Gig economy é um arranjo alternativo de emprego, uma forma de trabalho em que as pessoas exercem uma atividade freelancer e recebem separadamente por cada projeto/serviço (Taiyou Nomachi/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 19 de maio de 2024 às 08h00.
Por Diego Cidade, fundador da Academia do Universitário
A ascensão do trabalho gig no Brasil reflete uma transformação profunda nas estruturas tradicionais de emprego, impulsionada pela busca por maior flexibilidade e autonomia. A pandemia acelerou essa transição, trazendo à tona tanto os benefícios quanto os desafios desse modelo de trabalho.
Gig economy é um arranjo alternativo de emprego, uma forma de trabalho em que as pessoas exercem uma atividade freelancer e recebem separadamente por cada projeto/serviço. O conceito de gig economy engloba profissionais independentes, de plataforma online e temporários.
Recentes estudos apontam para uma situação mista para os trabalhadores gig no Brasil. Por um lado, há uma crescente diversificação em setores como saúde, finanças e educação que estão incorporando trabalhadores gig, ampliando as possibilidades de emprego, principalmente com a evolução das empresas de tecnologia. No entanto, muitos enfrentam condições precárias, com baixa remuneração e falta de benefícios tradicionais, como seguro saúde e aposentadoria, evidenciando talvez uma necessidade de reformas regulatórias.
A flexibilidade é o maior atrativo do trabalho gig, permitindo que trabalhadores gerenciem melhor seu tempo e compromissos pessoais. No entanto, essa mesma flexibilidade traz desafios significativos, como a falta de segurança financeira e acesso limitado a benefícios, como os motoristas dos aplicativos enfrentam. Mas podemos também ter a ótica de pessoas que trabalham no formato CLT e possuem alguns “freelas” em paralelo ou pessoas que trabalham como PJ dentro das companhias e prestam serviços para mais de uma empresa.
Na minha visão não existe o melhor lado da moeda. Todo ambiente é instável e os dois lados possuem seus prós e contras. Só que tem uma coisa que levo desde as minhas aulas de economia, o ambiente com mais risco é o ambiente que trará o maior retorno possível. Porém tem que ter estômago.
O aumento do trabalho remoto está permitindo que as empresas acessem um talento global de trabalhadores gig, com setores tradicionais cada vez mais adotando esse modelo. Plataformas digitais estão facilitando esse acesso, oferecendo novas oportunidades para os trabalhadores gig e permitindo que empresas operem com mais eficiência. A tecnologia está, portanto, não apenas facilitando a expansão do trabalho gig mas também ajudando a superar algumas das suas limitações tradicionais.
Como por exemplo, uma empresa que está precisando acelerar sua entrega de tecnologia e contrata um squad de desenvolvedores temporários por meio de um contrato PJ. Mas sim, às vezes o tiro pode sair pela culatra como o caso da Amazon que utilizava indianos para checar as compras com a tese de eliminar os caixas de pagamento. Me parece que as pessoas não gostaram muito quando descobriram.
A gig economy está moldando uma nova cultura de trabalho no Brasil, com implicações significativas para o tecido social e econômico do país. Empresas que se adaptam a esse modelo podem se beneficiar de custos reduzidos e maior agilidade, enquanto trabalhadores aproveitam uma maior independência. E com a Geração Z no comando isso tende a se perpetuar.
No entanto, a expansão do trabalho gig também levanta questões sobre a desigualdade e a estabilidade econômica, exigindo uma discussão mais aprofundada sobre como equilibrar flexibilidade com segurança.
E na seara do empreendedorismo isso se torna mais vivo ainda, startups nascendo a todo instante, precisando contratar pessoas o quanto antes para validar seu modelo de negócio. Não é à toa que se abrirmos o LinkedIn veremos vagas e mais vagas no modelo PJ.
O trabalho gig está redefinindo as carreiras no Brasil, oferecendo oportunidades únicas enquanto desafia as normas tradicionais de trabalho. O famoso plano de carreira nunca mais será linear.
Para que esse modelo beneficie tanto trabalhadores quanto empregadores a longo prazo, é essencial que haja uma colaboração contínua entre governos, empresas e trabalhadores para criar um ambiente de trabalho gig que seja sustentável, justo e produtivo. A jornada é complexa, mas as recompensas podem redefinir o futuro do trabalho no país.E estou animado com essa evolução que estar por vir, principalmente quando estamos levando em consideração a Geração Z que tanto clama por flexibilidade no trabalho.