Quais são os perfis de profissionais mais leais ao trabalho, segundo pesquisa
Estudo de uma consultoria global mostra que os trabalhadores de 19 países, incluindo o Brasil, estão repensando suas funções e aposentadoria
Repórter
Publicado em 22 de agosto de 2023 às 08h00.
Última atualização em 22 de agosto de 2023 às 19h06.
O que os profissionais mais experientes esperam do mercado de trabalho? Enquanto alguns já buscam a aposentadoria, outros trabalhadores mais seniores buscam novos desafios e conhecimentos. Segundo uma pesquisa realizada pela consultoria Bain & Company, que entrevistou 40 mil pessoas, em 19 países, incluindo o Brasil, à medida que os profissionais envelhecem, eles procuram atuar em:
- Atividades que consideram interessantes e que ofereçam flexibilidade;
- Muitos têm como objetivo aprimorar seus conhecimentos;
- Outros buscam funções nas quais é possível causar um impacto positivo na sociedade;
- A maior parte também busca retorno financeiro, mas esse ponto tem mais relevância para as faixas etárias mais baixas.
Qual a relação entre idade e satisfação no trabalho?
Formar uma equipe diversa no quesito de idade pode trazer diversas vantagens para as organizações, principalmente quando o assunto é lealdade, afirma Alfredo Pinto, head office da bain para América do Sul.
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“Pesquisas da Bain indicam que funcionários das faixas etárias mais altas tendem a apresentar maior lealdade às companhias nas quais atuam.”
O executivo também reforça que os profissionais mais seniores têm maior probabilidade de recomendar a companhia onde trabalham e menor chance de deixar a empresa em busca de outro emprego.
“Além disso, esses trabalhadores também relataram maior satisfação com sua vida e com o trabalho, indicadores que estão relacionados a uma maior produtividade,” diz o executivo.
Como alcançar e manter esses profissionais?
Para atrair e reter esses trabalhadores, a pesquisa da Bain identificou três pontos:
- Entender sua motivação. Antes dos 60 anos, o trabalhador médio nos mercados desenvolvidos é motivado principalmente por uma boa remuneração. Por volta dos 60, há um ponto de inflexão. O trabalho interessante se torna o principal atributo do dia a dia, e tanto a autonomia quanto a flexibilidade aumentam significativamente em importância.
- Requalificar para os próximos 10 anos. Entre os funcionários com idades entre 55 e 64 anos, 22% dizem que precisam de mais habilidades tecnológicas. Para que eles ganhem essa qualificação, as empresas precisam criar programas que atraiam essa parcela de profissionais que buscam por um trabalho interessante, incentivando seus gestores a motivar a participação de todas as faixas etárias.
- Respeitar seus pontos fortes e permitir que atuem naquilo que fazem melhor, dando espaço para que orientem os mais novos. Trazer para o local de trabalho os benefícios únicos de trabalhadores mais experientes pode fortalecer a cultura corporativa para todos.
Quais são os perfis dos trabalhadores?
Um dos insights dessa pesquisa é que praticamente todos os profissionais se enquadram em uma das seis categorias de trabalhadores arquétipos que refletem nossas diferentes motivações no trabalho - mas um dos recortes da pesquisa mostra que à medida em que os profissionais envelhecem, a participação de “Doadores” cresce, enquanto a dos “Pioneiros” tende a cair.
- Operadores: preferem estabilidade, previsibilidade e atuam em prol da sua equipe, mas encontram motivação fora do trabalho;
- Esforçados: são ambiciosos, competitivos e excelentes em planejamento; geralmente disciplinados, buscam caminhos bem definidos para o sucesso;
- Artesãos: buscam a perfeição em seu trabalho, gostam de autonomia e se dedicam àquilo que amam sem se preocupar com status;
- Doadores: altruístas, valorizam o trabalho que melhora a vida dos demais e adicionam um toque mais humano às organizações;
- Exploradores: gostam de variedade e experiências diversificadas e preferem flexibilidade e autonomia em vez de segurança;
- Pioneiros: querem mudar o mundo, têm forte identificação com seu trabalho e querem transformar seus anseios em realidade, mesmo que isso envolva riscos.
"Os Doadores, caracterizados por sua dedicação, experiência e disposição em compartilhar conhecimentos, tornam-se colaboradores-chave para que os times sejam mais humanizados e desenvolvam um maior senso de equipe", afirma Head da Bain.
Quais são as expectativas do mercado para esse público?
Globalmente, aproximadamente 150 milhões de empregos serão transferidos para trabalhadores com 55 anos ou mais até o final da década, de acordo com a pesquisa da Bain.
Nos países desenvolvidos, como Canadá, Alemanha, Reino Unido, Japão, EUA, França e Itália, a pesquisa mostra que os trabalhadores com 55 anos ou mais ultrapassarão 25% da força de trabalho até 2031. Desse recorte, o Japão é o caso extremo. Em 2031, os trabalhadores japoneses com 55 anos ou mais se aproximarão de 40% da força de trabalho. Em seguida vem a Itália, com 32% da força de trabalho.
Este não é um problema exclusivo dos mercados desenvolvidos. A população idosa da China (65 anos ou mais) deve dobrar até 2050, segundo a pesquisa da Bain. Já a proporção de trabalhadores com mais de 55 anos no Brasil está subindo para a metade da adolescência.
"Segundo a nossa pesquisa, os colaboradores com mais de 45 anos passaram de 24% para 32% dos profissionais em atuação no mercado brasileiro nas últimas duas década. Isso é consequência do envelhecimento populacional," diz Pinto.
Segundo o IBGE, no Brasil, o número de pessoas com 60 anos ou mais aumentou 39,8% entre 2012 e 2021.
"A população brasileira envelheceu, é natural que cresça o volume de pessoas nessa faixa etária que sigam atuantes. Mas tem ainda um outro ponto relevante: a proporção de trabalhadores jovens diminuiu rapidamente, o que contribui para que as faixas etárias mais altas se mantenham ativas," diz o executivo da Bain.
Apesar da mudança, é raro ver as organizações implementarem programas para integrar trabalhadores mais velhos em seu sistema de talentos, afirma Pinto.
Em uma pesquisa global com empregadores de 2020, a AARP (grupo dos EUA com foco em questões que afetam as pessoas com mais de cinquenta anos) descobriu que menos de 4% das empresas eram já comprometidas com tais programas, com apenas mais 27% dizendo que eram “muito prováveis” de explorar este caminho no futuro.
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