Os novos centros de inovação da GE, Siemens e IBM
Nos próximos cinco anos, GE, Siemens e IBM pretendem investir 1,6 bilhão de dólares em unidades de pesquisa e desenvolvimento no Brasil. As contratações já estão ocorrendo
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.
São Paulo - O desempenho econômico de um país pode ser medido por vários indicadores: Produto Interno Bruto (representa a soma das riquezas geradas no ano), a renda per capita ou a taxa de desemprego. Porém, é a capacidade de produzir inovação , seja tecnológica ou de novos modelos de negócio, que mostra o quanto uma nação está à frente das outras em termos competitivos.
Nesse aspecto, o Brasil ainda tem uma cultura de inovação extremamente pobre, o que é visto como uma das grandes ameaças ao plano de crescimento sustentável do país. Em 2010, os Estados Unidos detinham 44.975 pedidos de reconhecimento de patentes na Organização Mundial de Propriedade Intelectual, agência ligada às Nações Unidas que administra uma grande central de dados de proteção de patentes de um país para outro.
O Japão detinha 32 148 pedidos e a França, 7.245. O Brasil contava com apenas 488 solicitações de reconhecimento de patentes. Normalmente, o número divulgado à agência internacional é menor do que a quantidade registrada no próprio país. O Brasil detinha, em 2010, 6 935 patentes catalogadas no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpe). Parece muito? Nos Estados Unidos, a versão americana do Inpe contava com 107.792 patentes.
Esse cenário, no entanto, pode mudar. Três grandes multinacionais — IBM , GE e Siemens — anunciaram nos últimos meses a vinda de importantes centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D) para o Brasil com a promessa de criar novas tecnologias, e não apenas adaptar as já existentes no exterior à realidade local.
A boa notícia é que elas já estão contratando. Por enquanto, um total de 650 profissionais. Elas também estão mapeando onde estão os talentos com títulos de PhD e pós-doutorado nas áreas de desenvolvimento de pesquisa. Nos próximos cinco anos, essas três empresas pretendem investir pouco mais de 1,6 bilhão de dólares no país.
A VOCÊ S/A entrevistou os presidentes dessas companhias para entender os motivos por trás da decisão e saber a opinião deles sobre a formação profissional dos nossos doutores e o que podemos esperar desses centros (veja quadro Centros de Inovação).
A vinda desses centros já despertou o interesse de outras companhias globais, das áreas industrial, química, petroquímica e farmacêutica, de trazer seus centros de pesquisa para o Brasil.
"Quem ganha com a vinda de mais centros como esses é o país, porque a inovação é uma plataforma aberta em que esses centros vão interagir com outras empresas e, por consequência, passar a ser 'contaminadas' pelo vírus da inovação, como um efeito em cadeia", diz Adilson Antonio Primo, presidente da Siemens Brasil, que tambémcoordena o movimento empresarial pela inovação da Confederação Nacional da Indústria.
Maior produtividade
Desde meados da década de 1990 e dos anos 2000 parte das grandes multinacionais acelerou a internacionalização de sua produção de P&D fora do país de origem. Os mercados emergentes da China, da Índia e do Leste Europeu foram os primeiros alvos. Com o mercado interno crescente e as boas perspectivas econômicas, o Brasil também passou a atrair esses centros.
Em um mundo cada vez mais competitivo, em que países como Índia e China possuem mão de obra 35% mais barata do que a brasileira, a inovação permite produzir mais por menos. Nas palavras de Ricardo Pelegrini, presidente da IBM Brasil, agora é o momento propício para esse tipo de investimento.
"Eu nunca vi um alinhamento tão grande entre as iniciativas pública e privada com o tema inovação como o que estamos vivendo atualmente", afirma.
Esses centros de pesquisa já nascem com o objetivo de endereçar inovações a produtos e demandas de seus clientes, como é o caso da GE . "Antes mesmo do anúncio já havíamos firmado acordos com clientes, principalmente universidades e institutos, para nos ajudar na formação de profissionais que atendam a nossa demanda", diz João Geraldo Ferreira, presidente da GE Brasil.
