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Falta de feedback pode levar a medo de tirar férias

Há pessoas que acabam se privando de ter um momento de lazer em família para não perder um emprego, diz a coordenadora de recrutamento Tatiane Magalhães

mulher executiva (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2013 às 10h05.

São Paulo - Tatiane Magalhães, de 30 anos, coordenadora de recrutamento e seleção de vagas operacionais, viveu o dilema de ter medo de tirar férias no seu emprego anterior. Em entrevista a Você S/A, ela contou como a situação impactou sua vida pessoal e profissional.

VOCÊ S/A - Você tem medo de tirar férias? Por quê?

Tatiane Magalhães - Tive. Fiquei por quase três anos numa empresa que fornecia serviços de iluminação, tínhamos uma equipe muito reduzida. Eles estavam engajados em projetos de vendas para a copa e olimpíadas, não deu certo e eles tiveram que fazer alguns cortes. Eu tinha férias para tirar e não consegui.

Para mim era um problema porque na época eu ia casar, precisava do dinheiro e do emprego. Tínhamos que pensar quem poderia ser mandado embora e ver o quanto isso geraria de custo para a empresa, eu me prontifiquei a ficar na parte estratégica por questões pessoais e isso foi visto com bons olhos, me ajudou no momento em que eu estava.

Hoje eu tenho portas abertas na empresa . Fui contratada em março de 2009, bem no período da crise: entrei no momento de crise e saí num momento de crise.

VOCÊ S/A - Quais são os principais fatores que levam um trabalhador a ter medo de tirar férias?

Tatiane Magalhães - Para mim foi a questão pessoal de estar num período de reforma de apartamento antes de casar somado a falta de feedback que gerou um medo de quando eu voltar não ter mais meu emprego. Meus superiores começaram a dar férias para todos nesse período e eu disse que não tiraria, para trabalhar com eles. Meu gestor e a diretoria viram isso com bons olhos e me apoiaram.

Se tivesse tirado férias, teria ficado somente uma pessoa na equipe de recursos humanos e muita gente teria sido desligada, não teria sido feito esse cuidado de ver quem estava pra se aposentar, quem era bom e novo, quem tinha potencial etc. isso não seria feito com cuidado. Fizemos um olhar clínico, as demissões foram organizadas e feitas no tempo certo. Demitimos 200 pessoas, voltamos para a estaca inicial.


VOCÊ S/A –O medo de tirar férias já atrapalhou sua vida profissional?

Tatiane Magalhães - Sim, mas nada foi traumático, considero uma história de sucesso. A gente não quer deixar um trabalho que gosta, mas eu acho que é uma história de sucesso porque fiz muita amizade com os diretores, com os colegas e todos recomendam meu trabalho.

Porque eu organizei o RH, coisa que eles nunca tinham feito. Eu trouxe essa experiência de fora. Num período de medo eu consegui dar a volta por cima. O medo de tirar férias pode trazer boas soluções também.

VOCÊ S/A - Você considera o medo de tirar férias um fenômeno entre os profissionais nas empresas?

Tatiane Magalhães - Sim. É um fenômeno generalizado e isso acaba atrapalhando a vida pessoal. É algo que eu presencio aqui na empresa.A pessoa acaba se privando de ter um momento de lazer em família, para não perder um emprego. Acontece com muita frequência, as pessoas não chegam a se queixar, mas muita gente passa 3 ou 4 anos sem tirar férias, às vezes até mais.

Chega uma hora que o próprio gestor tem que obrigar a pessoa a tirar férias, mas mesmo em férias as pessoas não se desligam. Eu não passei por isso na Tegon, hoje eu vivo em um período de felicidade plena.

VOCÊ S/A - O que leva uma pessoa a ter interesse em usar dispositivos remotos para trabalhar durante as férias?

Tatiane Magalhães - Eu passei por isso na empresa anterior. Nos 10 primeiros dias de férias eu ficava olhando e-mail, celular. Mas depois eu já sabia o meu destino e me desliguei, fui curtir a vida e descansar porque eu estava demissão cumprida.

VOCÊ S/A - É possível contar com dispositivos de trabalho remoto e não misturar a vida pessoal com a profissional?

Tatiane Magalhães - É uma linha bem tênue, porque dependendo de um e-mail que você recebe no celular, o seu humor muda na hora. Então naquele momento você já está misturando sua vida pessoal e profissional.

VOCÊ S/A - O medo de tirar férias é justificável dentro do atual sistema de trabalho corporativo?

Tatiane Magalhães - A gestão precisa ter mais pulso firme. Alguns gestores têm aquela visão de que o profissional que trabalha muito e não tira férias é bom. Mas o gestor precisa saber que ele é um ser humano, tem família e precisa descansar. É preciso dar feedback para que o funcionário fique seguro do seu trabalho.

VOCÊ S/A - Como você expressou o medo de tirar férias para seus chefes e/ou RH? De que forma prática eles traduzem esse sentimento?

