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Executivos têm oportunidades no exterior, mas sem regalias

Com a crise, os executivos têm mostrado mais disposição para aceitar condições menos favoráveis para concretizar a mudança de país

Mudança de país: a crise econômica agora alimenta o afã dos profissionais alocados no Brasil em tentar a vida lá fora - por isso, os executivos têm mostrado mais disposição para aceitar condições menos favoráveis para concretizar essa mudança (ThinkStock)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2015 às 10h22.

São Paulo - O momento da expatriação era motivo de celebração para qualquer executivo de multinacional pelas regalias que uma oportunidade no exterior sempre embutiu: auxílio com a mudança, ajuda para moradia, colégio para os filhos, carro à disposição...

A crise econômica agora alimenta o afã dos profissionais alocados no Brasil em tentar a vida lá fora - por isso, os executivos têm mostrado mais disposição para aceitar condições menos favoráveis para concretizar essa mudança.

Hoje, em vez de mandar o profissional como funcionário expatriado, algumas empresas estão oferecendo novas oportunidades lá fora, isentando-se de quase todos os custos da mudança.

"A pessoa é desligada aqui e recontratada lá", explica Daniel Cunha, diretor da consultoria Exec. "É uma espécie de 'informalização' desse processo de expatriação."

Isso ocorre porque os profissionais estão muito dispostos a tentar a vida no exterior neste momento de crise no Brasil. "O mercado está demandante", diz Henrique Bessa, diretor executivo da empresa de head hunting Michael Page.

"A procura por oportunidades de expatriação aumentou cerca de 80% em relação ao ano passado. Hoje, as pessoas sabem que a situação do País vai se manter complicada por mais dois ou três anos. É um cenário caótico e que faz o executivo olhar para fora."

É um cenário completamente diferente do visto há relativamente pouco tempo. Em 2011 e 2012, eram os estrangeiros que faziam fila para vir morar no Brasil.

"Até dois anos atrás, havia uma briga grande por salário. Para o cargo de CFO (diretor financeiro), o profissional que era destacado para o Brasil ganhava mais do que o chefe global. Havia essa distorção, e muitas vezes era difícil explicar isso para a matriz."

Agora, os salários nacionais não só caíram em relação aos pagos anteriormente, mas também ficaram comparativamente mais baixos do que os de outros mercados, por causa da desvalorização do real.

O dólar próximo a R$ 4 é, aliás, mais um fator que aquece a busca por oportunidades lá fora. "Ganhar em dólar agora é visto como um benefício importante. Se o dólar continuar na trajetória de alta, o executivo pode fazer um bom 'pé de meia' em reais ao ir para o exterior."

Diante do cenário desfavorável no médio prazo e das vantagens econômicas da expatriação, ainda que sem as regalias de antigamente, Bessa prevê uma "debandada" de executivos do País nos próximos três anos.

Vantagem

Oferecer uma vaga no exterior pode ser, do lado da empresa, uma forma de reter um talento. Para o executivo, pode ser uma forma de fugir do mercado brasileiro, que seguirá "morno" em oportunidades de crescimento profissional.

"Os brasileiros são considerados talentos globais, pois o País é a sede da matriz latino-americana de 75% das multinacionais com negócios na região", diz Cunha, da Exec. "Hoje, fica claro nas entrevistas que os executivos estão mais dispostos a se movimentar."

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São Paulo - O momento da expatriação era motivo de celebração para qualquer executivo de multinacional pelas regalias que uma oportunidade no exterior sempre embutiu: auxílio com a mudança, ajuda para moradia, colégio para os filhos, carro à disposição...

A crise econômica agora alimenta o afã dos profissionais alocados no Brasil em tentar a vida lá fora - por isso, os executivos têm mostrado mais disposição para aceitar condições menos favoráveis para concretizar essa mudança.

Hoje, em vez de mandar o profissional como funcionário expatriado, algumas empresas estão oferecendo novas oportunidades lá fora, isentando-se de quase todos os custos da mudança.

"A pessoa é desligada aqui e recontratada lá", explica Daniel Cunha, diretor da consultoria Exec. "É uma espécie de 'informalização' desse processo de expatriação."

Isso ocorre porque os profissionais estão muito dispostos a tentar a vida no exterior neste momento de crise no Brasil. "O mercado está demandante", diz Henrique Bessa, diretor executivo da empresa de head hunting Michael Page.

"A procura por oportunidades de expatriação aumentou cerca de 80% em relação ao ano passado. Hoje, as pessoas sabem que a situação do País vai se manter complicada por mais dois ou três anos. É um cenário caótico e que faz o executivo olhar para fora."

É um cenário completamente diferente do visto há relativamente pouco tempo. Em 2011 e 2012, eram os estrangeiros que faziam fila para vir morar no Brasil.

"Até dois anos atrás, havia uma briga grande por salário. Para o cargo de CFO (diretor financeiro), o profissional que era destacado para o Brasil ganhava mais do que o chefe global. Havia essa distorção, e muitas vezes era difícil explicar isso para a matriz."

Agora, os salários nacionais não só caíram em relação aos pagos anteriormente, mas também ficaram comparativamente mais baixos do que os de outros mercados, por causa da desvalorização do real.

O dólar próximo a R$ 4 é, aliás, mais um fator que aquece a busca por oportunidades lá fora. "Ganhar em dólar agora é visto como um benefício importante. Se o dólar continuar na trajetória de alta, o executivo pode fazer um bom 'pé de meia' em reais ao ir para o exterior."

Diante do cenário desfavorável no médio prazo e das vantagens econômicas da expatriação, ainda que sem as regalias de antigamente, Bessa prevê uma "debandada" de executivos do País nos próximos três anos.

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Oferecer uma vaga no exterior pode ser, do lado da empresa, uma forma de reter um talento. Para o executivo, pode ser uma forma de fugir do mercado brasileiro, que seguirá "morno" em oportunidades de crescimento profissional.

"Os brasileiros são considerados talentos globais, pois o País é a sede da matriz latino-americana de 75% das multinacionais com negócios na região", diz Cunha, da Exec. "Hoje, fica claro nas entrevistas que os executivos estão mais dispostos a se movimentar."

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