Exame logo 55 anos
Remy Sharp
Acompanhe:
seloCarreira

Como lutar contra o hábito primitivo de procrastinar

A ciência mostra que procrastinar faz parte da natureza humana. Mas há maneiras de lutar contra esse hábito primitivo e terminar o trabalho no prazo

Modo escuro

Leandra Soares, diretora de planejamento da Agência KI: o mau hábito de checar a cada 5 minutos os e-mails tirava a atenção do trabalho (Eduardo Zappia/VOCÊ S/A)

Leandra Soares, diretora de planejamento da Agência KI: o mau hábito de checar a cada 5 minutos os e-mails tirava a atenção do trabalho (Eduardo Zappia/VOCÊ S/A)

A
Anna Carolina Rodrigues

Publicado em 14 de julho de 2014, 18h41.

São Paulo - Um estudo da Universidade do Colorado, em Boulder, nos Estados Unidos, publicado em fevereiro de 2014, mostrou pela primeira vez na história que o hábito de adiar pode ter um componente genético. A notícia trouxe algum conforto para procrastinadores compulsivos, que agora podem dividir com os pais a culpa pelo mau comportamento.

Mas o grande mérito dos pesquisadores foi mostrar que esse terrível inimigo do trabalho foi aprimorado dentro de nosso DNA ao longo de milhões de anos e que não podemos nos livrar dele tão facilmente quanto pensávamos. A pergunta-chave sobre o hábito de atrasar agora mudou: se deixar para depois faz parte da natureza humana, como podemos enfrentar a leseira e concluir nosso serviço no prazo? 

De uma perspectiva da evolução humana, a procrastinação seria um subproduto da impulsividade. Os pesquisadores da Universidade do Colorado identificaram que um mesmo gene define as duas coisas. Para o homem primitivo, fazer planos de longo prazo não era tão importante quanto saciar as necessidades básicas e instantâneas de sobrevivência.

Cuidar do que acontecia no presente era muito mais importante do que pensar no futuro. Desse modo, o homem desenvolveu o instinto de reagir a estímulos imediatos mudando o foco de sua atenção. Dessa natureza surge a chave de cada adiamento: a pessoa perde a concentração na atividade que está fazendo para se preocupar com uma perturbação momentânea. O urgente supera o importante.

A vida moderna é mais bem-adaptada a metas de longo prazo. A maioria das pessoas não precisa mais caçar o alimento diariamente. Mas as tendências impulsivas ainda estão presentes e o mundo é um lugar lotado de pessoas, eventos e aparelhos que drenam a atenção de qualquer profissional.

“O grande problema é quando o adiamento prejudica a carreira, o trabalho ou os relacionamentos”, afirma o consultor Christian Barbosa, especialista em gestão do tempo, de São Paulo. Em casos extremos, a in­capacidade de cumprir compromissos no prazo estabelecido leva a pessoa a perder oportunidades de crescimento e a ser taxada de incompetente ou preguiçosa.

Mas há diferenças entre a preguiça e o adiamento. A primeira é a falta de vontade de fazer uma tarefa. Já a procrastinação é um atraso irracional de uma ação pretendida, na definição do psicólogo Piers Steel, da Universidade de Calgary, no Canadá, autor de estudos sobre o assunto e do livro A Equação de Deixar para Depois (Editora Best Seller, 2012, 35 reais). O procrastinador quer cumprir a tarefa, mas por algum motivo não consegue.

De acordo com Piers, a maioria dos adiadores vive culpada, tensa, estressada, ansiosa e com baixa autoestima por não conseguir se programar direito para fazer as coisas com antecedência, como imagina que os outros colegas de trabalho façam. Após anos de estudo, o pesquisador canadense identificou três grandes elementos que determinam a procrastinação.

“De longe, os principais motivos pelos quais adiamos as coisas são falta de confiança, achar a tarefa chata ou pouco prazerosa e a distração provocada pela impulsividade”, afirma Piers. O último item ajuda a entender por que uma pessoa pode se desviar até de coisas que gosta de fazer.

A ideia de que a maturidade ajuda a combater a procrastinação é apenas parcialmente verdadeira. Um profissional experiente pode ter aprendido a controlar distrações de modo a se manter focado no serviço, mas isso nunca será completamente verdade.

“Todo mundo tem suas armadilhas, e isso vale tanto para o estagiário quanto para o presidente”, diz o headhunter André Caldeira, diretor da Proposito, empresa de seleção de executivos de Curitiba, que entrevistou vários gestores sobre o assunto.

O papel de cada um

Cada pessoa tem um padrão próprio para deixar as coisas para depois. Não há como afirmar categoricamente que alguém está procrastinando, só é possível suspeitar. Há situações em que um procrastinador diz que a inércia é uma escolha racional.

“Uns trabalham menos para passar mais tempo com a família. Mas isso depende dos valores de cada um. O único que pode afirmar com certeza se está adiando ou não é o pro­crastinador”, diz Piers. Agora que já ficou claro que todo mundo adia seus compromissos de alguma maneira, está na hora de controlar os instintos para viver menos tenso.

Últimas Notícias

ver mais
Quais são as tarefas mais tediosas de um escritório que já estão sendo tocadas pelo ChatGPT
seloCarreira

Quais são as tarefas mais tediosas de um escritório que foram para o ChatGPT

Há 23 horas
Estágio na Petrobrás está com salário de R$1.825; veja como se candidatar
seloCarreira

Estágio na Petrobrás está com salário de R$1.825; veja como se candidatar

Há um dia
Estágio, trainee, aprendiz e emprego: Vivo, B3, Volvo e mais empresas com vagas abertas em junho
seloCarreira

Listão: Vivo, B3, Energisa, Volvo e mais empresas com vagas abertas em junho

Há um dia
3 macrotendências que moldarão o futuro do trabalho, segundo o Fórum Econômico Mundial
seloCarreira

3 macrotendências que moldarão o futuro do trabalho, segundo o Fórum Econômico Mundial

Há 2 dias
icon

Branded contents

ver mais

Conteúdos de marca produzidos pelo time de EXAME Solutions

Exame.com

Acompanhe as últimas notícias e atualizações, aqui na Exame.

leia mais