagas, que são os mais jovens” afirma Tiago Mavichian, CEO da Companhia de Estágios, empresa de recrutamento de estudantes para o mercado de trabalho.

Esse movimento já acontece no Brasil e já tem gerado grandes resultados, apesar dos desafios posteriores. A contratação de estagiários negros triplicou em 5 anos, segundo dados do estudo da Companhia de Estágios. De 2018 até outubro de 2023, o salto no volume de contratações anuais de estudantes pretos e pardos foi de 327%, o que representa um crescimento anual médio de 46%, segundo a terceira edição do “Mapeamento dos Estagiários Negros no Brasil", estudo realizado pela Companhia de Estágios.

O estudo tem como base 10.378 universitários negros contratados entre 2018 e 2023, com formação técnica ou superior nas cinco regiões do país e considera a mesma classificação de “cor ou raça” do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

“As iniciativas focadas em inclusão racial se firmaram no mercado de estágios brasileiro e as empresas não estão apenas atraindo estudantes negros para os seus processos seletivos de forma pontual, mas de forma contínua,” diz Mavichian.

Conhecer bem o perfil dos talentos negros no país tem sido fundamental neste processo de inclusão para que as empresas direcionem suas estratégias de atração e seleção de talentos, segundo Mavichian.

“O objetivo é que as pessoas contratadas sejam realmente expostas aos desafios do negócio, desenvolvidas por seus líderes e que ao final sejam efetivadas e passem a integrar de fato o pipeline de talentos das organizações”, afirma Mavichian.

A contratação de estagiários negros triplicou em 5 anos, segundo estudo da Companhia de Estágios. Foto: Hiraman/Getty Images

Perfil dos estagiários negros no país

Atualmente, 57% dos estagiários pretos e pardos são mulheres, moram no Sudeste (79%) e têm idade média de 23 anos - faixa etária similar à dos estagiários brancos, que têm em torno de 22 anos. No mapeamento do ano passado, a idade média era maior, 25 anos. Além disso, hoje, sete em cada dez estagiários negros que trabalham em empresas brasileiras vêm do ensino privado. O percentual está em linha com o cenário nacional visto que números do Censo da Educação Superior de 2021 mostram que, do total de ingressantes em cursos de graduação, apenas 12% estão em instituições públicas.

Vale destacar também que, os dados da PNAD Educação (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, divulgados em junho de 2023, apontam que o país possui 4,1 milhões de universitários pretos e pardos, que ocupam 48,3% das vagas no ensino superior, somando instituições públicas e privadas.

Os cursos com mais representatividade entre os jovens negros são Administração, Engenharia Civil, Engenharia de produção, Direito e Análise e desenvolvimento de sistemas. Já entre os pardos, destacam-se os cursos de Administração, Engenharia Civil, Engenharia de produção, Engenharia mecânica e Engenharia química.

Ainda de acordo com o levantamento, na prática, as cinco áreas que mais contrataram esses estudantes foram engenharia (construção civil), recursos humanos, marketing, operações e comercial.

Outro fator que está apoiando a entrada de negros no mercado de trabalho são os pré-requisitos que antes excluíam muitos candidatos, como conhecimentos avançados em inglês e Excel, e que hoje já não são mais um impeditivo para que as empresas contratem talentos negros. “Esse é um movimento positivo que tem acontecido no mercado de estágio como um todo nos últimos quatro anos,” afirma Mavichian.

Apesar dos avanços, o CEO vê dois grandes desafios para as empresas se atentarem e atuarem para garantir a presença e contribuição de jovens negros no mercado de trabalho.

“Primeiro é preciso ter uma manutenção das contratações desses programas de entrada, seja estágio ou trainee. Sempre estar de olho nos indicadores de diversidade, não podemos deixar esse número diminuir, isso vale tanto para negros quanto para pessoas mais velhas, PDCs, pessoas de baixa renda e mulheres.”

“O segundo desafio será pensar em programas de desenvolvimento e de treinamentos para garantir que essas pessoas que entram tenham a oportunidade de aprender e se desenvolver, ou seja, de crescer tecnicamente para que realmente virem opções para a empresa, não só para efetivação, mas para abastecimento de altos cargos a partir do cargo de entrada,” afirma Mavichian.

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Liderança negra: como resolver esse desafio?

Uma vez que os cargos iniciantes, como o estágio e analista júnior, ainda buscam por profissionais e estudantes negros, não podemos esperar um quadro de funcionários diversos em cargos de liderança nas empresas.

