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Este princípio guia a carreira da presidente da Microsoft

Em palestra na conferência Ene Gestão Empresarial, Paula Bellizia, presidente da Microsoft Brasil, dá conselhos para construir uma trajetória de sucesso

Paula Bellizia, CEO da Microsoft, na Ene Gestão Empresarial: "Nunca deixe alguém dizer que você não pode fazer algo" (Luís Felipe Moura/Divulgação)

Claudia Gasparini

Publicado em 15 de agosto de 2016 às 15h17.

São Paulo — Com passagens por empresas como Apple, Facebook e Whirlpool, a atual presidente da Microsoft Brasil, Paula Bellizia, não gosta de dizer que sua carreira é um “exemplo” para os jovens . Ela prefere descrever sua trajetória como uma “história” capaz de inspirar e “dar ideias” para quem está entrando no mercado de trabalho.

O fio condutor da história de Paula foi a capacidade de seguir suas próprias intuições, ambições e desejos. Em palestra na Ene Gestão Empresarial, conferência de carreiras da Fundação Estudar, em São Paulo, ela destacou a importância de tomar as rédeas da sua história para ter sucesso .

“Enquanto eu trabalhava na Whirlpool, uma pessoa me disse que eu nunca iria alcançar o meu objetivo, que era sair do mercado de bens duráveis e ingressar no de bens de consumo", contou ela à plateia. “Fiquei muito brava e, naquele mesmo dia, construí um plano para fazer exatamente isso”.

A provocação foi o gatilho para que Paula lutasse e realizasse o “proibido”. Em 2002, ela foi contratada pela Microsoft, empresa em que passou os 10 anos seguintes e foi promovida. Bem avaliada, ela chegou a receber um prêmio do próprio fundador da empresa, Bill Gates.

“Nunca deixe alguém dizer que você não pode fazer algo. Quem manda na sua carreira é você”, afirmou à plateia, formada por cerca de 650 jovens, selecionados pela Fundação Estudar para uma maratona de palestras e sessões de pitch com empresas como Google, Ambev, Raízen e Votorantim.

O peso das escolhas

É claro que se responsabilizar pela sua própria trajetória nem sempre é fácil: em alguns momentos é preciso tomar decisões muito difíceis, diz Paula.

Após mais de uma década de sucesso e reconhecimento na Microsoft, a executiva decidiu pedir demissão. A razão foi a proposta de trabalhar como executiva da multinacional fora do Brasil, que ela recusou.

“Sou mãe, casada, e para mim trabalho não é tudo”, disse ela. “Doeu muito, mas eu preferi deixar a empresa e permanecer no Brasil com a minha família”. A decisão ainda é lembrada como a mais difícil da sua carreira.

Depois de sair da Microsoft, em 2013, ela foi trabalhar no Facebook, um ambiente informal que resultou num verdadeiro "choque de cultura" para quem estava acostumada a uma empresa de tecnologia grande e com rotinas estabelecidas.

Menos de um ano depois, ela seria convidada para ser presidente da Apple no Brasil, cargo que ocupou até julho de 2015, quando foi contratada novamente pela Microsoft, desta vez para assumir o comando da empresa.

Paula é exceção. De acordo com uma recente pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), apenas 8 em cada 100 profissionais de alto escalão nas empresas do Brasil são do sexo feminino. A mesma instituição prevê que a igualdade de gênero no mundo corporativo ainda levará 120 anos para acontecer.

A melhor forma de combater o machismo

Tecnóloga na área de processamento de dados, Paula precisou lutar por seu espaço desde cedo numa carreira pouco receptiva às mulheres. Seu primeiro emprego como programadora, numa usina, era num ambiente com pouquíssima diversidade de gênero. “Devia haver umas 100 mulheres entre milhares de homens, foi um contexto muito desafiador”.

Para a executiva, a existência do machismo é inegável, e não faltam números para comprová-lo. "Há algo errado no fato de que as mulheres compõem metade da população mundial, mas não têm a mesma representatividade no comando das empresas", afirma.

Paula Bellizia acredita que esse quadro é resultado da aplicação histórica das mesmas fórmulas e jeitos de contratar. A melhor resposta a isso, segundo ela, é trazer pontos de vista divergentes às discussões e investir na diversidade.

“Uma vez uma área técnica me disse que não contratava mulheres para o setor porque elas não existiam”, disse. “Eu respondi: mas é claro que existem! Só 11% dos formandos hoje em engenharia são mulheres, mas 11% não são zero, elas estão aí sim. Encontre-as”.

Em entrevista aEXAME.com, a executiva disse que a Microsoft deveria ter 50% de profissionais do gênero feminino em seus quadros, pelo fato de que o mundo é composto por cerca de 50% de mulheres.

