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As opções de investimentos à disposição de seu bolso em 2012

Analistas econômicos explicam os principais fatores que podem influenciar o rendimento de seus investimentos no ano que vem

Ilustração - Dinheiro no vidro sendo atacado (Jonatan Sarmento/EXAME.com)

Ilustração - Dinheiro no vidro sendo atacado (Jonatan Sarmento/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 21 de março de 2013 às 17h40.

São Paulo - No Brasil, os principais indicadores econômicos que vão estar na mira dos investidores no próximo ano são as taxas de juros e a inflação. Um depende do outro. Para manter a inflação dentro da meta, de 4,5% ao ano, com a variação de dois pontos percentuais para cima ou para baixo, o Banco Central (BC) pode elevar a taxa básica de juros, a meta Selic, que está em 11,5% anuais.

Juros mais altos freiam o crescimento econômico, fazendo com que as empresas criem menos vagas de emprego, e seguram a inflação. Mas, se a economia internacional desacelerar ainda mais, o BC pode baixar os juros para estimular as vendas no país e fazer a economia crescer.

O equilíbrio entre crescimento, inflação e juros será um dos desafios brasileiros em 2012. Já nos Estados Unidos, os analistas querem saber como o país vai cortar 1,2 trilhão de dólares das despesas públicas em dez anos, o que será essencial para a economia americana retomar sua pujança.

Se os ajustes fiscais não forem feitos, os Estados Unidos podem crescer menos do que os 2% previstos para o ano que vem. Já na zona do euro, o desafio será resolver a situação fiscal dos vários países e estabilizar o novo arranjo político na região. Basicamente, o que acontecer no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa pode influenciar e definir o rumo dos seus investimentos em 2012.

A partir de janeiro vai ser ainda mais importante estar atento aos acontecimentos internacionais para fazer seu dinheiro render mais. Preste atenção no noticiário econômico e faça conversas frequentes com o gerente de investimentos de seu banco. Se você investe há mais tempo e é assessorado por um analista, sua tarefa fica mais simples — mas também exige dedicação.

Os analistas são especialistas em projetar cenários positivos e negativos para cada indicador da economia e tentar prever os reflexos deles na vida das pessoas. É claro que é muito difícil fazer projeções certeiras, e cada profissional faz dezenas de ressalvas para alertar que sempre há riscos de elas não se confirmarem, mas a expectativa é que possa haver instabilidade nas aplicações financeiras.

De uma maneira geral, os fundos de investimento em renda fixa devem render menos do que em 2011 e a bolsa de valores pode registrar uma recuperação moderada. No caso da renda fixa, a estimativa de ganhos menores é amparada pela sinalização de que o BC, no longo prazo, deve continuar reduzindo os juros, que é o referencial desses fundos.

Há a possibilidade de o pacote de cortes nos gastos americanos ser aprovado pelo Congresso. Isso torna possível que a economia dos Estados Unidos comece a se recuperar e estimula uma valorização da bolsa brasileira. Veja o que dizem os especialistas ouvidos por VOCÊ S/A sobre os investimentos em 2012. 

Bolsa de valores

O sobe e desce no preço das ações é intrínseco ao mercado acionário, insistem os especialistas em finanças. Portanto, mesmo se a economia internacional retomar o crescimento e o Brasil continuar em expansão, o vaivém no preço das ações vai continuar na bolsa. O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas, ficou abaixo de 30 000 pontos — depois de ter atingido 70 000 — e, portanto, há uma expectativa de recuperação a partir de fevereiro de 2012.


“As pessoas saíram da bolsa para evitar perder dinheiro”, diz Rossano Oltramari, analista-chefe da XP Investimentos, em São Paulo. Com o preço das ações em baixa, se você for jovem e tiver disposição para manter o dinheiro aplicado por mais de dez anos, talvez seja uma boa oportunidade para comprar ações. “Dá para comprar papéis, que estão muito baratos agora, e esperar essa provável recuperação em 2012”, diz o especialista. Mas, se você for mais velho e não tiver perfil para correr riscos, é melhor continuar fora da bolsa de valores.