Em uma pesquisa realizada com 203 mil entrevistados brasileiros, apenas 8% são líderes pretos, seguidos de 28% pardos e 60% brancos, segundo estudo da FEEx 2023, realizado no primeiro semestre deste ano no Brasil sobre a representatividade dos negros nas empresas. A pesquisa contou com a participação online de empresas privadas, instituições públicas, organizações sem fins lucrativos e cooperativas que tenham no mínimo 50 funcionários.

“O racismo acontece como se fosse um efeito de funil e é possível ver a dificuldade por vários motivos. Nem sempre um líder negro é visto como um líder e nem sempre as pessoas que escolhem os candidatos para uma vaga são preparadas para eleger e promover pessoas diversas. Além disso, tem a questão do acesso à educação, nem sempre as pessoas negras têm acesso a estudos como idiomas e universidades de alto padrão,” afirma Lina Nakata, pesquisadora da FEEx.

Durante a realização do estudo, a pesquisadora afirma que um retorno intrigou os pesquisadores: muitas companhias não quiseram se pronunciar sobre a quantidade de pessoas negras por área e cargos, porque disseram que não possuem discriminação com nenhuma raça.

“Não é isso que precisamos ouvir das empresas, desejamos ouvir mais informações sobre ações afirmativas que acelerem a carreira de pessoas negras, assim poderão representar em cargos de liderança o que elas representam em porcentagem na sociedade,” diz Nakata.

Por não ver essa necessidade, é que Nakata ressalta a importância Dia Nacional da Consciência Negra como um marco para gerar uma sensibilização que ainda falta na sociedade. “Boa parte das pessoas não entende as ações das empresas, as cotas do governo e a importância de trazer o movimento de antirracismo. Não é sobre favorecimento e sim igualdade.”

Em uma pesquisa realizada no Brasil com 203 mil entrevistados brasileiros, apenas 8% são líderes pretos, seguidos de 28% pardos e 60% brancos. Foto: Luis Alvarez / Getty Images

A diversidade das propagandas reflete a liderança?

Outra pesquisa também evidencia a lacuna de representatividade de negros nos altos níveis hierárquicos das empresas. De acordo com o estudo “Diversidade, Representatividade e Percepção – Censo Multissetorial da Gestão Kairós 2022”, considerando a participação de mais de 26 mil respondentes entre 2019 e 2021, o estudo identificou que desse total, os que estão em cargos de liderança:

  • Apenas 25% são mulheres, e não 52% da sociedade brasileira;
  • Apenas 17% são pessoas negras, e não 56% da sociedade brasileira;
  • Apenas 3% são mulheres negras que estão nesses cargos (do nível gerente e acima), e não 29% da sociedade brasileira.

O que está acontecendo neste nível de gerência para cima que não reflete a diversidade da população brasileira? Para Liliane Rocha, fundadora e CEO da Gestão Kairós, consultoria de diversidade e sustentabilidade para empresas, os desafios para os negros no mercado de trabalho podem ser elencados em três tópicos:

  • Desenvolvimento de estagiários e analistas júniores,
  • Falta de visão e representatividade do CEO e ou do Conselho composto por homens brancos,
  • Investimento em propagandas que promovem a diversidade, mas não espelham a realidade da empresa.

Começando pela base, a executiva reforça a importância de atrair cada vez mais estagiários negros, mas é importante manter e desenvolver esses talentos.

“Trazer para a base é muito importante, mas não necessariamente essas pessoas estão ficando. Seja por não ser bem tratado por causa do cabelo ou por não ter oportunidades de ser contratado. E aí que entra um outro ponto. Muitas empresas buscam por estagiários negros e não desenvolvem os que já foram contratados. O desafio é sim contratação, mas é também retenção, que envolve desenvolvimento e progressão de carreira,” diz a CEO da Gestão Kairós.

Essa falta de retenção não acontece apenas em cargos iniciantes, mas impacta também na hora de contratar novos gerentes, afirma a CEO.

“Será que na hora de trazer novos gerentes, a empresa está garantindo que entre os três candidatos finais, tenha pelo menos uma mulher e uma pessoa negra na disputa pelo cargo? Fato é que essas pessoas diversas existem, estão formadas, têm qualidade, mas quando fazemos um processo seletivo para um cargo de gerência, costumam vir mais candidatos homens brancos, ou seja, há alguma coisa errada neste processo.”

