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Trabalhador braçal dos EUA troca de carreira para atuar em casa

Um novo estudo do Oliver Wyman Forum concluiu que a flexibilidade é motivação fundamental para trabalhadores braçais buscarem essa transição

Carreira: essas movimentações ainda têm pequena escala em relação à força de trabalho total nos EUA (Andrew Kelly/Reuters)

Carreira: essas movimentações ainda têm pequena escala em relação à força de trabalho total nos EUA (Andrew Kelly/Reuters)

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Bloomberg

Publicado em 1 de fevereiro de 2022 às 14h09.

Última atualização em 1 de fevereiro de 2022 às 14h22.

Por Alexandre Tanzi, da Bloomberg

Muitos americanos que não conseguiram trabalhar de casa durante a pandemia agora tentam mudar de carreira.

Um novo estudo do Oliver Wyman Forum concluiu que a flexibilidade é motivação fundamental para trabalhadores braçais buscarem essa transição. Segundo o estudo, quase quatro em cada cinco pessoas que fizeram a tentativa conseguiram.

“Apesar de ser prioridade durante a disseminação da covid-19, o bem-estar dos trabalhadores braçais ficou em segundo plano”, afirmou o relatório. “A maioria deles trabalhou presencialmente colocando a si mesmos e seus entes queridos em risco enquanto seus colegas de colarinho branco migravam para esquemas remotos confortáveis e seguros, com seus empregos e salários protegidos.”

Essas movimentações ainda têm pequena escala em relação à força de trabalho total nos EUA. Ainda assim, podem aumentar as dificuldades para preencher um número recorde de vagas abertas mais de 10 milhões em novembro em um ambiente de recuperação da economia.

Sondagens do banco central (Federal Reserve) junto à indústria de transformação continuam mostrando déficit de trabalhadores no setor. “Os candidatos estão chegando aos poucos”, afirmou uma empresa consultada pelo escritório regional do Fed em Kansas City. “Mas não rápido o suficiente para satisfazer a demanda atual.”

Entre as razões para a escassez de trabalhadores, os economistas destacam salários defasados, problemas de saúde devido à covid, falta de creches e antecipação da aposentadoria. Repensar a carreira pode ser um motivo adicional.

"Eu teria continuado"

Uma pesquisa realizada por Brad Hershbein, economista do W.E. Upjohn Institute for Employment Research, mostrou que a migração de empregos braçais para funções de escritório foi maior no ano passado do que em 2019.

Com base em dados oficiais para o trimestre encerrado em novembro, o economista calculou que, entre os que trocaram de emprego, de 6,5% a 8,4% dos trabalhadores braçais de fábricas, construção civil e transporte foram contratados para funções de colarinho branco.

O estudo do Oliver Wyman Forum descobriu que a mudança do trabalho braçal para o de escritório foi mais acentuada nos setores de tecnologia da informação, incluindo segurança cibernética e vendas. Os entrevistados informaram que saíram de seus empregos anteriores porque queriam horários mais flexíveis e melhores benefícios.

“Se me concedessem um pouco da flexibilidade que vimos para nossos colegas de colarinho branco”, afirmou um participante, “eu teria continuado lá feliz”.

Assim como a opção de trabalhar em casa, benefícios como licença médica remunerada não são distribuídos de maneira homogênea. Em março passado, essa licença só estava disponível para 59% daqueles que atuam na prestação de serviços, de acordo com dados oficiais. No caso de funções gerenciais, profissionais e relacionadas, 93% tinham acesso a licença remunerada.

Caminhos alternativos

A pandemia intensificou a demanda por melhorias no ambiente de trabalho, disse Jerry Lee, cofundador da Wonsulting, organização que ajuda candidatos de origem menos favorecida a encontrar trabalho.

Segundo ele, empresas em busca de talentos estão reconsiderando os critérios para admissão em algumas funções, abrindo caminhos alternativos para quem deseja uma profissão de colarinho branco.

A seguradora Aon, por exemplo, abandonou a exigência de diploma para alguns cargos e montou seu próprio treinamento em parceria com uma faculdade comunitária local. A International Business Machines (IBM) e a PwC também flexibilizaram credenciais para admissão.

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