Tatiane Magalhães - Através de comentários. “já vai vencer as férias, mas eu não posso tirar porque tenho muita coisa pra fazer”, isso já mostra que as pessoas sentem medo e se envolvem em muitas atividades para não sair de férias.

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São Paulo - Tatiane Magalhães, de 30 anos, coordenadora de recrutamento e seleção de vagas operacionais, viveu o dilema de ter medo de tirar férias no seu emprego anterior. Em entrevista a Você S/A, ela contou como a situação impactou sua vida pessoal e profissional.

VOCÊ S/A - Você tem medo de tirar férias? Por quê?

Tatiane Magalhães - Tive. Fiquei por quase três anos numa empresa que fornecia serviços de iluminação, tínhamos uma equipe muito reduzida. Eles estavam engajados em projetos de vendas para a copa e olimpíadas, não deu certo e eles tiveram que fazer alguns cortes. Eu tinha férias para tirar e não consegui.

Para mim era um problema porque na época eu ia casar, precisava do dinheiro e do emprego. Tínhamos que pensar quem poderia ser mandado embora e ver o quanto isso geraria de custo para a empresa, eu me prontifiquei a ficar na parte estratégica por questões pessoais e isso foi visto com bons olhos, me ajudou no momento em que eu estava.

Hoje eu tenho portas abertas na empresa . Fui contratada em março de 2009, bem no período da crise: entrei no momento de crise e saí num momento de crise.

VOCÊ S/A - Quais são os principais fatores que levam um trabalhador a ter medo de tirar férias?

Tatiane Magalhães - Para mim foi a questão pessoal de estar num período de reforma de apartamento antes de casar somado a falta de feedback que gerou um medo de quando eu voltar não ter mais meu emprego. Meus superiores começaram a dar férias para todos nesse período e eu disse que não tiraria, para trabalhar com eles. Meu gestor e a diretoria viram isso com bons olhos e me apoiaram.

Se tivesse tirado férias, teria ficado somente uma pessoa na equipe de recursos humanos e muita gente teria sido desligada, não teria sido feito esse cuidado de ver quem estava pra se aposentar, quem era bom e novo, quem tinha potencial etc. isso não seria feito com cuidado. Fizemos um olhar clínico, as demissões foram organizadas e feitas no tempo certo. Demitimos 200 pessoas, voltamos para a estaca inicial.


VOCÊ S/A –O medo de tirar férias já atrapalhou sua vida profissional?

Tatiane Magalhães - Sim, mas nada foi traumático, considero uma história de sucesso. A gente não quer deixar um trabalho que gosta, mas eu acho que é uma história de sucesso porque fiz muita amizade com os diretores, com os colegas e todos recomendam meu trabalho.

Porque eu organizei o RH, coisa que eles nunca tinham feito. Eu trouxe essa experiência de fora. Num período de medo eu consegui dar a volta por cima. O medo de tirar férias pode trazer boas soluções também.

VOCÊ S/A - Você considera o medo de tirar férias um fenômeno entre os profissionais nas empresas?

Tatiane Magalhães - Sim. É um fenômeno generalizado e isso acaba atrapalhando a vida pessoal. É algo que eu presencio aqui na empresa.A pessoa acaba se privando de ter um momento de lazer em família, para não perder um emprego. Acontece com muita frequência, as pessoas não chegam a se queixar, mas muita gente passa 3 ou 4 anos sem tirar férias, às vezes até mais.

Chega uma hora que o próprio gestor tem que obrigar a pessoa a tirar férias, mas mesmo em férias as pessoas não se desligam. Eu não passei por isso na Tegon, hoje eu vivo em um período de felicidade plena.

VOCÊ S/A - O que leva uma pessoa a ter interesse em usar dispositivos remotos para trabalhar durante as férias?

Tatiane Magalhães - Eu passei por isso na empresa anterior. Nos 10 primeiros dias de férias eu ficava olhando e-mail, celular. Mas depois eu já sabia o meu destino e me desliguei, fui curtir a vida e descansar porque eu estava demissão cumprida.

VOCÊ S/A - É possível contar com dispositivos de trabalho remoto e não misturar a vida pessoal com a profissional?

Tatiane Magalhães - É uma linha bem tênue, porque dependendo de um e-mail que você recebe no celular, o seu humor muda na hora. Então naquele momento você já está misturando sua vida pessoal e profissional.

VOCÊ S/A - O medo de tirar férias é justificável dentro do atual sistema de trabalho corporativo?

Tatiane Magalhães - A gestão precisa ter mais pulso firme. Alguns gestores têm aquela visão de que o profissional que trabalha muito e não tira férias é bom. Mas o gestor precisa saber que ele é um ser humano, tem família e precisa descansar. É preciso dar feedback para que o funcionário fique seguro do seu trabalho.

VOCÊ S/A - Como você expressou o medo de tirar férias para seus chefes e/ou RH? De que forma prática eles traduzem esse sentimento?

Tatiane Magalhães - Através de comentários. “já vai vencer as férias, mas eu não posso tirar porque tenho muita coisa pra fazer”, isso já mostra que as pessoas sentem medo e se envolvem em muitas atividades para não sair de férias.

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