Paixão como diferencial

Além de diversidade, Paula acredita que o mundo do trabalho precisará de cada vez mais paixão para funcionar. “Aprendi que liderança é algo que se faz com a cabeça, mas também com o coração”, disse ela no evento.

Segundo ela, a formação técnica é extremamente importante para a carreira, mas é preciso combinar o domínio ferramental do trabalho com o prazer de viver a sua vocação.

“Há um momento da carreira em que todo mundo se nivela tecnicamente, e aí o que faz diferença é a felicidade e a energia que você põe nas coisas que faz, e isso aparece nos seus olhos, na convicção das suas falas”. explica. “Quando vi essas duas coisas se unirem na minha carreira, foi mágico”.

Segundo ela, os jovens se distinguem das outras gerações pelo seu olhar para a causa e o propósito do trabalho — uma tendência que deve ser explorada e aproveitada por eles. “Escolha uma empresa que tenha os mesmos valores que você, porque é muito difícil trabalhar com algo em que você não acredita”, aconselhou a executiva. "No começo, pode até parecer que vai funcionar, mas não vai".

São Paulo - Ser aceito em um programa de trainee de uma grande empresa é uma dupla conquista. Em primeiro lugar, a aprovação revela que você derrotou um universo de concorrentes que pode chegar à casa dos milhares no caso de algumas empresas. A admissão também significa que você ingressará em uma espiral de treinamento e desenvolvimento que poucos jovens experimentam no início da carreira - isso sem falar nos bons salários. Todos esses benefícios não vêm de graça. Os critérios de seleção das companhias mais cobiçadas costumam ser rigorosos: além de sólidas competências técnicas, o candidato também deve esbanjar diversas habilidades comportamentais para ser aprovado. Nesta galeria, reunimos os principais requisitos de 9 programas de trainee bastante disputados. A seleção inclui empresas de setores diversos, como Ambev, VLI, Microsoft e AES Brasil. Navegue pelas imagens para acessar o conteúdo.
  • 2. Votorantim

    2 /11(Divulgação)

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    Qual é o nível de inglês exigido? Avançado ou fluente. O trainee lidará com documentos e clientes estrangeiros, além de ter contato constante com vocabulário técnico em inglês. Experiência internacional é requisito? Não é um fator de eliminação, mas é visto como diferencial. É preciso ter disponibilidade para mudanças? Sim. O trainee pode viajar pelo Brasil para participar de projetos e até ser fixado em outro estado ao fim do programa. A necessidade de mobilidade internacional é menos comum, mas não impossível. Qual é o perfil comportamental procurado pela empresa? Segundo Manuela Landi e Dimitriu Bezerra, coordenadores do programa de trainees da Votorantim, o jovem deve compartilhar valores e crenças com a empresa. “Autenticidade durante a seleção também é essencial”, diz Manuela. “Não queremos respostas prontas”. Outro requisito é ter disposição e energia para trabalhar em uma grande variedade de projetos, inclusive fora da sua área de formação original. Página oficial de carreiras na Votorantim
  • 3. Ambev

    3 /11(Germano Lüders / EXAME)

  • Qual é o nível de inglês exigido? Fluente. Experiência internacional é requisito? Não. É preciso ter disponibilidade para mudanças? Sim. O candidato deve estar livre para se deslocar e residir em outras cidades, estados e países. Qual é o perfil comportamental procurado pela empresa? Para ser escolhido, é preciso ter um perfil criativo, visionário e empreendedor, diz Daniel Ribeiro, diretor de talentos e atração da Ambev. Além do apetite por inovação, também é importante se sentir dono do negócio e valorizar a troca de experiências com outras áreas. “Queremos pessoas que tenham vontade de crescer, porque buscamos os futuros líderes da companhia”, afirma o executivo. "Nossa intenção não é ter um numero x ou y de trainees: se encontrarmos 10 jovens talentos ou 50 jovens talentos, vamos recrutá-los”. Página oficial de carreiras na Ambev
  • 4. Citi

    4 /11(Divulgação)

    Qual é o nível de inglês exigido? Avançado ou fluente. Experiência internacional é requisito? Não. É preciso ter disponibilidade para mudanças? Se você mora fora de São Paulo (SP), sim. Todas as vagas são na capital paulista. Qual é o perfil comportamental procurado pela empresa? Segundo Andrea Aikawa, superintendente adjunta de RH do Citi, é esperado que o candidato saiba propor mudanças e ajude a desenvolver outras pessoas. “O trainee precisa ser capaz de trabalhar colaborativamente e encorajar os demais a atingirem os melhores resultados”, afirma. Outro requisito é a capacidade de associar ganhos econômicos para o banco a um impacto social positivo para clientes, governos e comunidades. Página oficial de carreiras do Citi
  • 5. Nestlé

    5 /11(Bloomberg)

