WhatsApp: o bom uso do WhatsApp depende de cada participante da conversa (champja/Thinkstock)
Luísa Granato
Publicado em 21 de agosto de 2018 às 06h00.
Última atualização em 21 de agosto de 2018 às 06h00.
São Paulo - Mais do que um aplicativo popular que facilita e barateia a comunicação, o WhatsApp tem crescido como uma ferramenta de trabalho que chega a rivalizar o e-mail.
Entre uma conversa e outra com a família, fotos são trocadas com amigos ao mesmo tempo em que avisos do chefe, cobranças e outras informações importantes da empresa aparecem nas notificações do aplicativo. Parece uma fórmula pronta para cometer um deslize.
Segundo o professor Roberto Aylmer, especialista em gestão estratégica de pessoas, o mercado e os profissionais ainda estão se adequando à migração de uso da tecnologia, o que pode levar a erros e excessos.
“São muitos grupos e um fluxo grande de mensagens e informações. É uma demanda grande que pode causar ansiedade. O aplicativo não tem horários e novas mensagens deixam nosso cérebro sempre em alerta”, diz.
Quando o e-mail era a novidade no escritório, a forma de trabalhar foi mudando e exigiu que as empresas se adaptassem à nova linguagem trazida pelo recurso. Hoje, já existe uma série de recomendações sobre como deve ser utilizado o e-mail do trabalho.
Com o Whatsapp não deve ser diferente.
Para Aylmer, a melhor utilização do aplicativo passa pela demarcação de regras da boa convivência. É o que o professor já faz no seu cotidiano de trabalho, avisando seus colaboradores sobre quais assuntos podem ser tratados no grupo de mensagens e os horários para enviá-las.
O bom uso do WhatsApp depende de cada participante da conversa. Confira as dicas do professor de comportamentos para evitar no app:
Mesmo que o aplicativo tenha suas mensagens criptografadas, é bom lembrar que os participantes da conversa têm acesso ao que foi enviado. É preciso tomar cuidado com as informações trocadas, especialmente ao falar de temas sigilosos ou questionar políticas da empresa. O que está registrado ali não necessariamente ficará em segredo.
Ao escrever, é melhor deixar as mensagens diretas e objetivas, pois a intenção por trás da mensagem pode ficar perdida de acordo com a interpretação de cada um. O que pode parecer uma pergunta normal pode ser vista como grosseria por outro e dificultar o trabalho. Segundo o professor, aqui pesa também o fator cultural ao lidar com profissionais de vários países.
Sabe aquela corrente que um amigo mandou? Ou aquela foto fofa do seu animal de estimação? A mensagem quilométrica de bom dia? A notícia polêmica do dia? Todas circulam pelo WhatsApp, mas é melhor passarem longe do grupo do trabalho.
“Algumas pessoas perdem a noção do perigo, mandando coisas pessoais e piadas fora de hora que prejudicam sua reputação. Não saber analisar o risco mostra que a pessoa não tem maturidade de pensamento”, avisa Aylmer.
Toda brincadeira tem limite - na vida e no grupo de trabalho também. É preciso cautela para fazer brincadeiras com os colegas pelo WhatsApp, especialmente se puderem ser percebidas como bullying, indiretas para alguém ou tocarem em temas sensíveis, como raça, cor ou gênero.
“Uma mensagem pode ser extremamente comprometedora da sua lucidez”, diz Aylmer. Se uma piada - ou notícia falsa - pode afetar um pouco a reputação, mandar uma mensagem após beber pode ser o fim dela. De desabafo a elogio, não importa o conteúdo da mensagem: se beber, não digite.
Pedir demissão por WhatsApp é uma boa? O professor avisa que essa e outras decisões importantes ainda devem ser comunicadas pessoalmente. Se estiver aborrecido ou frustrado com o trabalho, quiser questionar o chefe ou fazer uma denúncia, procure os canais oficiais da empresa ou marque uma reunião.
“Em comunicação, o que vale não é a razão, é a percepção”, diz Aylmer. Segundo ele, se achar dono da razão é um erro que transcende o WhatsApp. Um gestor pode parecer mais autoritário ao mandar mensagens e não perceber que está prejudicando a comunicação da equipe. É bom reler e pensar na forma como será recebida a mensagem antes de mandá-la.