Poupança

A rentabilidade da poupança é determinada por lei e, se não houver alteração na regulamentação, o rendimento anual da caderneta deverá ficar em 6% ao ano somado à Taxa Referencial (TR), que não costuma ultrapassar 0,1% anual. Os ganhos da poupança não devem mudar porque a presidente Dilma Rousseff garantiu que não haverá alterações na lei. Mas, se de fato a Selic, que é a taxa básica de juros da economia e está em 11,5% ao ano, entrar num ciclo de queda e cair para menos de 8,5% ao ano, a poupança passa a ser mais atrativa do que outras aplicações em renda fixa.

Os fundos de investimento têm taxa de administração e, quando ela é descontada do rendimento, resultam em um retorno menor do que o da poupança. Por exemplo, se a caderneta encerrar o ano com ganho de 7% e um fundo de investimento render 10% e tiver taxa de administração de 4%, o ganho líquido será de 6%, menor do que o da poupança.

Fundos multimercado

Fazer qualquer projeção sobre os fundos multimercado, que mesclam aplicações em renda fixa e ações, pode ser uma irresponsabilidade, diz Fábio Colombo, administrador de investimentos que atua no mercado há mais de 20 anos. A afirmação de Fábio é compartilhada por vários outros especialistas financeiros porque as carteiras de cada um dos fundos multimercado são muito diferentes.

Alguns têm uma parcela maior de ações, outros de renda fixa. Mas, de maneira geral, é possível afirmar que os fundos que investem mais em ações podem registrar ganhos melhores em 2012. “Multimercado é o meio do caminho entre a ação e a renda fixa. É um fundo recomendável para quem está começando a investir em renda variável”, diz Fábio Gallo, professor de finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo.

Ouro

Investir em ouro não é para qualquer um. Esse tipo de aplicação financeira só é recomendado para diversificar os investimentos. A cotação da onça troy, que é a medida usada no mercado internacional, bateu seus recordes históricos de alta em 2011.


“Tradicionalmente, em tempos de crise, a cotação do ouro sobe”, explica Alexandra Almawi, economista da Lerosa Investimentos, em São Paulo. Como os níveis de preços já estão altíssimos, a tendência é de que a cotação vá subir mais. Além disso, o ouro não é fácil de ser vendido, ou seja, tem baixa liquidez. Se você precisar do dinheiro imediatamente, talvez não consiga vender o metal e embolsar a grana.

Tesouro Direto

Os títulos públicos vendidos pelo governo têm sido a recomendação preferida dos especialistas em investimentos. Eles podem ser comprados e vendidos pela internet, por meio do Tesouro Direto. São papéis que têm baixos custos para as transações e são fáceis de ser negociados. Para 2012, com a projeção de queda da taxa básica de juros, os títulos públicos devem render menos do que neste ano. Mesmo assim, os consultores são unânimes ao afirmar que eles devem fazer parte de sua carteira de investimentos.

Para o novo ano, o administrador de investimentos Fábio Colombo recomenda a aplicação nos papéis indexados à inflação, que pagam juros mais a variação da inflação, e nos pós-fixados, com rentabilidade definida no momento do vencimento. “Colocar 80% do dinheiro em títulos pós-fixados e 20% nos papéis indexados à inflação é uma boa fórmula de investimento”, diz o consultor.

Imóveis

Ninguém consegue prever quando a onda de valorização dos imóveis vai ser interrompida. Dados do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi) mostram que a venda dos imóveis novos na capital paulista já registra retração. Para especialistas no mercado imobiliário, esse é um sinal de que os preços precisam cair para que a demanda continue a caminhar. “Como as vendas estão caindo, há uma expectativa de que os preços caiam. Mas não dá para dizer se isso já começa em 2012”, diz Fábio Braga, diretor da Porto Seguro Consórcio, em São Paulo.

Fábio Colombo, administrador financeiro, diz que como há poucas chances de o preço dos imóveis continuar subindo, eles não são uma boa para quem quer investir. A seguir, você confere uma entrevista com o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, que vai ajudá-lo a entender melhor o atual momento do mercado. Confira também os melhores fundos para investir e o melhor banco para cuidar da sua grana. Comece 2012 com o pé direito.

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