Carreira

O desafio da agilidade

Na Serasa Experian, todos têm de se acostumar ao ritmo acelerado de empresa global. Essa situação vem se tornando comum no Brasil

EXAME.com (EXAME.com)

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José Eduardo Costa

Publicado em 10 de junho de 2013 às 16h48.

São Paulo - O executivo que fala aos demais profissionais na foto acima é o presidente da Serasa Experian, Ricardo Loureiro. A reunião aconteceu no mês passado, em São Paulo, e trata-se de um vale-tudo, como ficou conhecido entre gerentes e diretores da empresa o programa Hard Talk, encontro em que profissionais do alto escalão se engajam num diálogo franco com líderes de diversas áreas da companhia.

O objetivo é falar abertamente sobre os problemas do dia a dia que acabam afetando o desempenho da organização. A iniciativa é parte de um programa corporativo que trabalha três aspectos de liderança: a gestão do negócio, a capacidade de formar os subordinados e a habilidade de se adaptar ao cenário global.

O programa surgiu em decorrência da cultura que vem se consolidando na nova empresa, formada depois da entrada da Experian, grupo irlandês de análise de crédito, que em 2007 adquiriu 65% do controle acionário da companhia brasileira. Das três habilidades, a que tem sido mais cara aos líderes da Serasa Experian é a capacidade de se adequar à velocidade dos negócios num ambiente globalizado.

A situação é emblemática, pois ilustra a quais desafios estão expostos os profissionais no Brasil quando a empresa passa a trabalhar em escala mundial. E isso tem se tornado mais comum.

A Experian opera em 38 países e exige que seus líderes pensem globalmente e discutam entre si para identificar oportunidades de negócios. Após a aquisição, isso se tornou uma questão.

Poucos executivos da Serasa Experian são capazes de participar ativamente de uma teleconferência com seus pares no exterior — o que torna mais difícil e moroso a troca de informações que fundamentam as análises técnicas, o desenvolvimento de produtos e o compartilhamento de experiências.

Para sanar essa deficiência, a primeira decisão foi tornar a fluência no idioma obrigatória tanto para quem entra na empresa quanto para futuras promoções. Atualmente, 6% dos 2.500 funcionários da Serasa Experian fazem aulas de inglês. “Mas há muito mais gente fazendo cursos por fora”, diz Milton Pereira, diretor de RH. 


A falta de proficiência no idioma não é uma questão apenas na Serasa Experian. Esse problema ficou mais evidente nos últimos dois anos quando mais multinacionais passaram a investir nas subsidiárias brasileiras. Quando isso aconteceu, o intercâmbio de informações entre matriz e filial se intensificou.

A Dow, multinacional americana do setor químico, cujo escritório no Brasil fica em São Paulo, é um exemplo. A Dow Brasil é a atual menina dos olhos da corporação, que tem sede em Midland, nos Estados Unidos. Isso porque a participação do Brasil no bolo da receita global de vendas cresceu.

Com os americanos olhando a subsidiária brasileira mais de perto, aumentou o volume de conversações entre eles e os brasileiros. Não demorou e ficou evidente que a falta de fluência em inglês era um problemão.

Para resolver o imbróglio, a Dow nomeou o americano Paul Oakley chefe da comunicação para a América Latina. Ele se mudou para cá no ano passado e é responsável por reportar tudo o que se passa na subsidiária brasileira. 

 Do ponto de vista da estrutura de negócios, a antiga Serasa teve de se reestruturar para se adequar ao modelo da Experian. Hoje, existem cinco unidades de negócios no Brasil. Antes, eram três áreas: produtos pessoa física, produtos pessoa jurídica e certificação digital.

A Experian também vem imprimindo um ritmo mais acelerado no dia a dia dos brasileiros. A velocidade na tomada de decisão e a agilidade nos processos internos são marcas que caracterizam a cultura da múlti irlandesa. Os líderes têm sido mais solicitados para participar de projetos globais e a exigência por resultados tem sido acompanhada de perto.

Isso tem forçado os gestores a sair da zona de conforto. “Houve profissionais mais seniores que pediram demissão, pois não se adaptaram ao novo ritmo”, diz Milton Pereira. O turn over (taxa de rotatividade de empregados) é de 10%, quase o mesmo de antes da aquisição.

 Apesar do processo de adaptação que está em curso, a Serasa Experian vem se saindo bem. Desde a aquisição, algumas de suas práticas de gestão foram incorporadas por unidades no exterior e cinco de seus profissionais já foram expatriados.

Entre eles, o ex-presidente no Brasil, Francisco Valim, que se mudou para Londres para assumir a presidência da Experian para a Europa, Oriente Médio, África e América Latina. “No médio prazo, as oportunidades de carreira internacional devem ser ampliadas”, diz Milton. São justamente essas perspectivas que têm injetado novo ânimo nos profissionais da Serasa Experian, principalmente nos mais jovens.

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