Sociedade em construção
Por meio de várias parcerias, a Suzano conseguiu entregar no prazo sua fábrica em Imperatriz, no Maranhão, usando 70% da mão de obra local dos 11.500 profissionais que trabalharam lá
Da Redação
Publicado em 6 de março de 2014 às 06h00.
São Paulo - Quando a Suzano chegou ao Maranhão, em 2010, ficou preocupada com o que viu. A empresa, que havia decidido instalar em Imperatriz sua sexta unidade industrial no país, não tinha, ali, pessoal qualificado em quantidade suficiente para a construção de uma fábrica de 2,3 bilhões de dólares.
Até os poucos pedreiros da cidade estavam empregados e sobrava uma grande parcela da população apenas com educação básica. Para tirar, num prazo de dois anos, a planta do papel, a Suzano precisava de mais de 10.000 trabalhadores na etapa de construção da unidade. Gente que, em vez de buscar em outros estados, a companhia decidiu formar no Maranhão, por meio de um sistema de consórcio.
O desafio
A decisão de construir a fábrica, com capacidade de produção de 1,5 milhão de toneladas de celulose, foi tomada em 2008. Em 2010, a Suzano já havia definido que a unidade ficaria localizada em Imperatriz, no sul do Maranhão.
Como a planta é toda voltada para a exportação para a Europa e para os Estados Unidos, o estado apresentava grande vantagem logística, já que, lá, a companhia poderia utilizar a infraestrutura de ferrovias da Vale e escoar seu produto pelo porto de Itaqui, a cerca de 630 quilômetros.
Mas as desvantagens também eram grandes. Tratava-se de uma cidade fora das fronteiras industriais, sem pessoal qualificado para a construção. Ao estudar a região, a Suzano fez um diagnóstico socioeconômico e identificou duas grandes expectativas da população local: formação de mão de obra e geração de empregos.
Portanto, o modelo tradicional, em que se contrata, para cuidar da obra, uma grande empreiteira, que se encarrega do pessoal, normalmente trazendo gente de fora do estado, entraria em conflito com essas expectativas. Isso poderia gerar greves ou fogo em alojamento, acarretando atrasos na obra.
A Solução
Carlos Alberto Griner, diretor executivo de RH da Suzano, estava no Comitê de Gestão de Pessoas da Câmara Americana de Comércio debatendo a ideia de formar um consórcio com outras empresas, universidades e com o Ministério da Educação (MEC), a fim de capacitar engenheiros e tecnólogos, quando percebeu que o modelo também poderia ser aplicado na construção da fábrica de Imperatriz.
Ele reuniu prefeitura, governo do estado, unidade local do Sistema Nacional de Emprego (Sine), sindicatos de trabalhadores e patronais e setor privado, e criou o Consórcio Capacitar.
Os primeiros participavam da divulgação das oportunidades de formação profissional e realizavam a inscrição dos interessados, enquanto os sindicatos e as empresas apontavam as necessidades de capacitação e ajudavam na definição dos currículos. Os cursos oferecidos e a grade ficaram por conta do Senai.
"Os parceiros locais tinham a sensibilidade que a Suzano não tinha", diz Griner. Em vez de construir um centro de treinamento na cidade, a Suzano optou por erguer uma nova ala no Senai e dotar o Instituto Federal do Maranhão (IFMA) de novos laboratórios e salas.
"Com o Consórcio Capacitar, procuramos alinhar os interesses da sociedade com os dos parceiros e juntar todo mundo no mesmo barco — ou na mesma fábrica", afirma o diretor.
Em paralelo à construção da fábrica, a Suzano aproveitou para formar gente para operá-la depois, com mais de 1.000 horas conceituais e outras 1.000 horas de estágio em suas operações em São Paulo e na Bahia.
O Resultado
A construção da unidade teve início em 2011, com cerca de 2.000 trabalhadores, e no fim de 2012 já eram 11.500 pessoas trabalhando na obra. Em média, o aproveitamento de mão de obra local foi da ordem de 70% do total de trabalhadores, enquanto em outras obras esse percentual não passa de 15%.
No fim de 2013, a fábrica de Imperatriz, com 96.000 metros quadrados de área construída, entrou em operação. “A obra foi entregue no prazo, sem que registrássemos nenhuma greve ou movimento social”, afirma Griner. Ao todo, o Consórcio Capacitar formou mais de 7 000 pessoas em construção civil, montagem, montagem industrial e serviços.
Além disso, outras 500 pessoas foram formadas para a operação da unidade. Destas, mais de 300 já foram contratadas pela Suzano. A nova infraestrutura que a Suzano construiu para o Senai e o IFMA continua lá, claro, e, em média, tais instituições ampliaram em 25% sua capacidade de formação de profissionais por ano.
"O pessoal que trabalhou na obra também continua lá, agora qualificado e participando do mercado de trabalho local, pois Imperatriz está crescendo", diz Griner. "Nós íamos fazer a fábrica de qualquer jeito. As perguntas eram: a que custo? Deixando o que para a sociedade? Por isso, nossos principais resultados são sociais."