Além de abrir mercado para profissionais titulados, a vinda desses centros terá como consequência a repatriação de cérebros que deixaram o país.
São Paulo - O desempenho econômico de um país pode ser medido por vários indicadores: Produto Interno Bruto (representa a soma das riquezas geradas no ano), a renda per capita ou a taxa de desemprego. Porém, é a capacidade de produzir inovação , seja tecnológica ou de novos modelos de negócio, que mostra o quanto uma nação está à frente das outras em termos competitivos.
Nesse aspecto, o Brasil ainda tem uma cultura de inovação extremamente pobre, o que é visto como uma das grandes ameaças ao plano de crescimento sustentável do país. Em 2010, os Estados Unidos detinham 44.975 pedidos de reconhecimento de patentes na Organização Mundial de Propriedade Intelectual, agência ligada às Nações Unidas que administra uma grande central de dados de proteção de patentes de um país para outro.
O Japão detinha 32 148 pedidos e a França, 7.245. O Brasil contava com apenas 488 solicitações de reconhecimento de patentes. Normalmente, o número divulgado à agência internacional é menor do que a quantidade registrada no próprio país. O Brasil detinha, em 2010, 6 935 patentes catalogadas no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpe). Parece muito? Nos Estados Unidos, a versão americana do Inpe contava com 107.792 patentes.
Esse cenário, no entanto, pode mudar. Três grandes multinacionais — IBM , GE e Siemens — anunciaram nos últimos meses a vinda de importantes centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D) para o Brasil com a promessa de criar novas tecnologias, e não apenas adaptar as já existentes no exterior à realidade local.
A boa notícia é que elas já estão contratando. Por enquanto, um total de 650 profissionais. Elas também estão mapeando onde estão os talentos com títulos de PhD e pós-doutorado nas áreas de desenvolvimento de pesquisa. Nos próximos cinco anos, essas três empresas pretendem investir pouco mais de 1,6 bilhão de dólares no país.
A VOCÊ S/A entrevistou os presidentes dessas companhias para entender os motivos por trás da decisão e saber a opinião deles sobre a formação profissional dos nossos doutores e o que podemos esperar desses centros (veja quadro Centros de Inovação).
A vinda desses centros já despertou o interesse de outras companhias globais, das áreas industrial, química, petroquímica e farmacêutica, de trazer seus centros de pesquisa para o Brasil.
"Quem ganha com a vinda de mais centros como esses é o país, porque a inovação é uma plataforma aberta em que esses centros vão interagir com outras empresas e, por consequência, passar a ser 'contaminadas' pelo vírus da inovação, como um efeito em cadeia", diz Adilson Antonio Primo, presidente da Siemens Brasil, que tambémcoordena o movimento empresarial pela inovação da Confederação Nacional da Indústria.
Maior produtividade
Desde meados da década de 1990 e dos anos 2000 parte das grandes multinacionais acelerou a internacionalização de sua produção de P&D fora do país de origem. Os mercados emergentes da China, da Índia e do Leste Europeu foram os primeiros alvos. Com o mercado interno crescente e as boas perspectivas econômicas, o Brasil também passou a atrair esses centros.
Em um mundo cada vez mais competitivo, em que países como Índia e China possuem mão de obra 35% mais barata do que a brasileira, a inovação permite produzir mais por menos. Nas palavras de Ricardo Pelegrini, presidente da IBM Brasil, agora é o momento propício para esse tipo de investimento.
"Eu nunca vi um alinhamento tão grande entre as iniciativas pública e privada com o tema inovação como o que estamos vivendo atualmente", afirma.
Esses centros de pesquisa já nascem com o objetivo de endereçar inovações a produtos e demandas de seus clientes, como é o caso da GE . "Antes mesmo do anúncio já havíamos firmado acordos com clientes, principalmente universidades e institutos, para nos ajudar na formação de profissionais que atendam a nossa demanda", diz João Geraldo Ferreira, presidente da GE Brasil.
Além de abrir mercado para profissionais titulados, a vinda desses centros terá como consequência a repatriação de cérebros que deixaram o país.