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Trabalho a distância

Após nove anos experimentando o home office para a área comercial, a Ticket economizou 3,5 milhões de reais com a extinção das filiais e aumentou 40% o volume de vendas novas

Funcionários da área comercial da Ticket durante reunião num café: 20% do quadro da empresa já trabalha em esquema de home office (Omar Paixão / VOCÊ RH)
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Da Redação

Publicado em 28 de agosto de 2014 às 06h00.

São Paulo - Na Ticket — empresa que oferece às outras empresas benefícios ao trabalhador como vales-alimentação, refeição, combustível e cultura —, o home office foi muito além de um modismo passageiro.

Antes de adotar o modelo para a área comercial, a Ticket se preocupou em preparar bem o terreno: promoveu estudos, redesenhou processos, criou estruturas de suporte aos funcionários que passariam a trabalhar em casa e até treinou as famílias para a nova etapa da vida do profissional.

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Ao final, a efetiva implantação do esquema de teletrabalho , há nove anos, resultou em economia de custos, ganhos de produtividade e equipes mais motivadas, graças à maior qualidade de vida.

O Desafio

Até 2004, a Ticket contava com cinco gerências regionais e 24 filiais para atender clientes em todo o país. E isso somente na área comercial. “Percebemos que tínhamos mais trabalho com a administração do negócio do que com a comercialização de nossos produtos”, diz Arnaldo Moral, gerente de recursos humanos da empresa.

“Cerca de 50% do tempo de nossos gerentes de negócios, por exemplo, era gasto para atender telefonemas e resolver problemas que não cabiam a eles.” Após essa análise, a Ticket começou a redefinir processos da área e a desenvolver ferramentas internas capazes de suportar melhor seus vendedores (os chamados gerentes de negócios) na atividade-fim de se relacionar com os clientes.

“Montamos uma equipe interna para atendimento, revisamos plataformas operacionais e instituímos a área de back office, que organiza a agenda de visitas desses funcionários”, diz Moral.

A Solução

A total reformulação da área comercial da Ticket aconteceu em 2005, com a implantação do sistema de home office. Ela marcou o fim das 24 filiais da empresa no Brasil. Antes de extinguir as estruturas físicas das filiais e das gerências regionais, porém, a empresa dotou os funcionários de notebooks, celulares, banda larga e mobiliário de escritório adequado.

Além disso, os 120 empregados da área comercial passaram por treinamento para aprender a se organizar e a se disciplinar para o teletrabalho. “Demos dicas para evitar a queda de produtividade nessa transição, como falar para o funcionário se arrumar para a atividade diá­ria como se estivesse indo para o trabalho”, diz Moral.

A família dos empregados também receberam treinamento para aprender a respeitar o espaço e o tempo de trabalho do funcionário. Mas o contato presencial não foi eliminado por completo. Uma vez por mês, os vendedores participam de reuniões com seus pares e gestores, que podem acontecer em um hotel, restaurante ou café.

“Também contamos com o fórum de vendas, que é anual, e com uma reunião por ano, em São Paulo, juntando todos aqueles que trabalham em home office”, diz Moral, destacando que todos os treinamentos da empresa, mesmo os a distância, abordam a cultura corporativa e os valores da companhia. “Adotar o teletrabalho não significa que abrimos mão de nosso DNA.”

O Resultado

No começo, eram 120 funcionários na área comercial que adotaram o modelo de home office. Hoje, já são 160, o que corresponde a 20% do quadro total da Ticket. Desde então, os novos empregados são contratados sabendo que vão trabalhar de casa, que é um atrativo a mais, segundo o gerente. A economia da Ticket com a extinção das 24 filiais ficou em 3,5 milhões de reais.

“Eram 365 dias e 8 760 horas de locação do espaço físico, sendo que apenas 40% desse total era utilizado de fato, já que a área passa um bom tempo em visita a clientes. O restante eram horas ociosas, desperdiçadas”, diz Moral. Mais importante do que a economia com o aluguel dos espaços foi o ganho de produtividade.

Segundo o gerente de RH, de 2005 a 2013, a Ticket registrou aumento médio de 1,5 visita por dia — ou 1 770 por mês —, além do crescimento de 40% no volume de vendas novas e do incremento de 76% na receita proveniente dessas vendas. Os números derrubam qualquer argumento de que os empregados possam se perder em problemas domésticos e deixar o trabalho de lado.

“O funcionário executa suas atividades mais focado, só o fato de não se estressar no trânsito eleva sua motivação, e isso se reflete nos resultados”, afirma o gerente, citando pesquisa de clima organizacional realizada na área comercial, que mostrou crescimento de 12% da satisfação dos funcionários de 2009 a 2013.

Não é à toa que funcionários de outras áreas da Ticket vêm pedindo a adoção do home office para si. “Estamos mapean­do outras áreas que podem, também, se adequar ao teletrabalho e chegaremos com surpresas em 2015”, afirma Moral.

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