Os 7 pecados capitais na hora de contar uma história
Autora do livro "O Guia Completo do Storytelling” fala sobre erros fatais ao construir narrativas
Camila Pati
Publicado em 16 de setembro de 2016 às 14h00.
São Paulo - Contar uma boa história é uma arte que se aprende e a prática de construir uma narrativa articulada para prender a atenção é também chamada de storytelling.
Utilizado em apresentações , palestras, textos publicitários, o método, queridinho entre profissionais de marketing, pode ajudar na criação de vínculo com a audiência e aumentar as chances de sucesso na comunicação.
Alguns erros, no entanto, são fatais, e podem ser associados aos pecados capitais, segundo a professora Martha Terenzzo. Ela e Fernando Palacios estão lançando o livro "O Guia Completo do Storytelling” (Editora Alta Books). Confira quais são os erros capitais das narrativas:
1. Gula
Sucumbir à gula no storytelling é contar mais do que o necessário e confundir história com histórico. “Em uma apresentação, por exemplo, significa colocar informação demais no slide, contar inteira uma história enorme”, diz a professora. As chances de perder a atenção da plateia são grandes.
Outro perigo para o narrador guloso é engasgar, segundo Martha. “A pessoa vai se perder e se enrolar na narrativa ao tentar comunicar tudo de uma vez”, diz.
Ela recomenda que narrativas tragam as informações mais importantes e de maior apelo dramático. A habilidade exigida é a de sintetizar. “Dou aula e sei que poder de síntese é uma das coisas mais difíceis. E, por outro lado, não pode ser uma síntese tão pragmática a ponto de comprometer a informação que precisa ser transmitida”, diz Martha.
2. Avareza
Avarentos querem que só eles próprios apareçam. “O pecado é inserir elementos na narrativa que mostrem que só a pessoa (ou o patrocinador, a empresa) quer aparecer”, diz a professora.
A mesquinhez fica evidente em narrativas que deixam pouco espaço para o que realmente interessa à audiência de tão recheadas de informações desnecessárias. “Acabam escondendo o jogo na entrelinha e economizando no que é, de fato, importante”, diz Martha.
3. Ira
Impulsividade e irracionalidade explicam a relação do pecado capital com o equívoco narrativo. O erro aqui é apelar para o instinto e deixar de lado o roteiro.
Para ilustrar, a professora conta o caso de um CEO que, se sentindo inspirado naquele determinado dia, rasgou o material preparado para guiar sua apresentação e achou por bem improvisar sua fala.
Sem roteiro, a sua narrativa perdeu o fio da meada e a atenção da plateia foi embora. “As vozes foram aumentando e ele pedia que as pessoas prestassem atenção. Sem sucesso, teve literalmente um rompante de ira e mandou que todos calassem a boca”, lembra a professora.
O que de pior poderia acontecer em uma apresentação do que berrar com a plateia? Nada. Por isso, recomenda Martha, planeje mais e improvise menos. É sempre necessário ter um norte: um bom conceito para desenvolver, personagens instigantes e um fim para a narrativa.
4. Preguiça
Uma boa história nasce depois de muito esforço e um bom toque de inspiração. Nada disso combina com a preguiça. Narradores preguiçosos economizam informação. Apresentadores indolentes delegam a tarefa de criação a outros e não se envolvem no processo.
Esse pecado muitas vezes vem estampado no rosto e no corpo de um apresentador. “Para falar bem, é preciso ajustar o ritmo da voz, pensar tambem na sua linguagem corporal”, indica Martha.
5. Soberba
Arrogância e orgulho comprometem a reputação do narrador/apresentador. Quem age assim, segundo Martha, geralmente, só fala do que quer falar, sem se preocupar com a audiência.
Recentemente a empreendedora Bel Pesce cometeu o pecado da soberba, diz Martha, ao não se preocupar com as péssimas contrapartidas oferecidas pelo projeto de crowdfunding para inaugurar a hamburgueria Zebeléo, em sociedade com Leonardo Young e Zé Soares.
Outros exemplos desse erro em storytelling surgem quando a boa história é preterida pelo marketing ou quando empresas pensam no plano de mídia antes mesmo de ter um conteúdo da narrativa.
6. Vaidade
Investir mais no telling (forma) do que em story (conteúdo) é se render à vaidade. Gastar uma fortuna em "pirotecnia" para uma apresentação sem se preocupar com a qualidade da informação que é transmitida é um erro muito comum, segundo Martha.
“Às vezes por insegurança, o palestrante, apresentador, narrador capricha nos slides de Power Point mas não tem argumentos tão bons”, diz.
7. Luxúria
Apostar em formatos batidos e artificiais de narração, estereótipos e clichês é uma atitude luxuriosa em storytelling, segundo a professora. “É comportamento típico de quem quer aplauso e, para isso, apela para uma fórmula fácil e sem conteúdo narrativo”, diz.
Narrativas que reforçam preconceitos usadas com único objetivo de arrancar gargalhadas são exemplos deste pecado.
Pensando nisso, os sócios da SOAP, consultoria especializada no assunto, compartilharam com EXAME.com algumas das regras básicas para usar a linguagem corporal do jeito certo durante as apresentações. Confira:
Em uma apresentação, a plateia é a protagonista – não você, seus slides ou lousa. Por isso, seu foco deve estar em quem está do lado de lá do palco ou da mesa.
Na prática, isso significa que seus olhos devem estar fitos neles – e não na sua apresentação de slides ou outro recurso.
“Você não pode interromper por muito tempo a conexão com a audiência”, afirma Rogério Chequer, sócio da SOAP. “Sem conexão, não há empatia. Sem empatia, não há credibilidade”.
Apesar da multidão de notas na partitura, é o maestro quem determina em que ponto de toda harmonia cada músico deve se focar. Faça o mesmo.
Assuma a postura de maestro da atenção da plateia. Segundo os especialistas, este processo começa antes de sua chegada ao palco – para ser mais preciso, no momento em que você confecciona os slides que irão auxiliá-lo durante a apresentação.
“O conteúdo mais importante não é o que está no slide, mas sim o que você está falando. Então, mostre apenas imagens sobre o que você diz”, afirma Eduardo Adas, sócio da SOAP. “Se você mostrar tudo de uma vez, a audiência não vai saber para onde olhar”.
Braços cruzados, mão na cintura ou nos bolsos, pernas muito abertas e por aí vai. Posturas assim passam “mensagens subliminares para a audiência na direção de desleixo, falta de disciplina, organização ou profissionalismo”, afirma Chequer.
A melhor estratégia para evitar isso é apostar em posturas e gestos neutros. “O que você busca em termos gestuais deve sempre visar à neutralidade e à complementariedade”, afirma Adas.
Ou seja, a maneira como você usa as mãos ou desloca o seu corpo não pode interferir na história que está contando – antes, deve reforçá-la.
Manter as mãos ao lado do corpo, por exemplo, cumpre essa função. Fazer gestos abertos, por sua vez, mostra ausência de proteção e confiança. “A conexão com a audiência é mais forte se seu gesto é natural”, diz Chequer.
“Muita gente odeia que aponte o dedo para elas. Ao fazer isso, você quebra a empatia”, diz Chequer.
Quando o grupo é pequeno, contudo, muitas vezes não faz sentido ficar em pé. Aí, a dica é aguçar os sentidos para perceber qual postura é mais adequada para cada reunião.