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Quer ser cientista na iniciativa privada? Executivos de P&D dizem como

Veja quais as vantagens de desenvolver pesquisa nas empresas e saiba como conquistar as melhores oportunidades

Centro de Desenvolvimento Mineral da Vale, em Minas Gerais: doutorado não é essencial para trabalhar nos centros de inovação (Agência Vale)

Talita Abrantes

Publicado em 25 de novembro de 2010 às 11h00.

São Paulo – Com alguns anos de atraso, o Brasil, finalmente, entra na rota do setor de inovação das multinacionais. Entre planos para instalar ou ampliar centros de pesquisa no país, empresas como IBM, GE, DuPont e Vale já começam a procurar profissionais brasileiros com um perfil mais voltado para a pesquisa.

Essa é uma boa notícia para os cientistas que sempre enfrentaram opções profissionais bastante limitadas no Brasil. Até pouco tempo, boa parte das opções de carreira científica estavam restritas aos laboratórios e centros de pesquisa das universidades brasileiras. Para fugir da sina acadêmica, a alternativa, geralmente, era migrar para outros países.

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A proposta, agora, é atrair esses pesquisadores de volta para o Brasil. “Muitas pessoas foram para o exterior porque viram melhores possibilidades lá fora. Eu adoraria ver pesquisadores voltando porque aqui é a melhor oportunidade de sucesso”, diz Luiz Mello, diretor do Instituto Tecnológico da Vale.

Para recrutar os melhores cientistas, as empresas vão apostar alto. Uma das estratégias para isso é a consolidação das políticas de carreira em Y.

Essa alternativa permite que os pesquisadores cresçam na área de P&D e, a depender do grau de senioridade, conquistem pacotes de remuneração semelhantes aos oferecidos para os cargos executivos.

Voltada para profissionais com um perfil mais técnico, “esse tipo de carreira permite que, em vez de fazer coordenação de pessoas, você trabalhe com gestão de tecnologia”, diz Rosana Fernandes, diretora de P&D da Motorola Brasil.

Formação
Mas para chegar a esse nível é preciso investir pesado na própria formação acadêmica. “O profissional precisa de credenciais acadêmicas e ter apresentado bons trabalhos, de preferência, nas áreas em que iremos focar nossos projetos”, afirma o indiano Daniel Dias, que acaba de assumir a direção do centro de tecnologia da IBM no Brasil.

“Ao trabalhar com pesquisa, o profissional desenvolve o rigor cientifico e a ênfase em colaboração que são muito importantes para esse tipo de trabalho”, diz John Júlio Jansen, vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento da DuPont para América Latina.


A experiência em pesquisa e o título de mestre ou doutor podem abrir as portas durante o processo de seleção. No entanto, segundo os especialistas, esses fatores não são essenciais para a contratação dos profissionais desses centros de pesquisas. Há oportunidades até para recém-formados.

Pesquisadores em laboratório da Butamax, no Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) da DuPont (Gladstone Campos/DuPont)

O segredo, de acordo com eles, é comprovar um estilo profissional orientado para a inovação, criatividade e empreendedorismo. “Não há soluções prontas nos centros de pesquisa. Você precisa ter a curiosidade para correr atrás das respostas”, diz Rosana.

Boa parte dos centros de pesquisas acabam investindo na formação dos profissionais que comprovam essa capacidade e se destacam nos projetos. “Chegamos até a pagar bolsas de doutorado para pesquisadores no exterior”, conta Marcos Vinícius de Barros, gerente-geral de tecnologia cocção da Whirlpool.

Rotina
Quem quiser se estabelecer em um desses centros de pesquisa precisa estar preparado para uma rotina de produção científica diferente daquela mantida nas universidades.

Enquanto a academia permite que “as pessoas sonhem mais”, como aponta Mello, do ITV, na iniciativa privada, via de regra, os projetos devem ter uma aplicação mais concreta. “Não adianta apenas ter uma boa ideia. Ela só terá valor se houver a possibilidade de transformá-la em um produto ou tecnologia aplicada. Esse é o grande diferencial”, diz Jansen, da Dupont.

Com uma orientação para resultados, nos centros de inovação das empresas, os pesquisadores precisarão lidar com prazos mais enxutos e, provavelmente, maior pressão.

Boa parte desses centros são integrados a equipes globais de pesquisa. “Os brasileiros são muito visados para atuar times multiculturais”, afirma Barros, diretor de tecnologia da Whirlpool. “Geralmente, se adaptam muito facilmente à outras culturas”.

No entanto, não basta ser simpático. Pesquisadores que atuam na iniciativa privada precisam, necessariamente, falar inglês fluentemente e dominar um outro idioma. “Um diferencial é ter conhecimentos em mandarim”, diz.

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