Paulo Henrique Campos, da Sabb: ele tem forte traço de autonomia (Marcelo Spatafora / VOCÊ S/A)
Da Redação
Publicado em 19 de março de 2013 às 11h35.
São Paulo - O analista brasileiro está trabalhando no piloto automático. Ele tem como pontos fortes a obediência às regras e a consideração com outras pessoas, duas características que o mercado enxerga como importantes nesse estágio da carreira. São atributos que condizem com o nível hierárquico do analista, que normalmente exerce um trabalho técnico e é o responsável por colocar a mão na massa.
No entanto, o mercado está procurando um profissional que reúna, além dessas qualidades, um pouco mais de empolgação e de iniciativa. E essas são habilidades que estão em falta. "O analista precisa cumprir regras, mas também precisa fazer a diferença", diz Mariana Abbud, consultora da consultoria Korn/Ferry, de São Paulo.
Isso ocorre porque as empresas estão em busca de inovação e esperam que seus funcionários apontem soluções. Empregados acomodados, preocupados apenas com o próprio serviço, não ganham destaque. O analista não precisa mudar a estratégia do negócio, mas deve ser capaz de sugerir pequenos melhoramentos nas atividades que realiza — e ele não está fazendo isso.
Mesclar obediência e independência pode parecer difícil, mas é o caminho do crescimento. A habilidade técnica pode levar o analista a se destacar por bons resultados, mas a iniciativa ajuda a definir sua promoção a um cargo mais alto.
"Ele precisa ter compreensão do limite do ambiente em que está inserido e das pessoas com quem convive, só assim conseguirá crescer", diz José Augusto Figueiredo, vice-presidente da LHH/DBM, empresa de recolocação de executivos, do Rio de Janeiro. Se você é analista, olho na iniciativa.
Sem medo de conversar
A maioria dos analistas brasileiros é extremamente dependente e exibe pouca autonomia para desempenhar suas funções. Não é o caso de Paulo Henrique Campos, de 25 anos, analista de projetos da Sabb, braço da Coca-Cola para sucos e bebidas não gasosas, de São Paulo. Sua alta motivação e sua baixa dependência, porém, podem ser um problema na hora de realizar algumas tarefas.
"Às vezes tenho dificuldade de conseguir uma informação, o que me deixa bastante descontente", diz Paulo. Para contornar a situação e conseguir a confiança do grupo, ele mostra que tem aptidão para realizar o que lhe é pedido e está sempre presente quando alguém precisa — dois comportamentos admirados pelas empresas.
Para Paulo, porém, o mais importante é estar atento. Só assim será capaz de entender o que o chefe precisa e de realizar seu trabalho com mais qualidade. "Não tenho a autonomia geral, mas sei que é possível fazer melhorias, basta saber como falar."