Carreira

Construtoras de estilo

Cada vez mais empresas estão preocupadas com a impressão que seus funcionários passam para o mercado. Entram em cena os consultoras de imagem corporativa

Consultoras de imagem corporativa (Raul Junior com fotomontagem de Otavio Silveira/EXAME.com)

Consultoras de imagem corporativa (Raul Junior com fotomontagem de Otavio Silveira/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

São Paulo - A profissão de consultor de imagem corporativa já existe no mundo desde a década de 40, mas nunca foi muito difundida no Brasil. Agora, com a necessidade de reorganizar os padrões de indumentária de algumas empresas, esse profissional está em alta por aqui também. O principal motivo é a instituição nas empresas brasileiras de um estilo mais informal de se vestir no trabalho.

O excesso de liberdade algumas vezes acaba causando confusão na cabeça das pessoas. “Já tive que atuar em dois casos diferentes. De um lado, gente muito formal, que tive que adaptar o guarda-roupa para a sexta-feira informal, comprando jeans e camiseta. De outro, pessoas extremamente informais, que aproveitaram a sexta-feira para se soltar de vez. E aí houve a necessidade de agir na reeducação”, diz a consultora Ana Pasternak.  

O movimento do Casual Friday, dia em que funcionários podem se vestir de maneira mais informal, surgiu na década de 90 nas companhias do Vale do Silício, nos Estados Unidos. Aqui, essa prática foi adotada há menos de uma década.  “Essa forma de se vestir cria um ambiente mais descontraído, estimula a interação entre os funcionários e contribui para quebrar visualmente a hierarquia”, diz a consultora de imagem Ilana Berenholc, membro da Association of Image Consultants International.

“Empresas como a consultoria Fesa e a gigante de tecnologia IBM adotaram o Casual Friday, enquanto há exemplos como o da cervejaria AmBev e da Kraft, do setor de alimentos, que instituíram a informalidade todos os dias”, afirma Ana. Essa mudança no jeito de se vestir é o principal motivo para a valorização do passe das consultoras de imagem.

“Ninguém explicou quais seriam as condutas quando foi instituído o Casual Friday. Por isso, os funcionários ficaram perdidos. Agora, as empresas têm contratado pessoas para ensinar os funcionários como devem se vestir”, diz Ilana Berenholc.  

O consultor de imagem corporativa é o responsável por ajudar as companhias a solucionar questões relativas à identidade visual e ao comportamento de seu pessoal, com a finalidade de transmitir profissionalismo. “O consultor é capaz de identificar deficiências na comunicação da imagem da companhia e adequar o visual dos colaboradores a sua cultura, seus valores e seu público”, explica a consultora de imagem corporativa Gabriela Faula, recém-formada, de 22 anos. 

A contratação normalmente é feita pelo departamento de marketing ou pelo RH. Quando o marketing contrata, o objetivo do trabalho é o alinhamento da equipe à imagem da empresa, seja num lançamento de novos produtos, seja em reposicionamento da marca no mercado. Nesse caso, o trabalho também pode envolver palestras motivacionais. E, quando é o RH que contrata, o objetivo é adequar os funcionários aos padrões da corporação.


Isso é comum no momento da definição de uma normativa interna para embasar o que está sendo colocado como regra. “Também acontece quando um funcionário precisa alinhar sua imagem pessoal ao segmento sem perder a identidade e quando funcionários possuem habilidades necessárias para uma promoção, porém, a imagem pode atrapalhar”, diz Ana.

A clientela também é formada por executivos que precisam de ajuda para mudar de cargo ou ambiente de trabalho. Regra geral, eles procuram esse tipo de assessoria para saber como arrumar as malas para viagem de negócio e compor o modelo para uma reunião de trabalho. “Outro tipo de contratação é quando as empresas presenteiam seus funcionários com palestras em tom divertido. É uma educação mais velada, não é cobrada do funcionário”, diz Ilana. 

Ana Pasternak, que já atendeu companhias como IBM, Vale e a rede de hotéis Mercure, diz que a remuneração começa a partir de 300 reais por um atendimento a um executivo e de 1 800 reais para a consultoria numa empresa. “Cobramos por hora de trabalho ou por pacote de serviços. Os valores variam de acordo com o serviço desenvolvido e com a experiência do consultor”, diz Roberta Tomazini, de 36 anos, profissional recém-formada num curso de consultoria corporativa.

Quem tem nome no mercado chega a ganhar a partir de 7 000 reais por trabalho. “Para workshops, cobra-se, em média, 2 500 reais. Para uma consultoria completa em empresas de médio porte, cobra-se 12 000 reais e, em grandes, 20 000 reais. É importante ressaltar que a remuneração é bastante relativa”, conta a jovem consultora Gabriela.  

Para entrar na área, não basta apenas gostar de moda, é necessário ter vivência no mundo corporativo. “Quem não teve contato com esse mercado não vai ter o olhar preciso para este tipo de trabalho. Você não vai à empresa falar de moda, mas, sim, de cultura corporativa. Vai entender o ramo do negócio e a mensagem que deve ser passada por meio das roupas dos funcionários”, diz Ilana.

Há profissionais de recursos humanos que se especializam na área e voltam para o mercado para tratar especificamente da imagem da companhia. A rotina de um consultor inclui trabalho de relacionamento direto com os clientes, reuniões e palestras.

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