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Da Redação
Publicado em 26 de julho de 2013 às 16h24.
São Paulo - A internet no Brasil já conecta 64 milhões de pessoas, segundo dados do Ibope, e a estimativa para os próximos dois anos é que esse número cresça 40%.
De olho na expansão desse mercado, as empresas de tecnologia, e também as demais que usam a web como entreposto comercial, começaram a recrutar profissionais para atuar em tempo integral na rede. Novos postos de trabalho estão surgindo em atividades que até bem pouco tempo não existiam.
Um exemplo é o gestor de redes, responsável por antecipar necessidades dos consumidores vasculhando as redes sociais. “Daqui a três anos o mercado precisará de 1 milhão e meio de profissionais em áreas diversas”, diz Fernando Meirelles, professor de administração da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (Eaesp-FGV).
Esse dado é fruto da 20a Pesquisa Anual do Uso de TI, realizada de agosto de 2008 até abril de 2009 pelo Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da FGV-SP. O levantamento considera a opinião de 5.000 empresas de grande e médio portes.
O cálculo do número de funcionários para dar conta da demanda no setor foi feito com base em estatísticas que consideram o número de pessoas com acesso a computadores na população brasileira. Em 2008 existiam pouco mais de 60 milhões de computadores no país e a demanda era por 520.000 profissionais. A estimativa é que em 2012 haverá 100 milhões de computadores ligados à rede.
Daí a maior necessidade de gente nas empresas coordenando as operações na web. O estudo, no entanto, não considera as dificuldades de formação de mão de obra qualificada para o setor. Portanto, é de se esperar que existam mais vagas abertas nas empresas do que gente capacitada para preenchê-las.
Atualmente o salário dos profissionais que atuam na área varia de 2.000, para iniciantes, a 12.000 reais, no caso de gerentes, podendo ultrapassar essa cifra, dependendo do porte da empresa. A maior parte das ofertas de emprego está concentrada na região Sudeste do país, assim como os cursos para quem quer atuar nesse mercado — ainda que grande parte dos profissionais dessa área seja mesmo autodidata.
“É cada vez mais importante entender o que o internauta quer, e as redes sociais proporcionam essa sabedoria”, diz René de Paula, evangelizador digital (é esse mesmo o nome do cargo que ele ocupa) da empresa de software e serviços de internet Microsoft, em São Paulo. Munido de relatórios e pesquisas, René mapeia as tendências da web.
“Meu papel é descobrir para onde a internet caminha e, com base nas projeções, adequar o plano de negócios da Microsoft a essa tendência”, diz. Veja algumas das funções que estão ganhando força com o crescimento da rede no Brasil.
Olho no desempenho
Quem: Márcio Tierno, de 37 anos, diretor comercial e responsável por análise de desempenho da Inmetrics, empresa que monitora qualidade de sites, de São Paulo.
O que faz: Testa softwares e sites para corrigir erros de programação. Os analistas de desempenho identificam falhas antes que um site entre no ar ou um software seja lançado.
“A função é estratégica para quem depende de transações online, como companhias aéreas e bancos”, diz Márcio Tierno, da Inmetrics, empresa paulistana que cuida dos sites do Grupo Santander e Vivo. A Inmetrics surgiu em 2002, num laboratório de incubação da Universidade de Campinas (Unicamp), e aumentou seu quadro de 50 para 300 profissionais de 2008 a 2009.
Cresceu com o comércio online, que em 2009 movimentou mais de 10 bilhões de reais, um crescimento de 28% em relação a 2008. “É importante entender de programação, de banco de dados e de sistemas operacionais”, diz Márcio. Os salários vão de 2.500 a 6.000 reais para cargos operacionais.
Especialista em busca
Quem: Tiago Luz, de 27 anos, gerente de SEO da agência de publicidade DM9.
O que faz: É responsável por otimizar sites para que apareçam bem posicionados nas páginas de buscadores como Google e Yahoo!.
A DM9 contratou, há quatro meses, um diretor de SEO (sigla em inglês para Search Engine Optimization, que é o trabalho de melhorar a presença de sites na ordem de prioridade nos buscadores como Google). Formado em administração no Canadá, Tiago lidera uma equipe de seis pessoas.
"Como a internet possibilita medir constantemente o número de acessos, o dia a dia de um especialista em SEO é estressante", diz Tiago. Apesar da demanda, ainda são poucos os cursos sobre o tema.
O salário médio é de 3.000 reais, mas quem lidera equipes pode ganhar bem mais. "Há menos de um ano eu precisava convencer as empresas sobre a importância do SEO. Agora as companhias procuram serviços de search espontaneamente", diz Marcelo Abdo, diretor executivo da PictureWeb, empresa de marketing online de São Paulo.
Publicidade em outros formatos
Quem: Fred Pacheco, de 31 anos, diretor comercial da Boo Box, empresa de publicidade em mídias sociais, de São Paulo.
O que faz: Relacionamento com agências.
Formado em publicidade, o carioca Fred Pacheco começou a carreira na IBM, como gerente de projetos. Depois disso, passou pela fabricante de pneus Michelin, na área comercial, e foi para a Predicta, que faz medição de audiência online. Na Boo Box há seis meses, usa também seus conhecimentos offline para colocar os anunciantes nas chamadas redes sociais e em blogs.
“Foi bom unir os conhecimentos que ganhei em empresas de internet com o que sei sobre a área comercial, para desempenhar o trabalho que faço hoje.”
Infraestrutura também gera empregos
O desenvolvimento de infraestrutura para redes gera oportunidades na AES Eletropaulo Telecom, que está criando uma tecnologia parapopularizar o acesso à banda larga. Engenheiros com formação em telecomunicações ou elétrica estão em alta. “São raridades e ganham em torno de 15 000 reais”, diz Emerson Hioki, diretor de operações da AES.