Quando o recorte é sobre diversidade em Conselhos de empresas e organizações o desafio se intensifica. Segundo a pesquisa Diversidade nos Conselhos das empresas brasileiras, do IBDEE (Instituto Brasileiro de Direito e Ética Empresarial) divulgada em 2021, o atual percentual de mulheres em conselhos é de 17%, mas quando olhamos para a participação de pessoas negras nesses espaços (homens e mulheres), o número cai drasticamente para 2% - ficando ainda pior quando se trata da presença de mulheres negras, porque, segundo a pesquisa, é quase zero, ou seja, não há.

“A falta de diversidade chega até os Conselhos das empresas. Quem está no topo da tomada de decisão e que decide de forma estratégica também são homens brancos. Começamos a ver agora um movimento de ter mais mulheres nos conselhos, todo o ano eu olho o estudo da KPMG, mas quando olhamos o recorte de mulheres negras o percentual quase zera,” afirma Rocha.

A contratação de base está acontecendo, ou seja, de aprendiz à analista júnior, mas em relação a desenvolver esses profissionais e contratar líderes negros, as empresas ainda estão falhando, afirma Rocha, que reforça que as empresas chamam mais as consultorias para realizar palestras, mas não necessariamente tem um trabalho consistente no antes, durante e depois da contratação.

“Isso para mim gera um fenômeno, porque achamos que os percentuais estão melhorando, mas os dados mostram outra coisa. Falta investimento, por exemplo, em investir na área de diversidade dentro da empresa. Cada área tem um gestor, mas no caso do setor de Diversidade, vemos que acaba ficando com profissionais que já cuidam de outros departamentos.”

“Você CEO que quer trabalhar com esse tema, faça desse tema o que você faz com outras áreas, não tem mágica. Faça uma gestão de pessoas, processos e orçamento igual você faz com todo o resto que você verá em um ano um resultado concreto,” afirma Rocha.

Um dos motivos pelos quais não avançamos e que as empresas também precisam mudar é a questão da comunicação x ação, segundo a fundadora da Gestão Kairós.

“As empresas entenderam que mulheres, negros, pessoas LGBTQIA+ também são consumidores e, portanto, fazem serviços, produtos e campanhas. Quando vemos essas ações, parece que estamos avançando, mas quando olhamos os números da empresa, se tem um processo e uma gestão diversa, você até se assusta.”

“É importante comunicar, mas só comunicar e não fazer, é fazer de conta que está atuando em prol desta causa, sem de fato estar fazendo algo relevante. A comunicação é o meio para promover e valorizar a diversidade, mas não é o fim, o fim é a inclusão,” afirma Rocha.

Liliane Rocha, fundadora e CEO da Gestão Kairós: A comunicação é o meio para promover e valorizar a diversidade, mas não é o fim, o fim é a inclusão. Foto: Carlos Barquero / Getty Images

O movimento de diversidade de mais de 40 empresas

Para estimular a diversidade racial, foi criado o MOVER - Movimento pela Equidade Racial, foi criado em 2021 e conta hoje com a participação de 49 grandes empresas com foco em empregabilidade, conscientização e promoção da diversidade racial. O compromisso público do movimento é de atingir a marca de 10 mil lideranças negras até 2030 e o impacto de 3 milhões de pessoas negras com cursos de capacitação ou profissionalizante.

A atuação do MOVER é com base em três pilares principais: Liderança, Conscientização, Emprego e Capacitação, afirma Natalia Paiva, diretora executiva do Mover.

"Isso significa que trabalhamos para promover a diversidade nas lideranças das empresas, aumentar a conscientização sobre questões raciais, criar oportunidades de emprego e capacitação para pessoas negras, e, ao mesmo tempo, impulsionar a inclusão e equidade em todos os níveis das organizações."

Foram mais de 150 mil pessoas impactadas até agora, entre bolsas de capacitação, formação e desenvolvimento profissional e contratação direta via associadas.

"Adicionalmente, a proporção de líderes negros aumentou três pontos percentuais entre as empresas do Mover no período de um ano," diz Paiva.

Uma das empresas associada ao MOVER é o Grupo Heineken que está com o compromisso de alcançar 40% de pessoas pardas e negras na liderança até 2030.

