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Uma bolada de dinheiro

Conheça como funciona o investimento em jogadores de futebol e quais são os riscos dessa aplicação

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2013 às 15h24.

São Paulo - Os jogos da Copa serão iniciados neste mês e já é hora de você começar a torcer. Alguns amantes do futebol vão além do grito da torcida: eles investem em esportistas. Ficou interessado? Saiba que aplicar dinheiro em um jogador de futebol é parecido com um investimento na bolsa de valores: é arriscado, incerto e pode gerar ganhos exorbitantes.

Em seis anos, o preço de mercado do jogador Kaká subiu 1 057%, já o do atleta Breno, que está emprestado ao Nuremberg, da Alemanha, caiu 72%, em dois anos. A diferença é que quem investe em ações, no longo prazo, minimiza as perdas e consegue acumular patrimônio.

Já quem aplica em um atleta tem muito mais chances de perder dinheiro, porque o investimento é feito em pessoas, que são mais voláteis do que qualquer ativo financeiro. 

Quem decide aplicar em um jogador não vai encontrar valores mínimos ou máximos para investir. Tudo vai depender da proposta que fizer ao clube. O investidor ganha quando o atleta, que já tem contrato com um clube, é negociado para jogar em outro time.

Nesse caso, o clube interessado pela compra paga uma multa pela rescisão do contrato. Quando acontece a negociação, o lucro é proporcional ao valor aplicado. Se o investidor comprou 5% do direito econômico do jogador, vai receber 5% do valor negociado. 

Para ganhar muito dinheiro, os investidores apostam nos novos e talentosos. Mas se o atleta tiver um desempenho abaixo do esperado, acarretado por um fator psicológico ou uma lesão, seu valor de mercado cairá e o reflexo vai direto para o bolso do investidor.

“O jogador é mais frágil do que parece e muitas carreiras promissoras acabam em função de lesões”, diz Ivandro Sanchez, sócio responsável pela área de esportes e entretenimento do escritório Machado Meyer Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados, de São Paulo. Por outro lado, o atleta que contribui para que sua equipe tenha bom desempenho, invariavelmente, será disputado no mundo do futebol. 

Bola na rede

Quem quer investir em um atleta precisa fazer contato com o agente dele, que também pode ser o empresário, que deve ser licenciado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).


O agente negocia contratos com clubes e patrocinadores e sabe se há chances de o jogador ir para outro time. “Temos informações privilegiadas do atleta”, diz Humberto Paiva, agente da WM Marketing, em São Paulo. A agência representa o atacante santista Neymar e outros 35 atletas, de 18 a 23 anos. A lista de agentes está na página eletrônica da Fifa. 

Há também companhias que investem em jogadores. Um exemplo é a Traffic, empresa de marketing esportivo, que administra a Cedro, que investe em mais de 30 atletas e tem patrimônio de 40 milhões de reais. A empresa não tem capital aberto, os acionistas são pessoas físicas, jurídicas e instituições financeiras que faturam com a negociação dos atletas.

Durante as assembleias, que acontecem em fevereiro e setembro, o lucro líquido é distribuído aos acionistas em forma de dividendos. A taxa interna de retorno é de 35% ao ano, em média. 

Regulamentação 

Não há nenhum órgão que fiscalize a negociação dos atletas. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), xerife do mercado financeiro, não considera o investimento direto em jogadores de futebol como um ativo e não fiscaliza as transações.

O fundo que até o momento está registrado na CVM, é o Soccer BR1, um fundo de investimento em participações, administrado pelo BNY Mellon Serviços Financeiros e é destinado a empresas investidoras do futebol. O fundo foi aprovado em 2009, é destinado a investidores qualificados e a aplicação inicial é de 1 milhão de reais.

A restrição para que a aplicação seja feita apenas por investidores qualificados está relacionada à paixão do brasileiro pelo futebol e como ela pode interferir na vida financeira. “As emoções podem influenciar na decisão de investimento. Em tese, o investidor qualificado já é maduro o suficiente para separar razão da emoção”, diz Cláudio Gonçalves Maes, gerente de acompanhamento de fundos estruturados da CVM.

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