Um acento pode mudar todo o sentido da frase?
Diogo Arrais, professor de língua portuguesa do Damásio Educacional, dá exemplos, em texto divertido, de como um acento pode fazer toda a diferença no sentido
Da Redação
Publicado em 2 de agosto de 2013 às 15h00.
* Respondido por Diogo Arrais, do Damásio Educacional
Um acento e tudo muda.
A secretária, na secretaria, disse a Antônio, seu chefe, que estava muito gripada.
- Não me medico! Vou sim ao médico. E já! – exclamou.
Ela, sábia, sabia dos riscos da famosa automedicação.
- Meu bebê, por exemplo, seu Antônio, só bebe o que é prescrito! Só come coco do bom; por isso, nunca tem cocô fedido.
Rapidamente, Raissa (que odiava ser chamada de Raíssa) ganhou a liberação para ir ao médico. Antes da saída, proclamou o chefe:
- Não se acostume! Neste mundo é preciso que se rale para sair da ralé, menina!
- Ah! Vou avisar também seus pais! Sabe como anda a violência neste país, né?
Ao chegar ao consultório, olhou para o forro do estabelecimento e lembrou a origem dos chatos espirros: o forró agarradinho à pele com o Édson (apelidado de Pelé).
* Respondido por Diogo Arrais, do Damásio Educacional
Um acento e tudo muda.
A secretária, na secretaria, disse a Antônio, seu chefe, que estava muito gripada.
- Não me medico! Vou sim ao médico. E já! – exclamou.
Ela, sábia, sabia dos riscos da famosa automedicação.
- Meu bebê, por exemplo, seu Antônio, só bebe o que é prescrito! Só come coco do bom; por isso, nunca tem cocô fedido.
Rapidamente, Raissa (que odiava ser chamada de Raíssa) ganhou a liberação para ir ao médico. Antes da saída, proclamou o chefe:
- Não se acostume! Neste mundo é preciso que se rale para sair da ralé, menina!
- Ah! Vou avisar também seus pais! Sabe como anda a violência neste país, né?
Ao chegar ao consultório, olhou para o forro do estabelecimento e lembrou a origem dos chatos espirros: o forró agarradinho à pele com o Édson (apelidado de Pelé).
- Seu nome? – perguntou o médico.
- Raissa!
- Raíssa, ...
- Ops! É Raissa! Meu nome não tem acento, tem que pronunciar o ditongo aí. É “AI”: Raissa!
- Perdão, dona Raissa! Que houve?
- Ah! Aqui na Bahia (o senhor sabe, né?), em qualquer baia, a gente dança forró, pele com a pele. Pelé me convidou, trocamos umas palavrazinhas. De repente, eu disse que era secretária. Ele disse que eu era mesmo uma babá muito bonita. Troquei baba com ele, por longos minutos.
Para homenagear o momento, pedi à banda um fá maior e ele ficou fã.
A única coisa triste, doutor, é que, nesse ínterim, fiquei inteiramente gripada.
- Dona Raissa, venha cá! Não repare a minha cã: cabelo branco quando nasce é sempre aos montes. Vou lhe mostrar, por meio deste cartaz, nossa garganta.
- Está vendo lá? – questionou.
- Esta garganta? – perguntou a moça.
- Quando se está sob a friagem, sem a roupa de lã, lá fica inflamado, cheio de ira, como os fanáticos do Irã.
- Em meu último congresso em Roma, aprendi que romã é ótimo para tal incômodo laríngeo. Você se incomoda com essa fruta?
- Não me incomodo, doutor!
- Tome também estes comprimidos, duas vezes ao dia, e ficará curada.
Raissa, diante do tempo gasto na consulta, ficara apenas chateada por não conseguir comprar carne, tampouco quitar pontualmente a dívida, impressa no carnê.
Um acento e tudo muda.
Um abraço e até a próxima!
Diogo Arrais