Carreira

Quer ser um Global Worker? Profissional escolhe país para viver e salário pode chegar a R$ 29 mil

Esses trabalhadores globais estão crescendo no Brasil: entre 2020 e 2022 a quantidade de “Global Workers” aumentou 491%, segundo pesquisa. Veja o que precisa ter para seguir essa carreira

Pesquisa da Husky: Apesar de possuírem pouco tempo de formação, os Global Workers estão crescendo rápido na carreira. Quando questionados sobre o nível de senioridade, 45,9% indicaram serem “Seniores” (imaginima/Getty Images)

Pesquisa da Husky: Apesar de possuírem pouco tempo de formação, os Global Workers estão crescendo rápido na carreira. Quando questionados sobre o nível de senioridade, 45,9% indicaram serem “Seniores” (imaginima/Getty Images)

Publicado em 13 de setembro de 2023 às 07h31.

O trabalho remoto transformou o mercado de trabalho globalmente - não há mais fronteiras, a tecnologia permitiu essa conexão entre pessoas e empresas dos quatro cantos do mundo.

Neste cenário surgiram os nômades digitais, que com trabalho home office podem trabalhar em diferentes países sem lugar fixo, mas surgiram também os “Global Workers” que também são profissionais que trabalham home office, mas que conquistaram um espaço no mercado internacional sem precisar sair do lugar onde vivem atualmente.

Essa carreira internacional está crescendo no Brasil: entre 2020 e 2022 a quantidade dos Global Workers aumentou 491% e os salários chegam até R$ 29 mil, segundo pesquisa "Global Workers 2023 - Panorama sobre os profissionais brasileiros que trabalham para o exterior", realizada pela Husky, fintech brasileira que facilita transferências internacionais.

Qual é o perfil dos Global Workers?

A Pesquisa Global Workers 2023 contou com a participação de 1.629 pessoas. Dos participantes, 86,7% responderam que são profissionais brasileiros que trabalham para o exterior. São 1.413 brasileiros que conseguiram uma vaga de emprego em uma empresa estrangeira e hoje recebem em outras moedas.

A parcela de 12,2% se refere aos profissionais que estão à procura de um trabalho para o exterior, cerca de 199 respondentes; e apenas (1%), o que corresponde a 17 respondentes não tem interesse nesse estilo de vida.

Dos 1.629 respondentes, se identificam como:

  • 1.327 são homens (81,5%);
  • 270 são mulheres (16,6%);
  • Sem filhos;
  • Idade média de 31 anos;
  • Moram com seus parceiros (67,9%);
  • Possuem pets (60,3%);
  • Tem nível superior (94,9%) - com destaque para a área de Exatas e em cursos ligados à tecnologia (75,7%).

“Nossa pesquisa reforça o quanto esses profissionais valorizam relações de trabalho mais flexíveis, em que possam conciliar experiências pessoais e profissionais com viagens e momentos de lazer, sem deixar de lado a parte financeira”, ressalta Tiago Santos, CEO da Husky.

Além disso, a pesquisa mostra que boa parte dos respondentes são millennials, nascidos entre 1980 e 1996, ou membros da geração Z, nascidos de 1997 a 2010.

Quais setores mais contratam Global Workers?

Em relação à escolaridade, o perfil dos respondentes é de nível Superior (94,9%), com maior representatividade das áreas Exatas e cursos ligados à tecnologia.

  • Ciências Exatas: 75,6%
  • Ciências Humanas: 22,4%
  • Ciências Biológicas: 1,7%

Sobre os cursos mais comuns entre os Global Workers, estão:

  • Ciência da Computação: 23,1%
  • Sistema da Informação: 14,3%
  • Engenharia da Computação: 10,6%
  • Análise de Sistemas: 13,6%
  • Administração: 3,6%
  • Design: 2,9%
  • Engenharia Elétrica: 2,4%
  • Publicidade e Propaganda: 1,5%
  • Psicologia: 1,1%
  • Jornalismo: 0,9%

“Em um levantamento feito pela Husky em 2022, já havíamos identificado que a maioria dos profissionais que têm uma carreira remota no exterior trabalha no segmento de tecnologia, atuando principalmente como desenvolvedores de software para empresas estrangeiras”, diz o CEO.

