Carreira

Quem é (e o que pensa) o trainee aprovado pelo Itaú Unibanco

Última edição do programa teve um aprovado a cada 160 inscritos. Conheça o perfil de quem consegue passar por essa peneira

Turma de trainees do Itaú Unibanco (Itaú Unibanco/Divulgação)

Turma de trainees do Itaú Unibanco (Itaú Unibanco/Divulgação)

Claudia Gasparini

Claudia Gasparini

Publicado em 19 de janeiro de 2017 às 06h00.

Última atualização em 19 de janeiro de 2017 às 06h01.

São Paulo — O programa de trainees do Itaú Unibanco anda cada vez mais disputado. Entre 2015 e 2016, a relação candidato/vaga subiu de 148 para 160. Dos 23.248 inscritos no último processo seletivo, apenas 145 foram selecionados.

Os jovens aprovados são escolhido a dedo: além de uma formação sólida, boas aptidões técnicas e experiências relevantes no currículo, é preciso ter um forte alinhamento com a cultura do banco.

O filtro é rigoroso, mas também é verdade que o processo seletivo impõe poucos requisitos específicos. O motivo é o desejo de compor um grupo heterogêneo, com grande variedade de perfis, explica Amandha Cortes, superintendente da área de pessoas do Itaú Unibanco.

Nem a formação acadêmica é motivo para restrição: embora o programa seja voltado para profissionais de exatas e humanas, um candidato de biológicas “poderá ser contratado caso se revele encantador”. Não ser formado numa universidade de primeira linha também não é motivo para desclassificação.

A única exigência inegociável, além de disponibilidade para morar na cidade de São Paulo, é ter inglês avançado. Em algumas áreas, como private banking, o uso do idioma fará parte da rotina. Em outros departamentos, como varejo ou RH, a demanda é menos frequente, mas nem por isso a língua deixa de ser obrigatória.

Estudar no exterior ajuda a afiar o inglês, mas não é um requisito em si. “Estamos interessados nos aprendizados que cada experiência agrega à pessoa, mas não no tipo de experiência em si”, explica Cortes. “Pode ser um intercâmbio, mas também pode ser a participação numa ONG, um projeto de pesquisa ou qualquer outra iniciativa que tenha acrescentado algo a ela”.

Pós-graduação e outros idiomas além do inglês são considerados diferenciais. Mais do que “turbinar” o currículo, esses elementos provam que o candidato é curioso e interessado em adquirir novos conhecimentos.

O comportamento é o que realmente decide quem será aprovado. “Queremos pessoas empreendedoras, ambiciosas, abertas à escuta, capazes de defender seu ponto de vista numa discussão mas também de dar razão ao outro quando necessário”, resume Cortes.

O site oficial da empresa menciona os 7 princípios básicos da sua cultura. Colocar as necessidades do cliente acima de tudo, ser “fanático” por performance e ter uma ética inegociável são alguns desses atributos — e precisam constar na lista de qualidades do trainee ideal.

Trabalho em equipe
Para Fernanda de Sessa, de 23 anos, o alinhamento à mentalidade do Itaú Unibanco foi a principal razão para ser aprovada como trainee na área de varejo da empresa. “Pesquisei muito, refleti sobre mim mesma e descobri que me identificava muito com a cultura do banco”, conta ela. No processo seletivo, portanto, bastou agir de forma espontânea para conquistar os recrutadores.

É claro que o currículo da jovem também ajudou. Formada em administração pela FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto, ela fez estágio numa empresa de agroquímica, foi embaixadora de um projeto de voluntariado, liderou projetos na empresa júnior e até deu palestras sobre negócios com impacto social na faculdade.

Aos 16 anos, cursou parte do ensino médio nos Estados Unidos e, já na graduação, fez um intercâmbio de três meses na China. As vivências internacionais ajudaram a ganhar fluência no inglês e, de quebra, ganhar jogo de cintura para interagir com pessoas de diferentes perfis.

O trabalho em grupo, aliás, foi o tema de seu projeto de iniciação científica na USP. Ao lado de seu orientador, Fernanda produziu um trabalho acadêmico sobre uma nova metodologia para tomar decisões em grupo, que acabou sendo aplicada por uma multinacional.

A familiaridade com o assunto foi especialmente útil nas dinâmicas de grupo propostas pelo Itaú Unibanco. “Não gosto de passar por cima das pessoas e ‘sair gritando’ nas discussões”, explica ela. Além de ser da sua própria natureza, a capacidade de escutar os demais ajudou Fernanda a chamar a atenção dos avaliadores.

“É importante ser você mesmo, não chegar com respostas decoradas”, diz a trainee. Não que isso seja fácil: para conseguir se dar bem na seleção, é preciso fazer um longo exercício de reflexão sobre si mesmo e descobrir quem você é.

Foco
O autoconhecimento também fez toda a diferença para Marco Antônio de Oliveira, engenheiro civil formado pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e aprovado como trainee na área de negócios do atacado do Itaú BBA na última edição do programa.

Ele descobriu que seu caminho era o mercado financeiro, e não a construção de prédios e pontes, depois de um intercâmbio acadêmico para Chicago, nos Estados Unidos, pelo programa “Ciências Sem Fronteiras”.  

“Fiz aulas sobre fundamentos de gestão, empreendedorismo e contabilidade no mercado financeiro, e tive o estalo de que era disso que eu realmente gostava, que queria trabalhar em banco”, conta.

Para Marco, os avaliadores perceberam que ele tinha foco e sabia bem o que queria da carreira. Ele acredita que teve um bom desempenho nas entrevistas, inclusive naquelas voltadas para medir o preparo técnico do candidato, com perguntas sobre o funcionamento do mercado financeiro.

“Nunca tinha feito uma entrevista desse tipo, mas acho que me saí bem porque me preparei bastante”, explica. “Foi bastante tenso, porque todo mundo queria muito ser aprovado, mas consegui manter a calma e falar com naturalidade sobre os conceitos que havia estudado”.

Para enriquecer a bagagem na área que não era originalmente a sua, o engenheiro civil buscou cursos na área de negócios e atualmente faz mestrado em economia financeira na FGV (Fundação Getúlio Vargas). Investir em qualificação foi especialmente útil para resolver os cases propostos no processo seletivo.

Marco não conhecia tanto sobre a cultura corporativa dos bancos, mas acredita que se adaptou naturalmente à forma de ser do Itaú Unibanco. “Fui verdadeiro do início ao fim”, conta. “Acho que tudo deu certo porque a cultura da empresa também me agradou”.

O programa
A seleção de trainees no Itaú Unibanco passou por uma reformulação na sua edição mais recente, cujas inscrições se encerraram no dia 30 de agosto de 2016. Mais rápido, o processo contou com apenas duas etapas e incluiu a “Trilha Digitaú”, em que os candidatos passaram por testes e quizzes, tiveram acesso a conteúdos exclusivos sobre o mercado financeiro e resolveram cases com executivos via Skype.

Após essa primeira fase, totalmente online, os candidatos aprovados seguiram para a entrevista presencial com diretores e vice-presidentes do banco.

Com duração de 16 meses, o programa é direcionado a recém-formados em cursos de exatas ou humanas. As áreas de atuação disponíveis para trainees são auditoria, finanças, jurídico, marketing, operações, tecnologia, varejo, entre muitas outras. A página de carreiras do banco traz mais informações para interessados.

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