Carreira

Empresa experimentará semana de trabalho de quatro dias

A Fast Retailing oferecerá semanas de quatro dias de trabalho a cerca de um quinto de seus funcionários a partir de outubro

Loja da Uniqlo, no Japão: cerca de 10.000 funcionários de jornada completa terão a opção de ter um fim de semana de três dias (Wikimedia Commons)

Loja da Uniqlo, no Japão: cerca de 10.000 funcionários de jornada completa terão a opção de ter um fim de semana de três dias (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 23 de agosto de 2015 às 15h38.

A Fast Retailing, a companhia controladora da Uniqlo, da Theory e da J Brand, oferecerá semanas de quatro dias de trabalho a cerca de um quinto de seus funcionários a partir de outubro, confirmou a empresa à Bloomberg.

Cerca de 10.000 funcionários de jornada completa das sedes da Uniqlo no Japão terão a opção de ter um fim de semana de três dias se trabalharem 10 horas por dia no restante da semana.

A loja também está considerando implementar uma semana mais curta nas sedes corporativas e em mais lojas caso o teste dê resultados positivos.

A constância do fim de semana de três dias é uma fantasia frequentemente associada aos funcionários administrativos, que podem se dar ao luxo de reduzir as horas de trabalho.

No entanto, a Fast Retailing está oferecendo esse benefício aos funcionários das lojas na esperança de reter os talentos de tempo completo, que costumam passar à meia jornada para estar com a família ou cuidar de pais idosos, disse a empresa.

A única desvantagem dessa configuração é que os trabalhadores terão que trabalhar aos sábados e aos domingos para que as lojas da Uniqlo contem com os funcionários durante os momentos de maior movimento.

A decisão chega em um momento em que algumas das corporações do Japão estão só começando a repensar o dia de trabalho tradicionalmente árduo.

Cerca de 22 por cento dos trabalhadores japoneses dedicam mais de 49 horas semanais ao trabalho, em comparação com 16 por cento dos trabalhadores dos EUA, de acordo com dados informados pelo jornal The Guardian.

Como reação ao excesso de trabalho e ao estresse das jornadas longas, algumas empresas japonesas, como a casa de comércio Itochu, proibiram o trabalho até a madrugada.

Conservar os funcionários

Muitos defenderam uma flexibilidade maior nas jornadas dos trabalhadores de diversos setores, mas é improvável que a semana de quatro dias de trabalho se torne comum em breve.

Embora ela esteja se tornando mais popular nos EUA, os casos de sucesso mais visíveis são os de pequenas empresas com mão de obra extremamente capacitada.

Em uma pesquisa de 2014 com mais de 1.000 empregadores, 43 por cento das empresas disseram que permitem que pelo menos alguns funcionários comprimam a semana de trabalho, concentrando mais horas em menos dias, durante pelo menos parte do ano, em comparação com 38 por cento das companhias em 2009.

No entanto, apenas 10 por cento, formado principalmente por pequenas empresas, oferece esse benefício a todos os funcionários, de acordo com a pesquisa. Um grande desafio para a semana de quatro dias de trabalho é que a maior parte do mundo funciona em um cronograma de cinco dias.

Conservar os funcionários é particularmente importante para a Uniqlo, inclusive os menos capacitados.

A Uniqlo oferece um treinamento de duas semanas para os novos funcionários das lojas, e perder esse talento custa dinheiro à companhia.

“Sentimos que precisamos enriquecê-los”, disse o CEO da Uniqlo nos EUA, Larry Meyer, à Bloomberg em março. “Se as pessoas estão felizes, a taxa de retenção é alta. Se não estão, a taxa de retenção será baixa”.

A Uniqlo foi criticada anteriormente pelas condições de trabalho nas fábricas de suas fornecedoras na China. Depois de investigações internas, a loja prometeu tomar medidas para garantir “condições de trabalho adequadas” para as pessoas que fabricam as roupas.

Um livro lançado em 2011, “The Glory and Disgrace of Uniqlo”, do jornalista Masuo Yokota, alegou que alguns gerentes de lojas no Japão estavam sobrecarregados de trabalho. A Uniqlo processou a editora do livro, mas o caso foi arquivado.

A companhia disse na época que estava trabalhando para “adotar uma posição estrita” contra as horas extras não pagas.

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