Como é o estilo de vida dos Global Workers em 2023?

Outro dado que a pesquisa aponta sobre estes profissionais é o estilo de vida:

  • 77,7% não se identificam como nômades digitais, logo têm residência fixa;
  • 98,1% residem no Brasil, sendo que apenas a metade deles está concentrada na região Sudeste.
  • Do total, 46% preferem a vida em cidades menores e 54% estão em grandes capitais, como São Paulo (26,7%), Florianópolis (10,1%) e Curitiba (9,4%).

“Vimos também que essas pessoas não querem morar fora do país, até porque ganham bem, trabalham remotamente, conseguem aproveitar seu ciclo social em meio à família e amigos, com a vantagem de ainda receberem em moedas bem mais valorizadas do que o real”, afirma Santos.

Quais são os motivos para ser um Global Workers no Brasil?

O Global Workers é para quem deseja trabalhar remoto, para uma empresa internacional sem precisar sair do lugar onde vive. Segundo a pesquisa, os principais motivos para os atuais profissionais que escolherem esse modelo de trabalho são:

  • Proximidade com a família e amigos: 41,5%
  • Valorização do salário quando convertido para o real: 33,2%
  • Gostar do país nativo: 8,6%
  • Não ter apoio da empresa para mudar: 6,8%
  • Custo de vida: 6,0%

Qual país mais contrata brasileiros Global Workers atualmente?

Para quem busca por vagas no exterior, a pesquisa descobriu os países que mais contratam brasileiros. São eles:

  • Portugal: 38,7%
  • Espanha: 16,1%
  • Canadá: 16,1%
  • Itália: 6,5%

“Mesmo Portugal liderando o ranking de contratações, é importante ter domínio do inglês, especialmente para profissionais da área de tecnologia. Muitas equipes são formadas por pessoas de diversas nacionalidades, então o inglês acaba sendo o idioma do dia a dia dos Global Workers”, afirma Santos.

Quais são os hábitos de consumo dos Global Workers?

Entre as principais características de hábitos de consumo dos Global Workers, o estudo destaca:

  • São pagos principalmente em dólar;
  • A renda média é de R$ 29 mil;
  • Investem e criam reservas de segurança;
  • Gostam de viajar e conhecer o mundo.

Em qual moeda costuma ser a remuneração?

Com a valorização de moedas estrangeiras em relação ao Real, unir os dois mundos se tornou possível para esses profissionais que costumam receber nas seguintes moedas:

  • 80,1% dos entrevistados recebem em Dólar Americano;
  • 10,4% recebem em Euro
  • 3,3% Dólar Canadense
  • 3,2% Real
  • 1,6% Libra

Sobre os valores de salários, segundo os respondentes, a média de salário de um Global Workers está em R$ 29.208.

  • Mais do que R$ 15 mil: 78,3%
  • Entre R$ 10 e 15 mil: 9,3%
  • Entre R$ 5 e 10 mil: 7,3%
  • Entre R$ 1.302 e 5 mil: 4,6%
  • Menos de R$ 1302: 0,4%

Sobre investimentos...

Aos Global Workers que já investem — aproximadamente 70% —, perguntamos em que estão investindo. Renda fixa (68,8%) é a opção primária, seguida por renda variável (48,1%).

Mais de 50% avalia seu conhecimento em investimentos e construção de patrimônio apenas razoável.

“Receber em moeda estrangeira demanda uma organização financeira maior dos Global Workers, que precisam estar por dentro de temas como impostos, câmbio e construção de patrimônio. Embora a maioria desses profissionais não se considere especialista no assunto investimentos, existe um interesse em lidar melhor com o próprio dinheiro e fazê-lo render”, diz Santos.