    Qual é o nível de inglês exigido? Avançado. Experiência internacional é requisito? Não. É preciso ter disponibilidade para mudanças? Sim. É preciso estar livre para viagens e mudanças tanto dentro quanto fora do Brasil. Qual é o perfil comportamental procurado pela empresa? Iniciativa, autonomia, foco no resultado e responsabilidade pelo próprio desenvolvimento são as competências fundamentais de um trainee, segundo a Nestlé. Página oficial de carreiras na Nestlé
  • 6. VLI

    6 /11(Gustavo Andrade/VLI)

    Qual é o nível de inglês exigido? Avançado ou fluente. Experiência internacional é requisito? É desejável e considerada um diferencial para a empresa. É preciso ter disponibilidade para mudanças? Sim. Desde o processo seletivo, o trainee assume o compromisso de residir em qualquer lugar do país onde haja operação da VLI. A empresa está hoje em 10 estados, além do Distrito Federal. Qual é o perfil comportamental procurado pela empresa? Para se dar bem, o jovem precisa se identificar com a cultura da empresa. “Como a atividade de logística contribui diretamente com o desenvolvimento do país, o jovem que escolhe trabalhar nesse negócio também deve buscar um propósito maior para sua carreira”, diz Rute Galhardo, gerente de RH da VLI. “Queremos pessoas que consigam buscar soluções em campo e que sejam apaixonadas por empreender dentro da empresa”. Página oficial de carreiras na VLI
  • 7. 3M

    7 /11(Andrew Harrer/Bloomberg)

    Qual é o nível de inglês exigido? Fluente. Experiência internacional é requisito? Não, mas intercâmbio é desejável. É preciso ter disponibilidade para mudanças? Sim. Após um ano de programa, o trainee poderá se mudar para regiões onde há fábricas da 3M: Sumaré, Itapetininga e Ribeirão Preto, todas no estado de São Paulo, e Manaus, no Amazonas. Qual é o perfil comportamental procurado pela empresa? Patrícia Alves, supervisora da área de aquisição e planejamento de talentos da 3M do Brasil, diz que a empresa mira candidatos com capacidade de liderança, inovação e trabalho em equipe. Também é exigido que o trainee aja com transparência e seja capaz de desenvolver outras pessoas além de si mesmo. Página oficial de carreiras na 3M
  • 8. GE

    8 /11(Joe Raedle/Getty Images)

    Qual é o nível de inglês exigido? Fluente. Experiência internacional é requisito? Não, mas é um diferencial. É preciso ter disponibilidade para mudanças? Sim. O programa prevê rotações em diferentes unidades da GE no Brasil e no mundo, o que exige que os trainees tenham mobilidade nacional e internacional. Pelo menos uma das rotações é feita em outro país. Qual é o perfil comportamental procurado pela empresa? A empresa diz que seu foco são jovens com perfil de liderança. Proatividade, imaginação e capacidade de ser inclusivo também são critérios fundamentais para a seleção. Página oficial de carreiras na GE
  • 9. Microsoft

    9 /11(Rick Wilking, Reuters)

    Qual é o nível de inglês exigido? No mínimo, avançado. Por ser uma multinacional, a Microsoft oferece treinamentos na língua inglesa e exige contato com profissionais estrangeiros. Experiência internacional é requisito? Não. É preciso ter disponibilidade para mudanças? Sim. O MACH (Microsoft Academy for College Hires) é um programa global, com duração de dois anos, que conta com treinamentos em vários países. O jovem deve ter disponibilidade para fazer três viagens internacionais nesse período, com duração média de uma semana cada uma. Depois disso, não há rotação e nem mudanças obrigatórias ao longo do programa. Qual é o perfil comportamental procurado pela empresa? O programa de trainees não recruta candidatos externos; as vagas são disputadas entre os estagiários da empresa. De acordo com Daniela Sicoli, gerente de RH da Microsoft, as competências que fazem um jovem se destacar são agilidade, comprometimento, foco no cliente e capacidade de desafiar a companhia. Página oficial de carreiras na Microsoft
  • 10. AES Brasil

    10 /11(Luísa Melo/EXAME.com)

    Qual é o nível de inglês exigido? Avançado. Experiência internacional é requisito? Não é obrigatório, mas é diferencial. É preciso ter disponibilidade para mudanças? Sim. Os trainees podem fazer rotações em diferentes bases e usinas. A mobilidade exigida é dentro dos estados de São Paulo, para a AES Tietê e AES Eletropaulo, e Rio Grande do Sul, para a AES Sul. Qual é o perfil comportamental procurado pela empresa? “Procuramos jovens dinâmicos, questionadores, que gostem de se relacionar e trabalhar em equipe”, diz Andrea Perosa, gerente de atração e gestão de Talentos da AES Brasil. Facilidade para o aprendizado e habilidade de comunicação também são requisitos. Página oficial de carreiras na AES Brasil
  • 11. Por falar em trainees...

    11 /11(Thinkstock)

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