Pesquisa da Husky: Apesar de possuírem pouco tempo de formação, os Global Workers estão crescendo rápido na carreira. Quando questionados sobre o nível de senioridade, 45,9% indicaram serem “Seniores” (imaginima/Getty Images)
Repórter
Publicado em 13 de setembro de 2023 às 07h31.
O trabalho remoto transformou o mercado de trabalho globalmente - não há mais fronteiras, a tecnologia permitiu essa conexão entre pessoas e empresas dos quatro cantos do mundo.
Neste cenário surgiram os nômades digitais, que com trabalho home office podem trabalhar em diferentes países sem lugar fixo, mas surgiram também os “Global Workers” que também são profissionais que trabalham home office, mas que conquistaram um espaço no mercado internacional sem precisar sair do lugar onde vivem atualmente.
Essa carreira internacional está crescendo no Brasil: entre 2020 e 2022 a quantidade dos Global Workers aumentou 491% e os salários chegam até R$ 29 mil, segundo pesquisa "Global Workers 2023 - Panorama sobre os profissionais brasileiros que trabalham para o exterior", realizada pela Husky, fintech brasileira que facilita transferências internacionais.
A Pesquisa Global Workers 2023 contou com a participação de 1.629 pessoas. Dos participantes, 86,7% responderam que são profissionais brasileiros que trabalham para o exterior. São 1.413 brasileiros que conseguiram uma vaga de emprego em uma empresa estrangeira e hoje recebem em outras moedas.
A parcela de 12,2% se refere aos profissionais que estão à procura de um trabalho para o exterior, cerca de 199 respondentes; e apenas (1%), o que corresponde a 17 respondentes não tem interesse nesse estilo de vida.
Dos 1.629 respondentes, se identificam como:
“Nossa pesquisa reforça o quanto esses profissionais valorizam relações de trabalho mais flexíveis, em que possam conciliar experiências pessoais e profissionais com viagens e momentos de lazer, sem deixar de lado a parte financeira”, ressalta Tiago Santos, CEO da Husky.
Além disso, a pesquisa mostra que boa parte dos respondentes são millennials, nascidos entre 1980 e 1996, ou membros da geração Z, nascidos de 1997 a 2010.
Em relação à escolaridade, o perfil dos respondentes é de nível Superior (94,9%), com maior representatividade das áreas Exatas e cursos ligados à tecnologia.
Sobre os cursos mais comuns entre os Global Workers, estão:
“Em um levantamento feito pela Husky em 2022, já havíamos identificado que a maioria dos profissionais que têm uma carreira remota no exterior trabalha no segmento de tecnologia, atuando principalmente como desenvolvedores de software para empresas estrangeiras”, diz o CEO.
Outro dado que a pesquisa aponta sobre estes profissionais é o estilo de vida:
“Vimos também que essas pessoas não querem morar fora do país, até porque ganham bem, trabalham remotamente, conseguem aproveitar seu ciclo social em meio à família e amigos, com a vantagem de ainda receberem em moedas bem mais valorizadas do que o real”, afirma Santos.
O Global Workers é para quem deseja trabalhar remoto, para uma empresa internacional sem precisar sair do lugar onde vive. Segundo a pesquisa, os principais motivos para os atuais profissionais que escolherem esse modelo de trabalho são:
Para quem busca por vagas no exterior, a pesquisa descobriu os países que mais contratam brasileiros. São eles:
“Mesmo Portugal liderando o ranking de contratações, é importante ter domínio do inglês, especialmente para profissionais da área de tecnologia. Muitas equipes são formadas por pessoas de diversas nacionalidades, então o inglês acaba sendo o idioma do dia a dia dos Global Workers”, afirma Santos.
Entre as principais características de hábitos de consumo dos Global Workers, o estudo destaca:
Com a valorização de moedas estrangeiras em relação ao Real, unir os dois mundos se tornou possível para esses profissionais que costumam receber nas seguintes moedas:
Sobre os valores de salários, segundo os respondentes, a média de salário de um Global Workers está em R$ 29.208.
Aos Global Workers que já investem — aproximadamente 70% —, perguntamos em que estão investindo. Renda fixa (68,8%) é a opção primária, seguida por renda variável (48,1%).
Mais de 50% avalia seu conhecimento em investimentos e construção de patrimônio apenas razoável.
“Receber em moeda estrangeira demanda uma organização financeira maior dos Global Workers, que precisam estar por dentro de temas como impostos, câmbio e construção de patrimônio. Embora a maioria desses profissionais não se considere especialista no assunto investimentos, existe um interesse em lidar melhor com o próprio dinheiro e fazê-lo render”, diz Santos.
Como bons planejadores, eles se organizam para viajar bastante, principalmente para fora do país:
Entre as principais característica de carreira de um Global Workers estão:
"Descobrimos por meio deste mapeamento que esses profissionais trabalham principalmente como contratados exclusivos para empresas estrangeiras. Dos 1.413 Global Workers, apenas 6,2% trabalham como freelancers ou em contratos temporários de prestação de serviços” diz Santos.
Como era de se esperar, a maioria Global Workers trabalha remoto:
O modelo de contratação mais utilizado é como Pessoa Jurídica (87%), e menos de 3% tem um contrato com empresa estrangeira como funcionário. E os Global Workers estão felizes com esse tipo de contrato, já que 79,8% prefere o PJ.
Sobre as áreas mais ocupadas, de acordo com a pesquisa, se destacam:
Apesar de possuírem pouco tempo de formação, os Global Workers estão crescendo rápido na carreira. Quando questionados sobre o nível de senioridade, 45,9% indicaram serem “Seniores”.
Outro ponto de destaque, é claro, é o domínio de outros idiomas. O inglês é o principal segundo idioma desses profissionais, falado por mais de 99% deles. Ou seja, se você quer ser um Global Worker: comece a estudar o inglês.
Falando em ofertas, a remuneração é, sem dúvidas, o principal fator que um Global Worker analisa na hora de aceitá-las — 75,7% pegaram o trabalho atual de olho no pagamento.
Em relação ao tipo de empresa, nacional ou internacional, segundo a percepção dos profissionais o ponto forte de cada uma é:
No final do estudo, os pesquisadores quiserem saber: vale a pena trabalhar como Global Worker? A resposta foi bastante positiva:
E sobre o que eles esperam para o mercado dos Global Workers de 2023 são:
Em relação às ações que os ajudaram a chegar neste cargo, os respondentes destacam:
O levantamento da fintech ouviu 1.629 global workers e foi realizada em fevereiro deste ano, com participação aberta a internautas. O questionário permitiu a segmentação entre as respostas de brasileiros que efetivamente trabalham para o exterior e os respondentes interessados em ter uma carreira internacional.