Carreira

Pilotos farão treinamento em simuladores de voo

Para acelerar formação de pilotos comerciais, Anac discute implantação da tecnologia ainda neste ano, afirma diretor de operações

A intenção dos simuladores é que os pilotos tenham a opção de ter o mesmo treinamento de uma empresa de Linhas Aéreas na formação (Getty Images)

A intenção dos simuladores é que os pilotos tenham a opção de ter o mesmo treinamento de uma empresa de Linhas Aéreas na formação (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 28 de janeiro de 2011 às 07h00.

São Paulo – Em 2010, o mercado de aviação teve crescimento de 23,47% com relação ao ano anterior. Mas o processo de formação de profissionais para comandar aeronaves não acompanhou esse ritmo e, hoje, o setor carece de pilotos de linhas aéreas. Para atender a essa crescente demanda, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) estuda implantar um sistema de simuladores de voo nos cursos de piloto com o propósito de acelerar a formação desses profissionais.

A proposta faz parte das novas regras para a Licença de Piloto de Tripulação Múltipla (MPL, na sigla em inglês) que seguirá os padrões da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), instituição de segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

De acordo com o diretor de operações de aeronaves da Anac, Carlos Eduardo Pellegrino, os simuladores oferecem uma experiência mais próxima da realidade dos voos comerciais do que o tradicional treinamento em aviões de aeroclube.

A intenção é que os pilotos tenham a opção de iniciar suas carreiras dentro das próprias empresas – fato que garante uma formação mais coerente com os padrões da companhia. Por enquanto, os candidatos precisam seguir quase uma via sacra para conseguir a licença de piloto de linha aérea. Antes dela, eles precisam retirar as licenças para piloto privado e, depois, piloto comercial. Com o novo sistema, essas duas etapas podem ser limadas do processo para conquistar uma lincença de piloto de linha aérea.

O sistema deve ser implantado ainda este ano. Na semana passada, a Anac enviou uma comissão aos Estados Unidos e ao Canadá para avaliar programas desenvolvidos nesses países, como o SafeFlight International.

EXAME.com: Os simuladores de voo são similares aos jogos de simulação? Como eles funcionam?
Pellegrino: O programa avalia o piloto por notas. Se ele não for aprovado, ele não passa para a fase seguinte. A ideia é mimetizar situações que acontecem quando um piloto está realmente conduzindo um avião comercial, como os erros que geram acidentes. Jogos de computador com o Flight Simulator podem até ser usados para que a pessoa conheça os comandos do tráfego aéreo antes de partir para o simulador. Mas o programa de simulação apresenta uma experiência mais completa das situações de risco.

EXAME.com: Em quanto esse sistema pode reduzir o tempo de formação dos pilotos?
Pellegrino: Os voos simulados não substituem as experiências reais. No entanto, se você partir do princípio de que hoje as empresas aéreas não contratam recém-formados, mas sim profissionais com no mínimo 500 horas de vôo, ou 1.500 horas para quem não tem graduação, os pilotos sairão deste processo mais bem preparados.

E, mais, haverá uma redução dos custos com essa nova licença, com treinamento dentro do padrão das empresas. Isso porque em uma formação com um total de 408 horas de voo, 328 seriam por simulador e 80 em voos reais.

EXAME.com: Qual será o custo dos simuladores para as companhias?
Pellegrino: Um programa simulador custa entre 200 e 300 mil dólares pela empresa Diamond. O mais caro de todos é o A380, que oferece uma experiência mais envolvente e custa entre 15 e 20 milhões de dólares.

EXAME.com: E o custo da nova licença?
Pellegrino: No exterior, a licença MPL custa cerca de 100 mil dólares, com as despesas de hospedagem e custos adicionais. Por esse valor, o piloto sai pronto para ingressar em uma companhia aérea, sem nenhum treino adicional.

EXAME.com: O programa de simulação requer um computador especial?
Pellegrino: O simulador é a soma de três sistemas diferentes: de movimento, de pressão e de controles. Ele possui três pilares de apoio e sua aparência é semelhante a de uma cabine de um avião por dentro e por fora. Conforme o aparelho se movimenta, ele simula a aceleração e a gravidade, com imitação de subida, descida, virar à direita e à esquerda. Um conjunto de computadores simula o visual de uma mesa de piloto.

EXAME.com: Pilotos formados poderão fazer a simulação nesse programa? Ou ele é apenas para quem está em formação?
Pellegrino: Os pilotos que estão formados já usam esses simuladores. Nenhum piloto de linhas aéreas se forma sem simulador, caso contrário seria inviável financeiramente treinar sempre com aviões pesados. A ideia da Anac é levar os simuladores justamente para a formação, antes da entrada deles em grandes empresas.

EXAME.com: Como está o andamento da aprovação da MPL no Brasil?
Pellegrino: Estamos fazendo a pesquisa para mostrar às empresas como se certificar para ter um programa de formação voltado para essa licença. Depois, seguiremos para uma fase de audiência e aprovação do projeto. Feito isso, seguiremos para uma fase de testes do programa.

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