Carreira

Ela criou o “LinkedIn da Favela” e já ajudou mais de 30 mil pessoas na busca de um trabalho

O projeto social “Emprega.Co” conecta moradores de comunidades com oportunidades de emprego e capacita profissionais de qualquer idade por meio de parcerias com empresas

Regane Santos, fundadora do Emprega.Co (LinkedIn da Favela): “O objetivo sempre foi transformar a vida das pessoas a partir da empregabilidade” (Emprego.Co/Divulgação)

Regane Santos, fundadora do Emprega.Co (LinkedIn da Favela): “O objetivo sempre foi transformar a vida das pessoas a partir da empregabilidade” (Emprego.Co/Divulgação)

Publicado em 20 de novembro de 2024 às 10h52.

Última atualização em 20 de novembro de 2024 às 17h33.

Tudo sobreBusca de emprego
Saiba mais

Com a missão de conectar moradores de comunidades com o mercado de trabalho, a pedagoga Rejane dos Santos criou o Emprega.Co — negócio social que foi apelidado como "LinkedIn da Favela", uma vez que ajuda moradores da favela a se candidatar e a conseguir uma vaga de emprego.

Fundado em 2017, o projeto nasceu na favela de Paraisópolis, em São Paulo, comunidade em que Santos nasceu e vive até hoje. Desde o primeiro ano, o negócio tem sido um divisor de águas na vida de mais de 30 mil pessoas.

“O objetivo sempre foi transformar a vida das pessoas a partir da empregabilidade, oferecendo oportunidades e acesso, independentemente da idade”, conta Santos.

Entre os principais públicos do projeto social, Santos diz que estão jovens aprendizes e profissionais 50+, além de moradores de favelas em situação de vulnerabilidade social.

Uma porta de entrada para o mercado

O Emprega.Co funciona como um escritório físico em Paraisópolis, oferecendo suporte que vai além do cadastro em vagas de emprego. O espaço conta com salas de atendimento e capacitação, onde candidatos recebem treinamentos para entrevistas, desenvolvimento pessoal e orientações sobre o mercado de trabalho.

“O LinkedIn é uma plataforma incrível, mas a realidade da favela é outra. Muitos moradores não têm computador, internet ou nem mesmo conhecimento sobre como utilizar essas ferramentas”, afirma a idealizadora que afirma que o trabalho presencial faz toda a diferença na comunidade.

É nesta necessidade eu surge o EmpregaCô, que equilibra o digital e o presencial. “O candidato vem até o nosso escritório, faz o cadastro online, mas também conta com nosso suporte técnico para superar essas barreiras”, afirma Santos.

Samila de Jesus Santos, de 25 anos, é uma das moradoras de Paraisópolis que conseguiu um emprego por meio do “LinkedIn da Favela”. Ela buscou ajuda por meio do programa este ano, após saber do projeto por meio do WhatsApp.

“A importância do LinkedIn da Favela é gigantesca para a comunidade, porque por meio das oportunidades oferecidas, podemos oferecer o melhor para nossa família e para nós mesmo”, afirma Samila que foi contratada como assistente administrativo pela Konecta, empresa de atendimento ao cliente e suporte técnico.

Os planos de Samila é de crescimento profissional. Com o salário, ela quer investir em uma faculdade de educação física.

Impacto real e parcerias estratégicas

A relevância do projeto atraiu grandes empresas, como Leroy Merlin, Carrefour, Electrolux, Senai e Jack Daniel’s, que contratam os serviços do Emprega.Co para processos seletivos e capacitações.

Além de ajudar os moradores a montar um currículo e a se cadastrar em vagas de seu interesse, o “LinkedIn da Favela” vai além, oferecendo capacitações voltadas para o desenvolvimento de soft skills e hard skills.

“Hoje, sabemos que muitos profissionais entram no mercado por uma habilidade técnica, mas saem por questões comportamentais. Nosso trabalho é preparar o candidato para os desafios do mercado e ajudá-lo a se manter na vaga após ser contratado”, afirma Santos.

Para esse treinamento acontecer, a parceria com as empresas é muito importante. As empresas que buscam atrair cada vez mais profissionais diversos podem apostar na capacitação profissional, que inclui treinamento de soft skills e hard skills, e no recrutamento, afirma Santos.

“Quando a empresa não tem público por estar em áreas nobres, trazemos o programa de formação para a favela. Depois do treinamento, ela pode absorver parte da mão de obra ou indicar para seus clientes”, diz Santos.

Ações para apoiar a diversidade

Para conectar os moradores da comunidade com o mercado de trabalho, o Emprega.Co também amplia sua atuação com iniciativas que promovem inclusão e capacitação.

Para isso, Santos destaca duas campanhas: O Padrinho do Aprendiz e o Kit do Candidato.

“Estamos montando nossa sala de tecnologia para iniciar os trabalhos em janeiro. Queremos capacitar pessoas para atuar na área de tecnologia, e qualquer pessoa ou empresa pode participar de várias formas: doando computadores, contribuindo em nossa vaquinha online ou até como professora de tecnologia”, afirma Santos.

O Kit do Candidato é outra iniciativa essencial, voltada para candidatos que enfrentam barreiras financeiras para participar de processos seletivos. “Muitas vezes, as pessoas têm interesse em uma vaga, mas não têm dinheiro para o transporte, roupas adequadas ou até mesmo uma caneta”, relata Rejane.

Cada kit inclui:

  • Passagem de ida e volta para o local da entrevista;
  • Uma garrafa de água, uma barrinha de cereal e uma fruta;
  • Uma caneta.

“Essa ajuda simples faz toda a diferença para que essas pessoas tenham acesso às oportunidades”, afirma Santos.

Uma iniciativa em expansão

Atualmente, o Emprega.Co está presente em mais de 360 favelas de 18 estados brasileiros por meio do G10 Favelas, um hub de negócios sociais.

“Visitamos estados como Minas Gerais e Brasília, levando capacitação e recrutamento conforme a necessidade das empresas parceiras”, diz Santos. “Apesar de termos expandido de forma remota devido à pandemia, o objetivo é estabelecer escritórios físicos em outras regiões”.

Com uma equipe de mais de 15 funcionários assalariados, o projeto segue mostrando para os moradores as oportunidades que existem fora das comunidades. “Nosso trabalho é garantir que esses profissionais não apenas conquistem uma vaga, mas que estejam preparados para permanecer e crescer no mercado”, diz Santos.

Acompanhe tudo sobre:DiversidadeMobilidade socialFavelasBusca de empregoConstruindo futuros

Mais de Carreira

Pepsico fecha acordo com funcionários sobre escala 6X1. Entenda a proposta

JBS conseguiu promover mais de 40 mil funcionários este ano. Como? Apostando em treinamentos

7 profissões para quem quer trabalhar com realidade virtual e aumentada

10 frases de Oprah Winfrey para a sua vida