Outro interesse dos Global Workers é viajar!

Como bons planejadores, eles se organizam para viajar bastante, principalmente para fora do país:

  • 93,4% a lazer
  • 6,6% a trabalho

Como é a carreira do Global Workers?

Entre as principais característica de carreira de um Global Workers estão:

  • O global worker trabalha para uma tech company;
  • Tem inglês avançado/fluente;
  • Analisa a remuneração acima de qualquer fator;
  • Se preocupa muito com equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

"Descobrimos por meio deste mapeamento que esses profissionais trabalham principalmente como contratados exclusivos para empresas estrangeiras. Dos 1.413 Global Workers, apenas 6,2% trabalham como freelancers ou em contratos temporários de prestação de serviços” diz Santos.

Como era de se esperar, a maioria Global Workers trabalha remoto:

  • Remoto: 97,4%
  • Híbrido: 1,9%
  • Presencial: 0,4%

O modelo de contratação mais utilizado é como Pessoa Jurídica (87%), e menos de 3% tem um contrato com empresa estrangeira como funcionário. E os Global Workers estão felizes com esse tipo de contrato, já que 79,8% prefere o PJ.

Sobre as áreas mais ocupadas, de acordo com a pesquisa, se destacam:

  • Engenharia de Software: 63,5%
  • TI: 12,9%
  • Produto: 5,3%
  • Marketing: 3,5%
  • Sucesso do Cliente: 2,9%
  • Recursos Humanos: 2,4%
  • Vendas: 1,4%
  • Administrativo: 0,9%

Apesar de possuírem pouco tempo de formação, os Global Workers estão crescendo rápido na carreira. Quando questionados sobre o nível de senioridade, 45,9% indicaram serem “Seniores”.

Outro ponto de destaque, é claro, é o domínio de outros idiomas. O inglês é o principal segundo idioma desses profissionais, falado por mais de 99% deles. Ou seja, se você quer ser um Global Worker: comece a estudar o inglês.

  • Inglês: 99,4%
  • Espanhol: 30,8%
  • Francês: 9,2%
  • Alemão: 5,0%
  • Italiano: 3,7%

Falando em ofertas, a remuneração é, sem dúvidas, o principal fator que um Global Worker analisa na hora de aceitá-las — 75,7% pegaram o trabalho atual de olho no pagamento.

Em relação ao tipo de empresa, nacional ou internacional, segundo a percepção dos profissionais o ponto forte de cada uma é:

  • As empresas nacionais se destacaram em apenas um aspecto: o pacote de benefícios, que pode incluir plano de saúde, vouchers de alimentação e afins.
  • As empresas internacionais foram consideradas melhores em remuneração e respeito à vida pessoal de seus colaboradores.

No final do estudo, os pesquisadores quiserem saber: vale a pena trabalhar como Global Worker? A resposta foi bastante positiva:

  • 92,2% estão satisfeitos
  • 6,1% insatisfeitos
  • 1,7% não se aplica

E sobre o que eles esperam para o mercado dos Global Workers de 2023 são:

  • Ganhar mais (35,7%)
  • Equilíbrio entre vida pessoal e profissional (23,6%)
  • Me estabelecer na empresa (16,9%)
  • Conquistar uma promoção (9,5%)

Em relação às ações que os ajudaram a chegar neste cargo, os respondentes destacam:

  • Cursos na área de interesse (43,3%)
  • Pegar novos projetos (33,9%)
  • Networking (21,9%)
  • Mentorias e treinamentos (19,1%)
  • Atualizar LinkedIn e CV (18,3%)
  • Aprender um novo idioma (13,5%)

O levantamento da fintech ouviu 1.629 global workers e foi realizada em fevereiro deste ano, com participação aberta a internautas. O questionário permitiu a segmentação entre as respostas de brasileiros que efetivamente trabalham para o exterior e os respondentes interessados em ter uma carreira internacional.

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