São Paulo - Quando a Suzano chegou ao Maranhão, em 2010, ficou preocupada com o que viu. A empresa, que havia decidido instalar em Imperatriz sua sexta unidade industrial no país, não tinha, ali, pessoal qualificado em quantidade suficiente para a construção de uma fábrica de 2,3 bilhões de dólares.
Até os poucos pedreiros da cidade estavam empregados e sobrava uma grande parcela da população apenas com educação básica. Para tirar, num prazo de dois anos, a planta do papel, a Suzano precisava de mais de 10.000 trabalhadores na etapa de construção da unidade. Gente que, em vez de buscar em outros estados, a companhia decidiu formar no Maranhão, por meio de um sistema de consórcio.
O desafio
A decisão de construir a fábrica, com capacidade de produção de 1,5 milhão de toneladas de celulose, foi tomada em 2008. Em 2010, a Suzano já havia definido que a unidade ficaria localizada em Imperatriz, no sul do Maranhão.
Como a planta é toda voltada para a exportação para a Europa e para os Estados Unidos, o estado apresentava grande vantagem logística, já que, lá, a companhia poderia utilizar a infraestrutura de ferrovias da Vale e escoar seu produto pelo porto de Itaqui, a cerca de 630 quilômetros.
Mas as desvantagens também eram grandes. Tratava-se de uma cidade fora das fronteiras industriais, sem pessoal qualificado para a construção. Ao estudar a região, a Suzano fez um diagnóstico socioeconômico e identificou duas grandes expectativas da população local: formação de mão de obra e geração de empregos.
Portanto, o modelo tradicional, em que se contrata, para cuidar da obra, uma grande empreiteira, que se encarrega do pessoal, normalmente trazendo gente de fora do estado, entraria em conflito com essas expectativas. Isso poderia gerar greves ou fogo em alojamento, acarretando atrasos na obra.
A Solução
Carlos Alberto Griner, diretor executivo de RH da Suzano, estava no Comitê de Gestão de Pessoas da Câmara Americana de Comércio debatendo a ideia de formar um consórcio com outras empresas, universidades e com o Ministério da Educação (MEC), a fim de capacitar engenheiros e tecnólogos, quando percebeu que o modelo também poderia ser aplicado na construção da fábrica de Imperatriz.
Ele reuniu prefeitura, governo do estado, unidade local do Sistema Nacional de Emprego (Sine), sindicatos de trabalhadores e patronais e setor privado, e criou o Consórcio Capacitar.
Os primeiros participavam da divulgação das oportunidades de formação profissional e realizavam a inscrição dos interessados, enquanto os sindicatos e as empresas apontavam as necessidades de capacitação e ajudavam na definição dos currículos. Os cursos oferecidos e a grade ficaram por conta do Senai.
"Os parceiros locais tinham a sensibilidade que a Suzano não tinha", diz Griner. Em vez de construir um centro de treinamento na cidade, a Suzano optou por erguer uma nova ala no Senai e dotar o Instituto Federal do Maranhão (IFMA) de novos laboratórios e salas.
"Com o Consórcio Capacitar, procuramos alinhar os interesses da sociedade com os dos parceiros e juntar todo mundo no mesmo barco — ou na mesma fábrica", afirma o diretor.
Em paralelo à construção da fábrica, a Suzano aproveitou para formar gente para operá-la depois, com mais de 1.000 horas conceituais e outras 1.000 horas de estágio em suas operações em São Paulo e na Bahia.
O Resultado
A construção da unidade teve início em 2011, com cerca de 2.000 trabalhadores, e no fim de 2012 já eram 11.500 pessoas trabalhando na obra. Em média, o aproveitamento de mão de obra local foi da ordem de 70% do total de trabalhadores, enquanto em outras obras esse percentual não passa de 15%.
No fim de 2013, a fábrica de Imperatriz, com 96.000 metros quadrados de área construída, entrou em operação. “A obra foi entregue no prazo, sem que registrássemos nenhuma greve ou movimento social”, afirma Griner. Ao todo, o Consórcio Capacitar formou mais de 7 000 pessoas em construção civil, montagem, montagem industrial e serviços.
Além disso, outras 500 pessoas foram formadas para a operação da unidade. Destas, mais de 300 já foram contratadas pela Suzano. A nova infraestrutura que a Suzano construiu para o Senai e o IFMA continua lá, claro, e, em média, tais instituições ampliaram em 25% sua capacidade de formação de profissionais por ano.
"O pessoal que trabalhou na obra também continua lá, agora qualificado e participando do mercado de trabalho local, pois Imperatriz está crescendo", diz Griner. "Nós íamos fazer a fábrica de qualquer jeito. As perguntas eram: a que custo? Deixando o que para a sociedade? Por isso, nossos principais resultados são sociais."