“Sempre foi uma agenda importante para nós, mas passou a ser ainda mais intencional em 2020, com o estabelecimento de grupo de afinidade e metas concretas. Começamos com vagas afirmativas em 2022 e acabamos de chegar a 31% na nossa meta de pessoas negras em cargos de liderança (fechamos 2022 com 28%, crescemos 3pp)”, afirma Vetusa Pereira, gerente de Diversidade, Equidade e Inclusão do Grupo Heineken.

Entre os principais resultados conquistados, a gerente afirma que por ser uma iniciativa recente no Brasil, a jornada de diversidade, equidade e inclusão não tem ainda um paralelo de longo prazo, mas que a empresa já consegue experimentar um crescimento contínuo.

“Temos construído marcas com causas, sempre com um olhar central em pessoas e em inspirar um mundo melhor. Nossos indicadores de clima interno e de felicidade são positivos, sempre apontando uma tendência de crescimento. Acreditamos que esses resultados também são reflexos do nosso compromisso com a promoção de um ambiente de trabalho mais inclusivo e seguro para todas as pessoas,” afirma Pereira.

Acelerando carreiras de pessoas negras

Outra empresa signatária do MOVER é a Danone, que criou neste ano um programa de aceleração de carreiras de pessoas negras, o Raízes. Com apoio do movimento, a iniciativa, que tem duração de 10 meses, é destinada a colaboradores e colaboradoras (Danoners) que se autodeclaram pessoas pretas ou pardas e tem como objetivo desenvolver talentos da companhia para futuras posições de liderança.

“Junto com o MOVER, nos comprometemos em garantir um espaço seguro e de colaboração para nossos colaboradores e colaboradoras que estão participando dessa primeira edição, promovendo apoio e desenvolvimento para que ocupem posições gerenciais no curto e/ou médio prazo”, comenta André Rapoport, diretor de RH da Danone Brasil.

Hoje, a Danone no Brasil é formada por 39,5% de pessoas não brancas, tendo 37% de pessoas negras (pardas e pretas) autodeclaradas. A primeira edição do programa conta com 11 Danoners participantes, uma seleção feita a partir de suas motivações e critérios como gestão de complexidade, agilidade de aprendizagem e atuação em ambientes complexos; e inclui atividades e módulos voltados para inteligência emocional, relações interpessoais com propósito, entre outros temas.

“Queremos que nossos funcionários sejam protagonistas de suas carreiras, então, em conjunto com o MOVER, a Consultoria Tree Diversidade e nosso grupo de afinidade “Além da Pele”, preparamos encontros, discussões e atividades essenciais para que se tornem líderes e possíveis mentores ou mentoras no próximo ciclo”, diz Rapoport.

Estagiários do Grupo Heineken que começaram em julho deste ano. Foto: Heineken

Quebrando a barreira social do ensino do inglês

Criada em 2008 em São Paulo por Rodrigo Faustino, a escola de idiomas “Ebony English” oferece além de cursos de inglês, aulas focadas na cultura negra e bolsas de estudos para negros em parcerias com empresas.

Uma dessas empresas é o banco JP Morgan, que neste ano criou o programa de bolsa integral "Level Up Your Career". A iniciativa ofereceu 10 bolsas de estudos integrais com duração de 2 anos, com aulas em formato 100% online. Além disso, os participantes terão acesso à plataforma exclusiva com exercícios, vídeo aulas e material didático sobre cultura, tecnologia e a diversidade afro-diaspórica.

Ao final do programa, os alunos terão a mentoria da Ebony English, afirma Marta Celestino, CEO da Ebony English, que reforça que o papel das grandes empresas na sociedade atual é de transformação da sociedade global. “Queremos, através deste programa, fazer com que tenhamos um futuro mais justo e igualitário no mundo corporativo e na sociedade como um todo.”

Com o objetivo de diminuir a desigualdade racial na companhia, Selma Moreira, vice-presidente de Diversidade, Equidade e Inclusão na J.P. Morgan, afirma que é preciso consolidar estratégias que contribuam para a promoção da equidade racial.

“Também precisamos construir caminhos que destravem oportunidades de aprendizado e o uso da língua inglesa. Com a criação dessas ações, vamos impulsionar inserção no mercado de trabalho e ampliar os horizontes de ocupação de espaços por negros.”

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Créditos

Layane Serrano

Layane Serrano

Repórter

Formada em jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Com experiência em comunicação corporativa, produção de TV e redação, ajudou na estreia da CNN no Brasil e atualmente escreve sobre Carreira e Negócio na Exame

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